sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Diário Literário fevereiro/2013




Bom, me falta tempo! Até agora só li três livros, pois meu trabalho tem necessitado de horas de leitura, uma leitura totalmente diferenciada, diga-se de passagem. Mas, estou sem metas para 2013. Apesar que quero tanto mais tempo para poder ler...

Meu terceiro livro do ano que presenteei com muito carinho para meu chefe. 


A Graça em meio a dor
Já conhecia algumas obras de Philip Yancey, mas a leitura de "Para que serve Deus: em busca da verdadeira fé, foi apaixonante. Talvez porque o autor descreve antes do relato de suas palestras, suas pesquisas sobre o lugar, cultura e história do local que foi convidado, nos aproximando do tema e público escolhido. O desafio principal do livro é falar de Deus mediante a dor e a perca. O livro está dividido em capítulos, que podem ser chamadas de ocasiões tensas em que o autor levou o tema "graça divina".

O primeiro capítulo lida com o atentando em Virginia Tech em abril de 2007.No segundo capítulo, em uma visita à China comunista, uma frase que não é dele mas vale a pena registrar: "Quem lê a História descobre que os cristão que mais fizeram pelo mundo presente foram precisamente aqueles que mais pensaram no mundo futuro (...) Mire o céu, e você vai ver a terra como lucro. Mire a terra, e você não vai ter nem uma coisa e nem outra" C.S. Lewis"


No capítulo "No fundo do poço, a gente grita por socorro",Yancey transcreve sua palestra em Green Lake em 2004, sobre a evangelização de mulheres prostitutas, com a participação de representantes de 45 organizações e trinta países. Lindo capítulo. Profundo.


Yancey nunca escondeu sua opinião sobre sua criação em um contexto legalista/religioso/sulista e sua vivência na Faculdade Bíblica no sul dos Estados Unidos. Em abril de 2007, o mesmo foi convidado pela terceira vez para palestrar nessa faculdade e o tema escolhido foi "Ah, se eu então soubesse..." "Eu gostaria de ter sabido como apreciar dois mundos ao mesmo tempo" - nessa parte o autor fala sobre as regras obrigatórias que ensinavam a se portar dentro da faculdade e não fora dela. Enquanto o mundo debatia a Guerra do Vietnã os alunos nessa faculdade debatiam o hipercalvinismo; "Eu gostaria de ter sabido como cultivar a vida interior", na sua opinião, as regras podem apresentar a tentação de confiar no comportamento exterior em vez de cultivar a vida interior,e por último: "Eu gostaria de ter conhecido a graça aqui na faculdade".


Em Cambridge, agosto de 2008, Yancey descreveu sua palestra que tinha como tema a vida de C.S. Lewis. Sua adorável apreciação pelo prazer que era para o mesmo como o gotejar da graça que unificava os dois mundo, o visível e o invisível. Lewis não via nenhuma necessidade de afastar-se do mundo e fugir do prazer e conseguiu enfocar o cristianismo puro e simples, chegando a ser descrito pelo fundamentalista Bob Jones Jr como cristão. ("Esse homem fuma cachimbo, esse homem consome álcool, mas eu de fato acredito que ele é um cristão! Bob Jones Jr.). Um desafio para os eremitas-cristãos da pós modernidade, ao meu ver.


No capítulo "O grupo improvável" Yancey transcreve sua terceira palestra na igreja carismática na África do Sul que começou em 1979 com treze membros e cresceu somando agora 35 mil. O autor chegou a visitar o Museu do Apartheid, onde cada visitante recebia uma classificação racial, sentindo assim como era o dia a dia das pessoas que viveram o processo desumano do Apartheid. Nesse capítulo há muita informação sobre o processo da troca de governo que pôs um fim abrupto ao Apartheid e empossou africanos negros. O novo regime não cedeu à política da vingança, porém a alegria da mudança histórica fora trocada pelos desafios de corrupção, AIDS, drogas e problemas que acompanham o crescimento de vários grupos humanitários e religiosos.


