Do que leio, assisto, sinto e deduzo. Nunca será uma verdade absoluta, apenas uma opinião, quem sabe equivocada, do meu olhar diante do mundo.
sexta-feira, 6 de março de 2015
quarta-feira, 4 de março de 2015
Diário cinematográfico Cinquenta Tons de Polêmicas
A pedidos, vou resumir minha "opinião" sobre o filme "Cinquenta Tons de Cinza". Comecei a ler os primeiro capítulos e confesso que é excitável. Pronto, deixo então duas palavras que definem o livro, "excitável" e "comercial". Fora isso, não quero julgar a autora e nem a trilogia. Não tenho o direito de fazer isso. Mas, quero e devo citar algumas preocupações pertinentes, pois o que ouvi de suspiro após o filme é preocupante.
O filme é apenas o começo e como não li nem 10% não sei se vai apresentar o sadismo na sua realidade. Até então, o que é apresentado é um jogo erótico entre adultos consentidos por ambos até que no final ela percebe o que ele deseja. Vê-la sentir dor. O perigo está aí. O sadismo não sendo consensual é ato pervertido e muitos que leram a trilogia nem sabe da origem do termo "sadismo". Acredite, o sadismo não é saudável e muito menos masoquismo (não me refiro ao jogo erótico citado anteriormente). Sadismo inclusive pode estar presente em estupradores.
O termo foi utilizado pela psiquiatria (um pouco de preguiça de fazer um vasto relato histórico) com base na literatura polêmica até hoje de Donatien Alphonse-François, o Marquês de Sade. Diga-se de passagem seus livros foram escritos na prisão. Por conter bastante obscenidade, pedofilia, violência, perversão sexual, muitos o remetem apenas ao sadismo sexual. Engano total. Para Sade, o homem antes de ser um cidadão era um homem da natureza. Todo homem possue essa natureza e com seus escritos ele queria tirar o véu da moralidade que a civilidade lhe impõe e revelá-lo em sua verdadeira natureza.
Sabe aquela notícia que aquela pessoa que, por mais que você goste sente uma certa satisfação em saber que ela foi demitida? Sabe aquele povo que pára e forma fila de carro só pra ver cadáver no chão? Acha que é só curiosidade? E o bandido que morreu e você diz "acha é pouco". Já pensou no sentimento que você tem quando sabe que alguém está melhor que você? Já matou passarinho? Acha que falar mal da vida do outro é apenas fofoca? Estou resumindo Sade, pois ele relacionou muito das perversões às imposições da sociedade ao cidadão. Como disse anteriormente, a psiquiatria que pegou emprestado o termo.
Estudando os comportamentos, estudiosos perceberam que, em pessoas com esse perfil sexual, também havia o conflito com a lei. Buscaram e buscam até hoje as conciliações dos transtornos mentais das ditas "parafilias" (DSM-IV) ou perversão sexuais (ICD-10) que podem ser patológicas, doentias e viciantes, por sua repetição. Vai depender muito do nível de excitação sexual na dor física ou psicológica do parceiro. Claro, para toda prática do sadismo, se faz necessário a presença do masoquista, que pode ser um tipo de codependente. A maioria dos "pervertidos" tiveram problemas na infância (o próprio Christian Gray no filme relata marcas tidas no tórax como queimaduras de cigarro e ser filho de uma mãe viciada que não lembra o rosto).
A literatura sobre o tema é vasto e infelizmente quem leu, assistiu e suspirou vai achar bem enfeitado o tema. Aí que entra o papel da família (sim, a maioria das leitoras foram adolescentes), da escola e da mídia em informar melhor. O sadismo, muito além de impor dor ao outro, pode ser algo contra si mesmo (exemplo de negação na infância e a vingança na mulher ou homem quando adulto). No caso do masoquismo, uma estratégia de fuga, de "deixar estar" e de desistência. Se não for tudo isso, for apenas o jogo erótico sexual CONSENTIDO por ambos, o que se faz em Vegas, fica em Vegas.
Assim termino minha singela contribuição, chamando o enredo de excitável e comercial e o filme de A lagoa azul da Sessão da Tarde. Eu gostei muito da música (meu lado adolescente) tema: Love Me Like You Do. Agora, esse vídeo desse rapaz que deixo aqui embaixo, eu já ri demais. Contêm palavras obscenas e spoiler. Fica o aviso.
Diário cinematográfico "Sniper Americano"
O Sniper Americano bateu recorde de bilheteria nos EUA. Sob direção do também ator Clint Eastwood demonstra a biografia de Chris Kyle, um ex-franco atirador da Marinha. Baseada na obra literária escrita por Kyle, o filme no meu ponto de vista não é uma produção com a finalidade apenas de homenagear e engradecer os soldados norte-americanos. Seria talvez um "os fins justificam os meios" para o Destino Manifesto dos EUA. Kyle, que foi assassinado por um veterano de guerra, Eddie Ray Routh, teve participação na Guerra do Iraque e contabilizou mais ou menos 160 mortes. Seu assassino foi recentemente condenado à prisão perpétua nos EUA e por mais que fosse alegado traumas pós-guerra, o júri popular levou a diante sua condenação.
Pois então, eu gostei do filme. Apenas como filme. Atores lindos, fardas limpas e sempre engomadas, mesmo no vucuvuco e etc. Do contexto psicológico você fica apaixonada pelo patriotismo de Kyle em abrir mão da família para salvar sua nação. Será que sua esposa não entende isso minha gente? Até as discussões do casal são serenas, diferente do casal do filme brasileiro Tropa de Elite I, que a mulher tacá-lhe um tapa na cara no meio da discussão. Kyle, ao meu ver, mesmo no filme demonstra algo suspeito no treinamento ("como você se sente Sr. Kyle?" "eu me sinto perigoso" e quando acerta uma serpente "talvez eu seja melhor em atirar alvos que se locomovam").
Começa então a ação com sua convocação após os atentados que abalaram os EUA no dia 11 de setembro de 2001, ao meu ver, aí que começa o jogo dos sete erros de Eastwood. Não que ele fosse obrigado a citar nada disso no seu filme, mas a ausência de contexto histórico foi pecado capital. Para quem não se interessa por História, fica como verdade o que está na tela. Vale a pena citar RESUMIDAMENTE as buscas de George Bush por Osama Bin Laden (treinado por quem mesmo?) no Afeganistão, depois as buscas por Saddam Hussein com a denúncia de estoques de armas químicas e biológicas de destruição em massa e com a coalizão militar com outros países contra os iraquianos, deu início a um intenso bombardeio no local. E a tal das armas? Basta pesquisar no Google as atrocidades cometidas pelos soldados norte-americanos contra civis, sem contar mulheres. De tão nojento, decidi não reproduzir aqui. É repugnante. Não são todos, mas vá lá. Não me engane apenas com um filme. No fim de 2011, Barack Obama cumpriu a promessa e deixou livre o Iraque da ocupação e cheio de problemas.
Não estou defendo os terroristas que são citados na obra de Chris Kyle como "o mal feroz e desprezível" e que no filme são chamados de "selvagens". Não é isso. Ressalto que o filme demonstra até a morte de Abu Musab al-Zarqawi, conhecido como açougueiro, guerrilheiro e líder terrorista. A capacidade de violência desses terroristas é inenarrável e indescritível. O aumento de adeptos ao terrorismo é alarmante e para explicar a gênese, motivos e grupos seria necessário mais de uma postagem. Aqui a questão não é o terrorismo ou a "lenda", mas a intenção do filme. Acredito piamente que foi um bom pai, marido e soldado. Teve seu lado perverso (humano talvez) pois é dele a frase: "talvez a guerra não seja diversão, mas eu gostei". A postagem toda é apenas para a análise mais pincelada do filme e não apenas geral.
