Comum na infância, TDA-H afeta de 2% a 6% da população em idade produtiva
Pacientes sofrem com problemas como instabilidade profissional e depressão
Belo Horizonte — Falar ao celular, comer, ler, mexer no
computador, abrir a janela do quarto... Você tem o hábito de fazer
várias coisas ao mesmo tempo e de se incomodar com qualquer ruído? A
combinação de fatores pode indicar a existência do transtorno do deficit
de atenção com hiperatividade (TDAH). Mais comum na infância, o
distúrbio geralmente passa despercebido nos primeiros anos de vida, e os
sintomas e desconfortos acabam ficando evidentes na vida adulta. “O
diagnóstico em adultos é oficialmente reconhecido e, atualmente, há um
corpo sólido de conhecimento científico evidenciando que a doença se
mantém ao longo da vida, contrariando a ideia de que persistia apenas
até a adolescência”, diz Carlos Guilherme da Silva Figueiredo, diretor
da Associação Psiquiátrica de Brasília.
Não raro, as pessoas com TDAH são esquecidas, inquietas, impulsivas e
vivem mudando de assunto. Segundo Figueiredo, a modificação ou a
atenuação dos sinais do distúrbio — e por vezes também os de
impulsividade — fazem do quadro no adulto um transtorno com predomínio
de sintomas cognitivos e de difícil diagnóstico. “Há um contraposição ao
quadro predominantemente motor e comportamental na infância”, compara.
As consequências podem influir diretamente no desempenho do paciente:
dados recentes apontam que os pacientes perdem, em média, 35 dias de
trabalho por ano em decorrência da doença.
Presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Antônio
Geraldo da Silva explica que adultos com TDAH mantêm a tríade de
sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade em graus variados.
Também apresentam, com frequência, o comprometimento das habilidades
executivas, como persistência, planejamento, organização, controle de
impulsos e estabelecimento de prioridades. “Em termos práticos, isso
dificulta o uso do tempo, o cumprimento de obrigações e a capacidade de
colocar na vida prática proposições e combinações feitas no plano
teórico”, explica. “Essas funções têm um papel cada vez mais importante,
à medida que o indivíduo amadurece, quando passa a ser exigida a
capacidade de autonomia para tomar decisões e de resolver problemas do
cotidiano.”
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