No capítulo "A partir das cinzas" Yancey palestrou em Memphis em novembro de 2008 e o assunto para "Sobre esta Rocha" foi o momento de escolha presidencial nos EUA, onde Barack Obama venceu (1° mandato). Yancey aborda sobre a importância de construir a casa sobre a Rocha, e levanta (utilizando-se de outros autores) muitos questionamentos sobre política e Evangelho. Achei muito interessante o relato sobre a Revolução Laranja na Ucrânia em 2004, onde a corrupção eleitoral em um resultado foi divulgado por uma deficiente auditiva que na língua de sinais não seguiu o texto e denunciou o fato. Levando o país à Revolução citada.


No Oriente Médio em 2009, Yancey realizou um ciclo de palestras, enfrentando um choque de civilizações e levando o tema graça para uma minoria sitiada de cristãos. Já em Chicago em agosto de 2003, o tema "Por que eu gostaria de ser alcoolico?" tem como pano de fundo a fundação e importância dos grupos espalhados pelo mundo sob a sigla A.A.


O último capítulo trata sobre a palestra em Mumbai em novembro de 2008, no mesmo período em que terroristas do Paquistão desembarcaram no centro de Mumbai e atacaram dez pontos diferentes. Yancey levou o tema graça em um local diferente do planejado e finaliza com a frase de Gandhi "Olho por olho, dente por dente, e logo o mundo inteiro será de cegos e desdentados". No Posfácio ele faz uma análise sobre as situações desagradáveis que esteve envolvido e sobre a o desafio de falar sobre a graça divina em meio à dor. INDICO!"






Tão atual
Conheci George Orwell em "A Revolução dos Bichos" e já conhecia essa sua maneira "engajada" de atacar todo e qualquer sistema totalitário. Na verdade, esse é o seu pseudônimo, seu nome verdadeiro é Eric Arthur Blair, nome que poucos conheciam. Nascido na Índia Inglesa, em uma família de baixa alta classe média, decidiu tornar-se escritor após largar o emprego de policial, pois "odiava o imperialismo ao qual estava servindo". Viveu na pobreza e demorou para ganhar dinheiro com seus escritos. Morreu em 1950 na miséria, lamentavelmente.

A princípio, 1984 é cansativo. A maioria das pessoas sabem que a partir dele surgiu o programa "Big Brother". O título deveria ser 1948, mas como iria ficar muito na cara para os regimes totalitários da época, o título foi mudado para 1984. O local onde acontece o enredo, a "Oceania", foi uma congregação de países de todos os oceanos. Além da crítica aos sistemas políticos totalitários, percebe-se que o autor também manda o recado em relação toda e qualquer transformação da realidade, para isso existem no romance órgãos com essa função, como por exemplo o Ministério da Verdade, onde o protagonista Winston Smith trabalha. (Comparação perfeita à mídia em geral).

Smith é o cidadão-comum e participa de uma sociedade nivelada, onde o indivíduo é reduzido e serve ao governo e ao mercado através do controle total. Winston se incomodava com algo que não sabia descrever e sua vida tem uma mudada total após o contato com Júlia. Até a vida sexual do cidadão era controlada pelo Partido. Após descobertos e levados à tortura, são domesticados e passam a aceitar de forma espontânea todo o sistema que antes eram contrários. O autor, assim como Milan Kundera (Thomaz em A insustentável leveza do ser), descreve o rebaixamento profissional de Smith, trajetória de milhares de pessoas contrárias aos regimes totalitários. E no final, Smith está adaptado ao sistema, e é fiel de fato ao Grande Irmão (Big Brother).

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Saudade é ... (Neologismo)

"Saudade é verbo. Que ninguém duvide disto. Se até ‘verbo’ é substantivo, eu que sinto, defino.
Não guardo registros, para não gerar memória, e forçar saudades. Acredito que as maiores mágicas da vida, não pedem explicações. Depois de explicados os encantos se desfazem, os brilhos nos olhos se apagam e a alma se esvai.

Duvido de tudo que insista em me definir ou se auto-explicar. Desconfio de tudo que seja intenso, que não tenha senso ou que finja gostar. Gosto de gente de verdade, que acorda com a cara amassada, olhos sujos e boca com gosto de noite dormida.