15/2015 Diário Literário
15/2015 - O Papa Emérito Bento XVI em 2009 assinou o decreto confirmando as "virtudes heroicas", proclamando "vulnerável" o Papa Pio XII. Diga-se de passagem, etapa prévia à beatificação, fato que levou protesto das comunidades judias. Já o atual Papa Francisco cogitou abrir os documentos do Vaticano e permitir o acesso, assim como cogita também dar continuidade a beatificação de Pacelli. Unindo a essas notícias, temos as críticas católicas e judias ao filme do Papa em questão, Shades of Truth (Sombras da Verdade) que foi avaliado como ingênuo e sem credibilidade. Vale acrescentar que, o pedido das comunidades judias é o retardamento de pelo menos uma geração para à beatificação do Papa Pio XII em respeito aos sobreviventes e claro, a disponibilidades dos documentos do Vaticano à sociedade acadêmica. Eis o resumo do homem tratado na obra O Papa de Hitler - a história secreta de Pio XII de Jonh Cornwell.
Antes de tudo, quero registrar que Olavo de Carvalho escreveu uma nota sobre o livro, onde diz ter escrito um artigo no jornal O Globo contra o Papa XII baseado apenas na obra de Cornwell. Achei inocente da parte de Olavo, pois por mais que a obra nos incite a um posicionamento contra o vigário, o sentido fica dúbio no final. Por isso, para não repetir o mesmo erro, reproduzo aqui o que li do autor e do mais, a História que fale por si. Sem contar que é um tema que precisa ainda do acesso de vários documentos para poder de fato explicar o silêncio do Papa durante a Segunda Guerra Mundial.
A dificuldade sobre o tema a princípio é o fato dos arquivos do Vaticano estarem sob sigilo a mais de 70 anos. Eugênio Pacelli era alguém reservado e solitário, sem diários antes de se manter Papa. Escreveu poucas cartas íntimas e nenhuma está acessível. O livro teve como base uma coleção de onze volumes com documentos publicados por determinação de Paulo VI. O autor levanta dúvidas sobre a integridade dessa coleção. Também teve como base:
vasta documentação do longo processo que levou à assinatura da Concordata do Reich, entre o Terceiro Reich e a Santa Sé, em julho de 1933; arquivos sobre a relação do Vaticano, das Igrejas e do regime nazista que estão disponíveis nos arquivos governamentais em Paris, Londres e Alemanha; documentos para à beatificação de Pio XII, sob a guarda da Companhia de Jesus e algumas obras baseadas em suposições, conspirações ou depoimentos de sobreviventes.
Das obras citadas no parágrafo anterior (que são várias) registro apenas algumas com ênfase na última, o que deixa claro como funciona as relações diplomáticas entre a Santa Sé e Israel. O autor Guenter Levy avaliou que o protesto poderia agravar a situação para os judeus e para os católicos, mas também afirmou que todo silêncio tem seus limites. O jornalista e ex-padre Carlos Falconi, publicou "O silêncio de Pio XII" em 1965, diga-se de passagem um material incriminador e polêmico. Já Robert Katz em "Black Sabbath" afirmou que Pacelli conspirou com o sistema nazista e que para proteger a Igreja institucionalizada, estava disposto a sacrificar as vidas dos judeus. Na época ele foi processado pela irmã e sobrinho do religioso, pois na Itália é possível abrir um processo no lugar de um morto. Não obtiveram sucesso. Logo após, Pinchas E. Lapide lançou um tipo de absolvição, afirmando que Pio XII fez mais que a Cruz Vermelha, salvando mais de 860 mil judeus. Vale lembrar que na época ele era cônsul israelense em Milão. Segundo o autor, Lapide queria aplaudir o "Esquema Judeu" no Segundo Concílio do Vaticano, "que tem todo o impacto de um reconhecimento católico oficial do povo judeu, seus direitos iguais e os laços católicos que ligam o cristianismo ao credo mais antigo". Porém, Lapide entra em algumas contradições que não é a intenção dessa resenha registrar. Comecei pelo assunto das bocas que falam atualmente e antes sobre Pacelli.
Faço um resumo baseado no meu histórico de leitura na estante Skoob em tópico:
- Sobre a obra, começa com a história da família Pacelli. Sobre os parentes que antecederam Eugenio Pacelli, o papa Pio XII. A relação com o Vaticano começou com Marcontonio Pacelli, funcionário de Pio Nono (papa em 1846). O autor tenta utilizar o anti-semitismo já existente na formação clerical de Pacelli. Como se ele fosse influenciado pelo histórico de perseguição dos judeus existente desde os romanos para sua ação mais à frente. Com o Papa X, Eugenio Pacelli foi burocrata do Vaticano de 1913-1917, depois núncio papal na Alemanha de 1917-1922 e teve um importante papel na reformulação do Direito Canônico;
- Meados da Primeira Guerra Mundial, a modelação do futuro papa Pacelli nas questões diplomáticas que envolvem judeus;
- A Concordata Sérvia atiçou os ânimos antes e depois do assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando. Esse alheamento de Pacelli já demonstra sua política externa padrão que será durante o Holocausto;
- Pacelli como diplomata na Alemanha pós-guerra e as concordatas (Bávara e Prussiana). Em 1930, torna-se cardeal secretário de Estado;
- A questão do catolicismo político e o catolicismo religioso. O primeiro era pedra de tropeço para Hitler, que começou a ser resolvido com o Tratado de Latrão em 1929, resolvendo antagonismo entre a Sé e a Itália desde 1870. Com o Tratado, os católicos italianos haviam sido instruídos pelo Vaticano a se retirar da política como católicos, o que deixou um vazio político no qual os fascistas se expandiram. O Tratado foi elogiado por Hitler e tudo que Pacelli queria no momento era conseguir assinar a Concordata do Reich. Pacelli tinha preocupações com a Alemanha e era contra o racismo expresso do nacional-socialismo, no entanto, seus medos eram maiores quando o assunto era o Triângulo Vermelho (Rússia soviética, o México e, em 1933 a Espanha). No México a questão eram as sucessivas revoluções indígenas, ao estilo comunista, que tinha pouca ou nenhuma relação, mesmo depois de 1917 com o marxismo. O presidente Plutarco Elías foi mandante de assassinatos de religiosos e a igreja tornou-se clandestina;
- A crise de 1929, o crescente sucesso do partido nazista na Alemanha, desemprego e diante da ameaça comunista, o Vaticano procurava uma cooperação entre a Igreja e a Alemanha, talvez temporária para propósitos específicos;
