terça-feira, 26 de abril de 2016

Cartas do Inferno - C.S.Lewis


Cartas do Inferno (Cartas de um diabo a seu aprendiz) do célebre autor C.S.Lewis é uma ficção satírica sobre como o cristão é tentado na sua trajetória cristã. Inicialmente, eram cartas publicadas no The Guardian e em fevereiro de 1942, foi lançado como livro e dedicado a J.R.R. Tolkien.  

 Nessa ficção, Screwtape (Fitafuso), um demônio experiente, ensina ao seu sobrinho, Wormwood (Absinto) a como tentar seu recém-convertido. Eles chamam o cristão de paciente. Digo eles, mas temos acesso apenas às cartas de Fitafuso. Deus é chamado de O Inimigo, e nós, volta e meia chamados de vermes e bípedes.

Como pano de fundo, a Segunda Guerra Mundial, Fitafuso vai indicar como desviar seu paciente da fé genuína. O interesse não é desviar da igreja, mas da possibilidade de relacionamento e transformação. Ele explica para Absinto que O Inimigo leva os cristãos algumas vezes a momentos difíceis, mas o esquecimento de vitórias passadas mina a fé, principalmente por não ser atendido. 

O ataque tem muito maiores chances de ser bem sucedido quando por alguma razão o mundo interior seu homem estiver desmazelado, frio e vazio.

Muito interessante como Fitafuso liga os problemas de infância do paciente com a mãe e ensina a Absinto usar comportamentos repetitivos que irrite-o. Para ele, o cotidiano deve ser recheado de comportamento irritantes, como o levantar da sobrancelha. Algo simples, mas vai no subconsciente do paciente sem que ele perceba. 

Fitafuso também aborda sobre a não oração, o esfriamento com o grupo da igreja, a necessidade de trocar de igreja (há duas em análise com características próprias), sobre a tentação sexual, e sobre o orgulho que nasce de forma inocente. Subliminar. 

Quando o paciente se apaixona, Fitafuso informa sobre seu ódio ao prazer e acusa o Amor com o momento de discórdia entre O Inimigo e o diabo. Achei muito interessante e refleti bastante sobre a questão do passado e presente:


Desejamos que ele fique na máxima incerteza, e que sua mente fique cheia de aspectos contraditórios do futuro, para que cada um desses aspectos provoque nele esperanças e receios. Não há nada como o suspense e a ansiedade para levantar pela mente humana uma autêntica barricada contra o Inimigo. Ele deseja homens ocupados com o que fazem, ao passo que nós trabalhamos para deixá-los preocupados com o que irá acontecer a eles.



Indico. Leitura rápida e atual. 

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Depois de você (continuação Como eu era antes de você) Jojo Moyes



O sucesso Como eu era antes de você tem a estreia prevista nas telas brasileiras, dia 30 de junho de 2016. Um romance que fez muita gente chorar pelo seu final, não tão esperado. Estou ansiosa para ver como Emilia Clarke e Sam Claflin irão dar vida aos personagens, Louise Clark e Will Traynor

Bem, li várias resenhas na estante Skoob e na internet sobre a continuação Depois de Você, da mesma autora, Jojo Moyes. Respeito muito as opiniões, mas parece que estamos acostumados com finais felizes e a vida é mais cinza do que parece. Muitas leitoras afirmam que é desnecessário dar continuidade ao romance. Como assim? Sem debater os motivos de Will, as pessoas permaneceram, com toda a bagagem de dor por causa da decisão dele. Falo de uma mãe, de um pai e da própria Lou, que se sentia muito desconfortável pelo sentimento que se formou em seis meses e pela impotência diante da decisão de Will. 

Logo, Depois de Você aborda a vida de todos depois de Will. Não é apenas sobre Lou. Na minha opinião o livro começa massante, e percebo que Jojo tem essa característica, ela faz da sua obra uma montanha-russa, pois de uma hora pra outra, acontece algo que joga adrenalina literária em nós. Sim, do nada (vou tentar não dar spoiler). Lou e sua saúde, bem no início, o aparecimento de uma personagem que tem relação com Will e o tiro que um personagem leva já quase no final. Esse último item, eu achei tão surreal, que tive que reler. 

O que as pessoas não percebem, é que Lou tem uma característica que precisa ser confrontada: a autossabotagem. O episódio que lhe ocorreu no castelo (livro anterior) trouxe consequências profundas, de inércia em relação à própria vida e apenas sua irmã a confronta. Então chega Lily, que até agora não li nada positivo sobre ela. Falta um olhar mais profundo sobre tudo o que acontece no enredo. Temas como morte, superação, autossabotagem, feminismo (SIM!) e mãe solteira são abordados. Quando nos deparamos com Lily, reparamos com facilidade toda sua rebeldia e comportamento agressivo com a doce Lou. Mas, é Lily que desperta várias vezes Lou do seu marasmo existencial. Muito mais que Sam Fildeng. Lily também tem uma bagagem de dor. 

Falando sobre ele, fica escancarado que o terceiro livro já deve estar no forno e eu não me assustaria se fosse cheio de crises existenciais, pois Lou se prende às tragédias para não ser feliz. Mas, o final da obra já demonstra que ela está começando a ser cúmplice do seu destino. Sim, a autora foi feliz em dar continuidade não apenas para Lou, mas a forma como os pais de Will conseguem amadurecer a superação é algo a elogiar. Fatos inéditos, que eu nem imaginava aparecer, apareceram, demonstrando como um autor pode mesclar com maestria personagens e fatos. Leia-se o tema feminismo, que a princípio achei um pouco exagerado, mas demonstra que sempre é hora de se empoderar, independente da idade. 

Palmas para os discursos daqueles que perderam alguém para morte e do mais, indico. 

Nenhum de nós segue em frente sem olhar para trás. Seguimos em frente sempre levando aqueles que perdemos.