Coração não é terra de gente. É mar de pirata. É picadeiro de saltimbanco. É teoria demais pra mentes pouco praticadas. É músculo que não sente dor, mas dói sempre que a mente conjuga saudade. Verbo irregular, pretérito imperfeito, uma das sete pragas do Egito, peste bubônica, lepra, câncer, ou, todo mal que há.

Felizes os que dormem noites tranquilas ou só sonham antes de dormir, livres assim de todos os pesadelos que os possam esperar. Viver é a arte de acordar, todos os dias, esperando apenas o jogo virar. É torcer para na próxima esquina, aquele alguém, sei lá, de repente, te encontrar.

Amor é palavra que sentimento ou neologismo nenhum seria capaz de explicar. São conjuntos de sensações nervosas que cérebro nenhum consegue aguentar. Findando em saudade, como o encontro do rio com o mar.

Ah, se todos os mistérios e segredos me fossem revelados. Ah, se todos os meus desejos me fossem saciados. Se todos os meus sonhos fossem realizados. Se todos os meus passados fossem apagados, os presentes simplificados e os futuros unificados…

Saudade é verbo. Que ninguém duvide disto. Se até ‘verbo’ é substantivo, eu que sinto, defino. Defino mesmo sem saber se quer o motivo pelo qual, de fato, sinto. Mas, sentir também é verbo, verbo pelo qual meu coração se apaixona. Coração, que não é terra de gente. É mar de pirata. É picadeiro de saltimbanco. Verbo irregular, pretérito imperfeito, uma das sete pragas do Egito, peste bubônica, lepra, câncer, ou, todo mal que há." (Matheus Rocha)
https://www.facebook.com/Neologismo

E foi tão bom constatar que não me atinge mais. Não me entristece, não me aborrece, não me tira o sono. Passa por mim, mas, não me atravessa.
— Tati Bernardi

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Solidão

SOLIDÃO
Fátima Irene Pinto

Solidão não é a falta de gente para conversar,
namorar, passear ou fazer sexo...
isto é carência.

Solidão não é o sentimento que experimentamos
pela ausência de entes queridos que não podem
mais voltar...
isto é saudade.

Solidão não é o retiro voluntário que a gente
se impõe as vezes, para realinhar os pensamentos...
isto é equilíbrio.

Tampouco é o retiro involuntário que o destino
nos impõe compulsoriamente para que revejamos a
nossa vida...
isto é um princípio da natureza.

Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado...
isto é circunstância.

Solidão é muito mais que isto...

Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos
e procuramos em vão, pela nossa Alma!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

SOU UM PROFESSOR... QUE PENSA!


SOU UM PROFESSOR QUE PENSA...
...pensa em sair correndo toda vez que é convocado para uma reunião, que certamente o responsabilizará mais uma vez, pelo insucesso do aluno.

SOU UM PROFESSOR QUE LUTA...


...luta dentro da sala de aula, com os alunos, para que eles não matem uns aos outros.
Que luta contra seus próprios princípios de educação, ética e moral.

SOU UM PROFESSOR QUE COMPREENDE...
...compreende que não vale a pena lutar contra as regras do sistema, ele é sempre o lado mais forte.
 
SOU UM PROFESSOR QUE CRITICA...
...critica a si mesmo por estar fazendo o papel de vários outros profissionais como: psicólogo, médico, assistente social, mas não consegue fazer o próprio papel que é o de ensinar.

SOU UM PROFESSOR... 

...que tem esperança, e espera que a qualquer momento chegue um "estranho" que nunca entrou em uma sala de aula, impondo o modo de ensinar e avaliar.

SOU UM PROFESSOR QUE SONHA...
 
SONHA COM UM ALUNO INTERESSADO, SONHA COM PAIS RESPONSÁVEIS, SONHA COM UM SALÁRIO MELHOR, UM MUNDO MELHOR.

ENFIM, SOU UM PROFESSOR QUE REPRESENTA...
...representa a classe mais desprestigiada e discriminada, e que é incentivada a trabalhar só pelo amor à profissão. Representa um palhaço para os alunos. Representa o fantoche nas mãos do sistema concordando com as falsas metodologias de ensino. E esse professor, que não sou eu mesmo, mas é uma outra pessoa, representa tão bem, que só não trabalha como ator, porque já é PROFESSOR e não dá para conciliar as duas coisas.