- Pacelli sempre quis uma concordata com a Alemanha, por várias questões históricas. O ensino doutrinário católico nas escolas e as escolhas dos sacerdotes fortaleceria a Igreja no local onde começou a Reforma Protestante. Já para Hitler, essa concordata deveria ser a nível do Tratado de Latrão, separar o catolicismo religioso do catolicismo político. Na Alemanha, o partido católico era o partido de centro, e esse não aceitava a Lei de Exceção, que garantia a Hitler poderes ditatoriais. Claro, em 1933 estamos falando da maioria de 23 milhões de católicos e uma força democrática. Após ser nomeado chanceler, Hitler já dava início com os camisas marrons às atrocidades aos judeus, e para os católicos nesse início "os judeus poderiam ajudar a si mesmo". A concordata foi escrita sem a participação do clero alemão, nem do Partido do Centro Católico ou a laicidade alemã e, até à sua assinatura o partido veio a ser dissolvido. Conseguindo com a Concordata o autoritarismo da Igreja-Estado o que Pacelli festejava era apenas o artigo 21, o que na verdade tornou cúmplice Igreja da Lei contra Superlotação em escolas e universidades (contra judeus). Enquanto isso, Hitler festejava o artigo 31, onde a Igreja proibia toda e qualquer manifestação política e de resistência contra às atitudes nazistas. Pio XI assinou sem conhecer a situação de perto, porém ciente que Hitler já dava manifestações de violência contra associações católicas na Alemanha. Seria apenas o início e Pacelli teria tido "como pudera assinar uma concordata com gente assim". Diante de toda criação de histeria anticomunista, não foi difícil para Hitler conseguir o que tanto queria." NotA concordata na prática e o protesto de Pacelli apenas para proteger os católicos da Alemanha que já sofriam violências. Viagem de Pacelli na América do Sul;
- O desfazer do Partido Católico na Alemanha foi algo desastroso. Pacelli percebeu isso tarde demais. Ainda assim, houve manifestações em massa contra a retirada dos crucifixos em 1936, e ao programa de eutanásia dos que tinha insanidade e doenças congênitas, em 1941 com certo êxito. A ordem foi revogada e o programa de eutanásia foi restringido e clandestino. Porém não houve nenhuma manifestação contra às atrocidades contra os judeus em massa. Contra os católicos, Hitler queria fazer o mesmo que Bismarck, mas mantinha o direito de assistir missa. Mas, nada se compara aos atos contra os judeus;
- A morte de Pio XI; a "coroação" de Pacelli em 12 de marco de 1939 e a invasão da Polônia pela Alemanha;
- Diante de todas as atrocidades, a preocupação maior de Pacelli em negociar que o Vaticano não fosse bombardeado;
- A "evangelização" na Croácia e todo extermínio dos católicos ortodoxos com conhecimento do Vaticano é de arrepiar a epiderme (claro, sem anacronismos). Sem contar os pedidos de socorro das autoridades judaicas no Oriente para a intervenção do Vaticano, sem resposta;
- A evangelização proibida nos territórios conquistados por Hitler. A perspectiva de acabar com a antiga divisão entre catolicismo romano e ortodoxo oriental. O crédito a Pacelli pelo uso de prédios religiosos extraterritoriais do Vaticano como refúgio para os judeus durante a ocupação de Roma pelos alemães e o uso dos mesmos para esconder nazistas criminosos e do Ustashe;
- A santidade de Pio XII. Seu comportamento eclesiástico;
-A Solução Final e o silêncio de Pacelli e sua pouca contribuição no discurso de natal, onde não cita nada contra à atitude nazista contra os judeus;
- Os Aliados invadem a Sicília em julho de 1943; a prisão de Mussolini; as prisões dos judeus de Roma pelos alemães;
- A prisão dos judeus romanos sob o nariz do Vaticano. O resgate de ouro que não obteve sucesso. O anti-semitismo de Pacelli sempre explicado com o medo comunista. A subestimação do próprio Pacelli em levantar um clamor que despertasse a explosão de católicos na Alemanha e em Roma, o que poderia ter feito Hitler pensar duas vezes sobre a Solução Final. E, o silêncio do religioso em rezar pelas almas dos judeus ou expressar pedido de desculpa por seu silêncio homicida;
- A libertação de Roma em 1944. Pacelli foi saudado como defensor, mas os comunistas também receberam créditos;
- Sobre os judeus húngaros, o núncio papal, Angelo Rotta dispensou notas ao governo condenando o tratamento dispensando aos judeus. Foi o primeiro protesto oficial contra a deportação dos judeus apresentado por um representante do papa. As caçadas e deportações continuaram, mas muitos milhares de judeus húngaros restantes em Budapeste foram salvos pela disponibilidade de esconderijos em lares católicos. O sucesso de uma ação tardia e que não foi movida pelo Papa;
- A energia de Pacelli para evitar que o comunismo italiano fosse vencedor nas eleições democráticas. Não conseguindo o modelo da Espanha para Itália, concedeu relutante sua benção à democracia. Na eleição de 1948 a ação papal é totalmente política. Prega-se que quem votar em comunista ou se confessar, será excomungado. As forças dos EUA também se fizeram presente contra o comunismo na Itália. Os democratas cristãos vencem, mas Pacelli continua com a ajuda financeira ao Plano Marshall . Não se pode ser católico e comunista ao mesmo tempo, era essa a ideia;
- A situação dos católicos na Europa Oriental. Pacelli em nenhum momento cogitou a possibilidade de negociar com os comunistas, pois para tais, os católicos estimulavam a ociosidade, as atitudes burguesas e a injustiça. Já para a Igreja, os marxistas pregavam o ateísmo, a ditadura do proletariado, a abolição da propriedade privada e a guerra de classes. Os católicos também eram acusados de terem ficado do lados dos nazistas durante a guerra. Josef Mindszenty, feito bispo da Hungria, condenou os nazistas que o colocaram na prisão e criticou a invasão russa e seus ataques à igreja. Esse ataque dúbio foi apoiado por Pacelli. O bispo foi preso em 1948, torturado e acabou confessando sobre forte efeito de drogas. Depois de definhar na prisão, foi solto em 1956;
- Sua morte e os Papas após ele (até João Paulo II). Uma questão divisória dentro do Vaticano entre tradicionalismo e a inserção da Igreja no mundo secular.
O livro tem muita informação, acho muito válida a leitura, mas também acho válido analisar o posicionamento do atual papa Francisco que muito tem acrescentado às relações internacionais e pedidos de paz. Mas, sempre me pergunto "Por que não foi encontrar o Dalai? Qual Guerra Mundial estamos tendo agora? Só por quê a China assim não o quis? Assim como Pacelli queria a "evangelização" da Igreja Oriental , o atual Papa tem busca se aproximar do Partido Comunista Chinês com o mesmo propósito. Como sempre digo, a História é cíclica e explica o presente.
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015
Diário Literário Fevereiro/2015 (Treinando o "espanhol")
(Más una vez tentando praticar ese mi español de mierda!)
14/2015 - Soy loca por Isabel Allende! Con razón. La ciudad de las bestias en una novela que conta sobre la vida de Alexander Cold, un chico de 15 años. Su mamá está con câncer (Lisa) y entonces su papá tiene que mandar sus hermanas (Nicole y Andrea) para su suegra, Carla. Ya Alexander tendrá que ir para la casa de sua abuela paterna, Kate Cold. Una excêntrica abuela, que había hecho durante años varias bromas pesadas con sus nietos. También atemorizaba los chicos con cuentos terroríficos y es una mujer protagonista de increíbles aventuras. El chico salga del pueblito de la costa californiana para econtrarse con Kate en Nueva York. Kate tiene como misión participar de una expedición al corazón de la selva amazónica, en busca de una criatura giganteca, que había sido vista en varias ocasiones.
La expedición, del la Revista International Geographic, iba al mando de un famoso antropólogo, el profesor Ludovic Leblanc, quien había pasado años investigando o abominable hombre de las nieves, sin encontrarlo. Tambíen había estado con cierta tribu de indios del Amazonas y sostenía que era los más salvajes del planeta. Serviría de guía un brasileño, César Santos. Iba tambíen, Timothy Bruce, un fotógrafo inglés y Joel Gonzáles, su ayudante mexicano. Juntos iban algunos soldados, una doctora venezolana, Omayra Torres, quien llevaba el propósito de vacunar indios, Alexander Cold y en oculta al principio, Nadia (hija de César).
En esa novela tambíen vamos conocer el capitán Ariosto, jefe del cuartel, el chamán Walimai, Mauro Carías, el empresario más ricos de los alrederores de Santa María de la Lluvia, una aldea en pleno territorio indígena. Isabel Allende de forma atractiva nos apresenta el río Negro y la travesia de la experdición, la vegetación voluptuosa de la selva amazónica, la gente de la neblina, la aldea invisible, el rito de iniciación del indigenas, las bestias (Allende escribe la literatura fantástica sin dejar nadie que desear), los huevos de cristal, el agua de la salud y mucho más.
Se Mauro Carías tiene un plan para exterminar los indigenas evitando que el Congreso mande una comisión para investigar los hechos en territorio que hay esmeraldas y diamantes, el lector descubrirá que los hombres peligrosos no son indios. Más sino traficantes de armas, drogas, soldados, caucheros y madereros que infectan y explotan a región que devería tener más cuidado governamental. Una deliciosa aventura. Indico.
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015
Para uma raposa paulistana e pedagoga
13/2015 (abandonado em 2012 e finalizado em 2015) - Ofertado aos professores da escola onde eu ministrava aulas de História, no início do ano letivo de 2012, na primeira coordenação escolar. O autor parte da premissa que sua obra é endereçada a professores que tenham domínio completo do conteúdo a ser ensinado. Talvez, apenas isso seja o divisor de águas entre os professores do sistema escolar brasileiro e das escolas que ele utilizou como "campo de pesquisas", as escolas norte-americanas charter. Escolas que existem nos Estados Unidos desde o início dos anos 90, algumas para alunos na linha de extrema pobreza ou hispânicos. Também podemos citar que são escolas que recebem financiamento público e são gerenciadas por instituições do setor privado, geralmente sem fins lucrativos. Possuem mais autonomia que as escolas públicas regulares.
No livro, houve a participação de três profissionais brasileiros na adaptação de trechos inteiros da obra. Como disse Paulo Freire, ninguém ensina ninguém, a aprendizagem é um processo, mas Lemov enfatiza que somos nós, professores que temos e controlamos a técnica. Professores eficientes não procura apenas saber quem errou, mas por quê. Sabemos que toda burocracia que há no sistema educacional, pode forçar pessoas a obedecer regras, mas não força-las a fazer melhor.
O autor, após a introdução, começa a detalhar as 49 técnicas. Algumas são muito parecidas, mas ele sempre aponta para isso e explica a sutil diferença entre elas. Ele não aborda apenas técnicas de aprendizado, mas como lidar com disciplina, sanções e alunos que podem ser considerados problemáticos pela não compreensão do conteúdo. Sabemos que há uma lacuna considerável nas faculdades brasileiras em Licenciaturas, a ausência de lidar com as chamadas situações com alunos problemáticos ou com transtornos de aprendizados. A maioria dos formandos vão lidar com isso na prática e infelizmente, pode ser traumático, para aluno e professor. O autor em uma das suas técnicas, trata sobre emoções, o que eu achei muito interessante a abordagem.
O livro, é dividido em duas partes, uma das técnicas e finaliza com a parte dois, sobre como ajudar o aluno a tirar o máximo da leitura. Infelizmente, muitos professores acreditam que isso seja apenas função do professor de Português. Engano colossal. Até mesmo eu, professora de História posso auxiliar o aluno na leitura e na compreensão do texto com o assunto de Lemov. Agora, vou presentear o meu livro para uma amiga paulistana que está cursando Pedagogia. Todo rabiscado, sublinhado e anotado. Não quero comprar um pra ela, quero que ela leia minhas anotações como professora, pois como futura professora ou coordenadora de professores, vai ver se minhas anotações fazem ou não sentido. Sempre sublinhamos o que mais tem de cotidiano conosco em uma situação, no caso, sala de aula. Indico.
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015
Diário literário Fevereiro/2015
11/2015 - Esse livro é muito bom, mas vale ressaltar que o autor não é teólogo e nem arqueólogo. Não que isso diminua o trabalho do autor, afinal ele se baseia em pesquisas arqueológicas e históricas. Logo, vale a pena levar a sério. Tudo bem que em alguns momentos ele dá uma opinião pessoal (digo, sobre Flávio Josefo) e deixa uma sugestão da sua inclinação religiosa. Não tem como descrever tudo que ele informa em sua obra, mas vale registrar que vai desde as descobertas da população da Crescente Fértil, o que leva à comparações com escritos do Antigo Testamento até as comunidades não mais existentes visitadas por Paulo. Eu particularmente, gostei muito da parte que ele trata de Herodes e do estudo sobre a tal estrela que guiou os magos. Esse é daqueles livros que vale a pena guardar (costumo trocar meus livros, vender ou presentear) para elaborar provas de História. Indico. Muito bom.
12/2015 - O livro dos abraços de Eduardo Galeano é um apanhado de vários momentos ou de momentos de outras pessoas que de certa forma estiveram com ele. Estou lendo sua obra mais conhecida no momento "As veias abertas da América Latina", tudo bem que ele recentemente disse que não leria e não aconselharia a ninguém a lê-la. Enfim.
Interessante como ele aborda as ditaduras na Argentina, Uruguai e cita até um episódio com Darcy Ribeiro. Achei bem diferente. Para quem não o conhece, ou não se interessa por História, realmente será uma leitura complexa e sem sentido. Achei uma forma inteligente, sem compromisso com a linearidade, de fazer a própria biografia. Como ele começa "Recordar: do latim re-cordis, voltar a passar pelo coração". Deixo então algumas partes e a indicação da leitura para quem curte o autor e também História.
"... e demoram muito para descobrir que o socialismo é o caminho mais longo para chegar do capitalismo ao capitalismo."
"Quando é verdadeira, quando nasce da necessidade de dizer, a voz humana não encontra quem a detenha. Se lhe negam a boca, ela fala pelas mãos, ou pelos olhos, ou pelos poros, ou por onde for. Porque todos, todos, temos algo a dizer aos outros, alguma coisa, alguma palavra que merece ser celebrada ou perdoada pelos demais."
Paradoxos
Se a contradição for o pulmão da história, o paradoxo deverá ser, penso eu, o espelho que a história usa para debochar de nós.Nem o próprio filho de Deus salvou-se do paradoxo. Ele escolheu, para nascer, um deserto subtropical onde jamais nevou, mas neve se converteu num símbolo universal do Natal desde que a Europa decidiu europeizar Jesus. E par mais inri, o nascimento de Jesus é, hoje em dia, o negócio que mais dinheiro dá aos mercadores que Jesus tinha expulsado do templo.Napoleão Boanaparte, o mais francês dos franceses, não era francês. Não era russo Josef Stálin, o mais russo dos russos; e o mais alemão dos alemães, Adolf Hitler, tinha nascido na Áustria. Marguerita Sarfatti, a mulher mais amada pelo anti-semita Mussolini, era judia. José Carlos Mariátegui, o mais marxista dos marxistas latino-americanos, acreditava fervorosamente em Deus. O Che Guevara tinha sido declarado completamente incapaz para a vida militar pelo exército argentino. Das mãos de um escultor chamado Alejadinho, que era o mais feio dos brasileiros, nasceram as mais altas formosuras do Brasil. Os negros norte-americanos, os mais oprimidos, criaram o jazz que é a mais livre das músicas. No fundo de um cárcere foi concebido Dom Quixote, o mais andante dos cavaleiros. E cúmulo dos paradoxos, Dom Quixote nunca disse sua frase mais célebre. Nunca disse: Ladram, Sancho, sinal que cavalgamos.“Acho que você está meio nervosa”, diz o histérico. “Te odeio”, diz a apaixonada. “Não haverá desvalorização”, diz, na véspera da desvalorização, o ministro da Economia. “Os militares respeitam a constituição”, diz, na véspera do golpe de Estado, o ministro dadefesa.Em sua guerra contra a revolução sandinista, o governo dos Estados Unidos coincidia, paradoxalmente, com o Partido Comunista da Nicarágua.E paradoxais foram, enfim, as barricadas sandinistas durante a ditadura de Somoza: as barricadas, que fechavam as ruas, abriam o caminho.
O sistema (1)O dinheiro é mais livre que as pessoas, as pessoas estão a serviço das coisas.
A Bridget que há em nós
O volume que faltava voltou. Esses eu não troco na estante virtual Skoob, não presenteio e nem me desfaço. Pra quê tantos artigos científicos de psicologia?! Se uma autora em uma única personagem consegue fazer você rir de si mesma e compreender que o achamos ser o de pior em nós, pode ser tema de boas risadas em forma de leitura. Bridget é o tipo de mulher protegida pelo acaso. Indico a leitura dos três livros.
terça-feira, 10 de fevereiro de 2015
Três Amores - Resenhando
Hoje, logo cedo tive a incumbência de auxiliar a filha da minha colega de trabalho Flávia na interpretação e compreensão dos Escritos Juvenis - Três Amores. Eu, que sou meio que contra a modificação de clássicos em HQ (histórias em quadrinhos) e readaptações, confesso que fiquei APAIXONADA. A autora desconhecida por mim, Marcia Kupstas, adaptou os dois primeiros clássicos e de certa forma o terceiro de sua autoria é o resultado de ambos. A leitura dela é voltada para os jovens e achei tudo muito válido. Marcia escreve que sempre foi apaixonada pelo livro "O morro dos ventos uivantes" e que também escolheu "Romeu e Julieta" por ser impossível falar de amor e juventude sem citá-lo. Ambos foram reescritos por ela e eu achei, repito, super VÁLIDOOO!
Bom, de forma breve vou resumir os três primeiros livros, pois no livros "Três amores" é bem resumido também. Romeu e Julieta é um clássico inglês de Shakespeare, na verdade uma readaptação do autor, pois existem várias readaptações do mesmo. Trata sobre a discórdia das famílias Capuletos e Montecchios. Julieta faz parte da primeira e se apaixona por Romeu que participa de uma festa da família rival sem o conhecimento do clã. Romeu acaba matando um primo de Julieta, é expulso pelo Príncipe, os adolescentes se casam (na época se casava bem jovem) escondido, mas o pai da moça arranja um casamento para ela com Páris contra a sua vontade. Com a ajuda do padre ela toma um falso veneno, porém não conseguem avisar a Romeu. Ele se envenena e quando desperta Julieta, faz o mesmo.
O morro dos ventos uivantes é uma história de amor não correspondido e vingança. O sr. Earnshaw, dono da fazenda do morro dos Ventos Uivantes adota o órfão de rua, Heathcliff e pede para que seja tratado como da família. Só que ele já tem dois filhos, Hindley e Catherine. O mais velho, simplesmente odeia o adotado e Catherine da mesma idade cria por ele amizade e um amor que cresce com o tempo. Com a morte do pai deles, Hindley passa a tratar Heathcliff como trabalhador braçal e não permite que ele estude e seja adaptável à sociedade. Catherine não casa com ele, como explico mais pra frente, e se casa com Edgar Linton, parte de uma família abastada. Heathcliff, após a rejeição vai embora e reaparece com condições, e com muita sede de vingança. Ele simplesmente tem uma obsessão e Catherine não fica muito atrás. Não vou dar spoiler, mas é o limbo entre amor e ódio.
Em "O amor em dez minutos". Thomaz é um jovem que ainda não chegou aos 21 anos. Logo depende juridicamente dos pais e os mesmos sempre deram certo jeito para suas irresponsabilidades desde os treze anos de idade. Usuário de droga a partir dessa idade, Thomaz não tem nenhuma perspectiva de vida, mesmo sendo bom músico. Então, aparece Rute, a secretária do lar, que num dia faxina no quarto de Thomaz o aconselha a largar as drogas e aí por diante. Eles se apaixonam. A mãe de Thomaz que nunca deu muita atenção ao filho o interna quando fica sabendo do romance do filho com a doméstica. Então, em dez minutos no local de internação, pois no local eles só têm esse tempo para contar algo, Thomaz conta sua história de amor. Então vamos às conciliações, onde espero ajudar minha coleguinha de leitura.
Nos três romances a questão de status é muito óbvia. Em Romeu e Julieta, o pai de Julieta combina seu casamento com Páris: "Quanta futilidade. Desde menina, eu a desejei casada. E bem casada". Nota-se que no caso da adolescente Julieta, ela tem a coragem de ir até às vias de fato para não se casar com Páris e ficar com Romeu. No caso do "Os morros dos ventos uivantes" devido o peso da sociedade, Catherine não tem a mesma força de Julieta e afirma que não se casaria com Heathcliff pois o mesmo "não é um cavaleiro e casar com ele estragaria sua reputação e status na sociedade". Já no "O amor em dez minutos", os filhos (dois irmãos que são bem sucedidos e Thomaz) cresceram ouvindo a palavra " vocês devem ter sogros apropriados" como destino de vida.
Se no segundo romance o amor se torna obsessivo e vingativo, no terceiro ele resiste a tudo. Percebemos que o amor é mais importante que as imposições da sociedade. Não há um distanciamento como de Heathcliff e Catherine e nem maus-tratos:
"Não me tortures até eu ficar tão louco como tu - gritou ele, libertando-se, e rangendo os dentes de raiva" (Quero deixar aqui a minha observação que escrevo mais com a visão do livro completo do que com a readaptação da autora de Três Amores. Achei mais válido). Marcia teve uma missão e tanto em readaptar a obra de Emily Bronty, pois ela é visceral demais e poucos a compreendem. Claro, Freud sempre explica:
"Cães amam seus amigos e mordem seus inimigos, bem diferente das pessoas, que são incapazes de sentir amor puro e têm sempre que misturar amor e ódio em suas relações."
As três obras falam de amor, juventude, status, sociedade e vale ressaltar que estamos falando de épocas distintas, onde o leitor pode analisar comportamentos. Para às três famílias fica a permanência da preocupação em não criar vínculos com pessoas de situações financeiras inferiores. Julieta, ao decidir tomar o falso veneno em nome do amor (até utópico, infantil, mas vale lembrar que ela já havia se casado escondido com Romeu e não queria a bigamia. Não deixa de ser uma atitude válida e ambos os jovens queriam a união das famílias.) o faz com o desejo "de ser a vitória do amor sobre a morte, da tragédia e do destino".
Para Thomaz, conhecedor das loucuras provocadas pelas drogas, e a ausência da presença familiar que o nutre apenas de forma financeira, o amor é uma loucura "graças, a Deus, loucura pela qual vale a pena ficar sóbrio". Para Catherine, um coração ruim pode tornar o mais belo em uma coisa horrível. Pode-se deduzir que quando se é correspondido, o amor dá forças na sociedade atual para enfrentar problemas atuais. Leia-se drogas. Tudo bem que o primeiro romance não terminou bem quando ambos decidiram ficar juntos, eis a condenação por escolher quem se quer amar. Mas, o segundo romance no meu ponto de vista é muito mais dolorido. A saber, ele termina como poderia ter começado, a filha de Catherine se casa com o filho de Hindley. Tem que ler para entender (risada). Aí fica para os três casos, e SE...
Espero ter auxiliado.
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015
Sobre o Transtorno Bipolar
(Obs: A Sally, autora do texto não sou eu)
Antigamente ele era chamado de “Psicose Maníaco-Depressiva”, mas o nome começou a ser questionado, pois o termo “psicose” remete a loucura e os portadores desta doença não são mais considerados loucos, no máximo passam por uma “fase” similar à loucura. O termo foi considerado pesado demais e, da mesma forma que aboliram a internação e o eletrochoque como tratamento padrão, também modificaram e humanizaram o nome da doença. Desfavor Explica: Transtorno Bipolar.
A principal característica é que seus portadores sofrem oscilações de humor radicais, muito além de um mero inconveniente. Infelizmente muitas pessoas abrem a boca de forma leviana para se dizerem “bipolares” sem perceber que esta é uma doença série, que seus portadores sofrem muito e que não é nada bonito ser bipolar, muito pelo contrário, a doença leva a um sofrimento intenso. É muito comum que a pessoa se diagnostique como “bipolar” e saia dizendo por aí, para amigos, no trabalho, em redes sociais. Desfavor. É uma doença que pode te levar a comportamentos vexatórios, arriscados e humilhantes e dificilmente quem a tem sai dizendo por aí desta forma. Desconfie de quem te conta rindo que é bipolar.
As causas ainda não são completamente conhecidas, acredita-se que seja um mix de fatores biológicos, genéticos, sociais e psicológicos. Qualquer um de nós pode vir a desenvolver o problema, porém o fator mais preponderante é a genética. Se alguém da sua família foi diagnosticado, procure se informar melhor sobre estar doença para reconhece-la caso ela dê as caras. Isso mesmo, você tem que saber identificar. Já vi muito médico dando como bipolar quem não é. Você é a melhor pessoa para avaliar você. Como não existem exames matemáticos com resultados fechados, o diagnóstico é muito subjetivo e justamente por isso o médico precisa ser muito bom e estudioso para acertar, já que existem dezenas de distúrbios muito parecidos.
O primeiro mito que tem que ser derrubado é o de que bipolaridade se resumo a oscilações de humor. Oscilações de humor todos nós temos. Momentos de alegria e de tristeza também. Oscilações repentinas de humor podem acontecer com cada um de nós. Na bipolaridade o buraco é bem mais embaixo. Tanto a fase maníaca (suposta alegria) como a fase depressiva (suposta tristeza) são em intensidade muito superior a qualquer comportamento socialmente aceitável e são desproporcionais quando analisadas em função dos atos que as desencadeiam. Estar eufórico porque ganhou na loteria é compreensível, estar eufórico porque acha que teve uma ideia brilhante e vai escrever um livro que vai mudar o mundo em uma noite é bipolaridade. A pessoa age como se estivesse sob efeito de álcool ou drogas, com discernimento comprometido e com reações desproporcionais aos estímulos que recebe.
Além desta desproporção entre causa e consequência, a oscilação de humor do bipolar deve ser grave o bastante para comprometer sua funcionalidade social: trabalho, família, amigos, etc. A intensidade dos sentimentos deve ser acima do normal e isso deve durar apenas alguns dias (não meses). Estes ciclos de alterações tem que se repetir por bastante tempo, entre um e dois anos, não sendo apenas uma “fase da vida” e sim se tornando o modo de funcionar daquele indivíduo. Fases ruins todos nós temos. Além disso o comportamento bipolar extrapola qualquer limite da normalidade a olhos vistos, não precisa ser íntimo da pessoa para perceber.
Por exemplo, uma pessoa tida como normal pode ter um surto e faxinar a casa toda ao perceber que ela está com sujeira acumulada ou então virar a noite para concluir um projeto no qual está interessada. Normal. Na bipolaridade a coisa fica mais grave, mais intensa e mais perigosa. Não são necessariamente momentos de alegria alternados por momentos de tristeza, são momentos de MANIA (que não é sinônimo de alegria) alternados por momentos de DEPRESSÃO (que não é sinônimo de tristeza). Mais: esta oscilação não se dá no correr do dia, as fases duram mais do que um dia, muitas vezes chegam a durar uma semana. Se o seu humor muda da manhã para a noite, não culpe a bipolaridade!
Vamos entender porque MANIA não é sinônimo de alegria. Nesta fase a pessoa perde a noção de realidade, não por delírios e sim por uma alteração na percepção. Se acha imbatível, imortal. Tem um excesso de confiança, de otimismo e um excesso de energia que a impulsiona a fazer muita merda e inclusive colocar sua vida em risco com brigas físicas ou outros atos que podem arriscar sua saúde ou suas finanças. Para piorar, é muito comum que estas pessoas procurem algum conforto (se é que este é o termo certo) em bebidas, remédios ou drogas, agravando ainda mais a sua situação.
A pessoa em fase de mania não é uma pessoa “mais alegre” ou “mais ativa”. A fase de mania transtorna o cérebro a ponto da pessoa modificar sua forma de pensar, sentir e agir, fazendo coisas que normalmente reprovaria, condenaria ou sentiria vergonha. É uma perda de discernimento temporária, chegando a causar uma impossibilidade de discernir entre o certo e o errado, o ético e não ético, o moral e o imoral. Muitas vezes quando esta fase passa, vem a vergonha e o arrependimento pelos atos praticados. E não, não estamos falando de coisas bobas como fazer um corte de cabelo radical ou comer uma barra toda de chocolate. Estou falando de coisas que cobrem a pessoa de merda da cabeça aos pés. A pessoa perde a noção de perigo e o bom senso.
Por exemplo, são muito comuns casos de promiscuidade sexual. Não raro ocorrem atos de cunho sexual impensados e arriscados por conta de um aumento incontrolável da libido. Não é “safadeza” da pessoa, é um misto de explosão hormonal com discernimento reduzido. Mulher pode sair dando até para estranhos, homem pode sair comendo pessoas que o comprometerão e depois se arrependem e se envergonham muito disso.
Vi um documentário onde uma mulher contava aos prantos como em uma fase maníaca ligou para o marido de uma amiga e se ofereceu para dar para ele em um discurso permeado por pornografia de baixíssimo nível, sendo que mal o conhecia. ISSO É SER BIPOLAR, não esse discurso cretino para justificar uma personalidade briguenta. Percebem a diferença de intensidade? A pessoa faz coisas que nem sonharia fazer em seus períodos de “normalidade”, a ponto de muitos religiosos burros presumirem que está “possuída pelo demônio”. Quando uma mulher se disser “bipolar” pergunte a ela se de tempos em tempos ela sai dando para qualquer um na rua. Se ela se surpreender ou se ofender, grandes chances de não o ser.
Também é comum que realizem gastos excessivos comprometendo todo o orçamento familiar e deixando a pessoa coberta por dívidas. A pessoa ganha uma euforia, sente um otimismo “mágico” que a leva a se descuidar de suas finanças e até mesmo da sua segurança. Se mete em projetos visivelmente furados, compromete todos os seus bens achando que está fazendo um grande negócio e no final perde tudo. Também tem os que vão ao shopping e compram, compram e compram por impulso, gastam fortunas em coisas que muitas vezes nem precisam.
Não são raras práticas de atividades que coloquem sua vida em risco. A pessoa entra em um modo 220v, acelerada, impulsiva, com uma vontade incontrolável de fazer mil coisas ao mesmo tempo. ISSO é ser bipolar, e não uma pessoa grossa que dá patada nos outros sem motivo por ser uma mal educada da porra que tenta se esconder por trás de uma doença. Em alguns casos essa fase maníaca é tão intensa que vem acompanhada de surtos psicóticos, onde a pessoa pode ter delírios, ver coisas, ouvir coisas. Esse é o grau de bagunça que esta doença pode fazer com a mente do portador.
A fase maníaca é de tal magnitude que quem se encontra nela costuma ter uma resistência assustadora a doenças. É raro ver alguém em períodos de mania (seja no caso da bipolaridade, seja em outros casos) doente. A pessoa pode correr pelada na chuva, no frio, na neve e dificilmente adoece. O organismo está a mil. Justamente por isso, nesta fase as pessoas praticamente não dormem, passam o dia todo desempenhando atividades ininterruptamente, com excesso de agitação mental e motora. Fica bem fácil de perceber, não é apenas uma mudança mental, é também uma mudança física. A pessoa pensa em mil coisas ao mesmo tempo e a agitação mental é tanta que muitas vezes ela nem consegue se fazer compreender, pois pula de um assunto para o outro sem parar.
A fase de mania é uma mudança física e mental incontrolável, intensa, fora da normalidade social. É um furacão, um atropelamento de caminhão, não é um mau humor, uma mera euforia ou um desabafo. Para vocês terem ideia da força desta impulsividade, estima-se que metade da população carcerária dos EUA sofra deste transtorno e tenha cometido seus crimes em um momento de extrema euforia, movidos pela impulsividade.
Essa é a força da impulsividade: aquela que tira o temor das consequências dos seus atos. Não é a pessoa que xinga o amigo, o filho ou o chefe, estes são apenas descompensados da cabeça, ingratos e mal educados. Pessoas que não cruzam uma linha de auto-preservação não são bipolares. O bipolar se coloca em situações de PERIGO, onde pode realmente se ferrar. Observe a pessoa que se diz bipolar, se ela se preservar quando o bicho pegar, desconfie. Bipolares normalmente não medem as consequências dos seus atos na fase de mania, ou então não tem medo destas consequências.
Na mudança da fase maníaca para a fase depressiva pode ocorrer um período de transição, uma fase mista, que mescla os sintomas de ambas. Mas não tenho muito espaço para falar dela, então, vamos pular essa parte. Se quiserem saber mais, pesquisem em sites médicos confiáveis.
A fase depressiva é ainda mais difícil de explicar. Todo mundo se acha “deprimido” hoje em dia. Qualquer tristeza vira um “Ai, estou deprimido!”. Não, não e não. A pessoa deprimida pensa em se matar ou em morte, sofre de uma angústia constante, não tem energia, não acha graça em nada e normalmente perde muito peso, pois não tem ânimo sequer para se alimentar. Algumas, em casos mais graves, não conseguem nem ao menos sair da cama e passam dias e mais dias sem nem ao menos tomar um banho ou escovar os dentes.
Depressão não é amargura, depressão não é decepção, depressão não é dor de cotovelo. Depressão é algo grave, incapacitante, contra o qual a pessoa não pode usar “força de vontade”, é algo bioquímico. Salvo engano tem um texto sobre depressão aqui no blog. Uma pessoa deprimida se desinteressa por tudo, se afasta dos outros e muitas vezes está completamente incapacitada de sentir prazer em qualquer coisa que faça. Se o seu namorado te largou e você está triste, isso não quer dizer que você esteja deprimida. Na depressão há uma desproporção de sofrimento e um prolongamento além do normal de uma tristeza muito profunda e incapacitante.
Uma coisa que sempre gosto de dizer quando vem esses falsos bipolares justificar sua personalidade repulsiva com uma doença que não tem é: até bem pouco tempo, bipolares eram trancados em FUCKIN´ MANICÔMIOS e tratados com ELETROCHOQUE. Depois, peço para que a pessoa reflita se seu comportamento daria ensejo a uma internação em um manicômio. Geralmente a pessoa fica envergonhada e diz que não. Chega de brincar com o sofrimento alheio, chega de dizer que é bipolar rindo e achando isso álibi para suas grosserias ou falta de controle. Esta é uma doença séria e quem realmente o é não tem o menor prazer nisso e sai muito prejudicado com essa banalização irresponsável que estão fazendo.
O tratamento dos pacientes bipolares não se resume a medicação, embora muitos equivocadamente se limitem a tomar remédios. É INDISPENSÁVEL que, além da medicação, se procure algum tipo de terapia, pois não é apenas o corpo que está em desequilíbrio, a mente também. Não raro pacientes interrompem a medicação quando se sentem melhor achando que estão curados (pois seus efeitos colaterais podem não ser dos mais agradáveis, vide as ricas informações que o Pilha nos deu quando fazia uso deles) e retornam à estaca zero, tendo novos episódios.
Além de medicação e terapia, eles também tem que observar alguns hábitos de vida e restrições alimentares. Por exemplo, se recomenda a não ingestão de cafeína, o que implica em não comer café, mate, coca-cola, chocolate e tantos outros alimentos populares. Também se recomenda a não ingestão de álcool, o que no Brasil é quase que uma ofensa pessoal. Muitas horas de sonos, horários regrados, controle do peso, prática regular de atividade física e muitas, muitas outras recomendações devem ser seguidas à risca para que o tratamento de fato seja efetivo. E mesmo quando o é, esta pessoa nunca vai funcionar como eu e você, ela sempre vai funcionar de uma forma diferente. Ela terá que encontrar sua própria “normalidade”.
Dá revolta quando vejo uma mulher comendo um chocolate, ou tomando um chopp, ou acima do peso e sedentária dizendo “Eu sou bipolar, sabe, não me leve a mal se eu fizer uma grosseria com você, eu tenho esse problema”. SE tem o problema, coisa que eu duvido muito porque quem o tem não costuma falar do assunto de uma forma leve e casual, não está fazendo chongas para melhorar. Vai malhar, vai controlar a alimentação, vai fazer terapia e vai se medicar se quer viver em sociedade. Caso contrário, vai para uma montanha e não paunocuza.
Muito fácil dizer “Pois é, eu sou bipolar, tolere minha grosseria” e não fazer sua parte para melhorar. Sendo assim, eu sou tripolar: tenho mania, tenho depressão e tenho AGRESSIVIDADE, tolere meu soco na sua cara quando você for grosseira comigo, eu também sou doente. O fato é que geralmente quem usa bipolaridade para abusar da boa vontade alheia não costuma realmente ser bipolar. Quem é costuma sentir vergonha e arrependimento pelas merdas que faz, ou melhor, POR CADA merda que faz. É um sentimento constante. Arrependimento sazonal não conta.
Outro erro comum é pensar que o bipolar ou está em mania, ou está em depressão. Não, ele tem estados de “normalidade” e isso não significa que tenha se “curado”. Infelizmente a banalização do termo “bipolar” vem dificultando ainda mais o diagnóstico. Tem gente que chega no médico e conta SUA percepção alterada da sua realidade, mentindo (muitas vezes sem querer mentir) e induzindo o médico ao erro. São as vítimas profissionais, as pessoas que gostam de achar que sofrem muito.
Vou dizer algo extremamente impopular porque sou dona da casa, algo que não posso dizer no “mundo real”: muita gente procura o médico QUERENDO um diagnóstico de bipolaridade, para justificar sua chatice, sua paunocuzice, sua falta de educação e sua grosseria. Sentam a bunda lá e contam meias verdades como “Eu já tentei me suicidar” (quando na verdade só encostou uma faca no peito berrando que ia se matar por pura chantagem) ou exagerando sintomas, para ganhar a “carteirinha de doente” de modo a não se sentirem tão culpados quando fizerem merdas que são sua e nada mais do que sua responsabilidade. Gente assim TEM QUE ser desmascarada e tem que perder essa “imunidade”, essa “carta branca” para se portar como bem entende.
Como se isso já não complicasse o bastante a coisa, ainda existem doenças muito parecidas que muitas vezes colocam o paciente em uma zona cinzenta. Por exemplo, o Transtorno de Personalidade Borderline, que tem muito em comum com a bipolaridade mas não são. Um profissional não tão atento ou não tão estudioso pode errar o diagnóstico. Se você tem dúvidas, procure pelo menos três opiniões.
Olha, eu queria falar também sobre bipolaridade em crianças, que é algo que está crescendo muito e tem suas peculiaridades. Crianças sem diagnóstico são trucidadas pelos pais de forma injusta. Mas infelizmente não cabe mais nada, sugiro que quem tiver interesse pesquise sobre o assunto.
E se errei em algum ponto, por favor me corrijam. Quem já passou por isso certamente pode dar relatos ou detalhes valiosos que com certeza ajudarão quem está tendo que lidar com este problema.
Para dizer alguma frase machista como “isso é falta de um tanque de roupa suja para lavar”, para dizer que bipolaridade no seu tempo se chamava TPM ou para desmerecer de qualquer outra forma e levar uma patada: sally@desfavor.com
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015
Memórias Póstumas de uma Paixão VI
Sônia aprecia uma taça de vinho, desses nem caro, nem barato, daqueles possíveis de decantar e possível ao seu orçamento. Ela escuta Adele, sua música preferida, "Don´t you remember", a tradução explica, mas não justifica muita cosa.
Ela está só, não só de solidão, mas só, naquele estado que apenas sacia sua lascívia, libido, tesão e desejo. Não pergunte quanto tempo, mas faz anos. Se é ruim? Pelo contrário, é ótimo. Não é a pessoa, são os momentos, daqueles recheados de diálogos, risadas e sexo de qualidade. Felipe conhece a anatomia do seu corpo, conhece o tempo necessário entre o prazer próprio e o prazer de Sônia.
Se houve envolvimento? Não. Muito menos amizade e relacionamento. Sempre soube que não fora amada e até prefere assim. Não o enxerga no seu futuro, mas o deseja e o repele no presente. Uma luta entre o sagrado e o profano, o certo e o errado, o carnal e o espiritual. Mas, ele sempre aparece e reaparece, fazendo sua permanência o seu Tendão de Aquiles.
Na verdade o problema nunca foi ele, sempre soube do seu estilo canalha, capaz até de seduzir menores de idade para massagear seu ego e driblar seu medo da solidão. Nunca soube ser só, a ponto de qualquer uma servir. Seu maior triunfo foi uma baita menina, linda por natureza, que se tornara um band-aid para dor que sente da mulher que outrora perdera. Fora isso, é um homem como outro qualquer, sem caráter.
Qual o problema então? Começou a fazer coisas que tinha ciência que a faria repensar a balança de prós e contras de manter essa situação. Passou a testar a sua paciência. Ensaiado o dia do basta, bastou! Não é uma questão de amor próprio, mas de saber que no jogo da sedução, deve-se ter limites e respeito. Ele não a respeitou, isso a feriu, e o nunca mais às vésperas do aniversário de alguns anos aconteceu.
Candidatos à vaga existem, mas seus projetos são outros, no momento, mais uma taça de vinho e um sono doce e suave.
Junho/2012
Memórias Póstumas de uma Paixão I
Memórias Póstumas de uma Paixão II
Memórias Póstumas de uma Paixão III
Memórias Póstumas de uma Paixão IV
Memórias Póstumas de uma Paixão V
Comum na infância, TDA-H afeta de 2% a 6% da população em idade produtiva
Pacientes sofrem com problemas como instabilidade profissional e depressão
Belo Horizonte — Falar ao celular, comer, ler, mexer no computador, abrir a janela do quarto... Você tem o hábito de fazer várias coisas ao mesmo tempo e de se incomodar com qualquer ruído? A combinação de fatores pode indicar a existência do transtorno do deficit de atenção com hiperatividade (TDAH). Mais comum na infância, o distúrbio geralmente passa despercebido nos primeiros anos de vida, e os sintomas e desconfortos acabam ficando evidentes na vida adulta. “O diagnóstico em adultos é oficialmente reconhecido e, atualmente, há um corpo sólido de conhecimento científico evidenciando que a doença se mantém ao longo da vida, contrariando a ideia de que persistia apenas até a adolescência”, diz Carlos Guilherme da Silva Figueiredo, diretor da Associação Psiquiátrica de Brasília.
Não raro, as pessoas com TDAH são esquecidas, inquietas, impulsivas e vivem mudando de assunto. Segundo Figueiredo, a modificação ou a atenuação dos sinais do distúrbio — e por vezes também os de impulsividade — fazem do quadro no adulto um transtorno com predomínio de sintomas cognitivos e de difícil diagnóstico. “Há um contraposição ao quadro predominantemente motor e comportamental na infância”, compara. As consequências podem influir diretamente no desempenho do paciente: dados recentes apontam que os pacientes perdem, em média, 35 dias de trabalho por ano em decorrência da doença.
Presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Antônio
Geraldo da Silva explica que adultos com TDAH mantêm a tríade de
sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade em graus variados.
Também apresentam, com frequência, o comprometimento das habilidades
executivas, como persistência, planejamento, organização, controle de
impulsos e estabelecimento de prioridades. “Em termos práticos, isso
dificulta o uso do tempo, o cumprimento de obrigações e a capacidade de
colocar na vida prática proposições e combinações feitas no plano
teórico”, explica. “Essas funções têm um papel cada vez mais importante,
à medida que o indivíduo amadurece, quando passa a ser exigida a
capacidade de autonomia para tomar decisões e de resolver problemas do
cotidiano.”
Leia mais:
Uso de Parcetamol na gravidez e TDAH
Crianças e sintomas TDAH quando adultas
Fonte: http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/ciencia-e-saude/2015/01/31/interna_ciencia_saude,468983/comum-na-infancia-tda-h-afeta-de-2-a-6-da-populacao-em-idade-produtiva.shtml
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