segunda-feira, 30 de março de 2015

Diário Literário



18/2015 Temperamento forte e bipolaridade: dominando os altos e baixos do humor

Diogo Lara é médico psiquiatra e pesquisador em neurociências, área em que se realizou seu doutorado. O que diferencia o livro do médico para os demais é que esse aborda as qualidades do bipolar e não apenas as fases de mania ou depressão. Mesmo havendo uma divergência entre os psiquiatras no termo "espectro" para ele há pessoas que fazem parte do "espectro bipolar e que apresentam alterações de humor, frequentemente associadas a um temperamento forte. 
Variações como euforia, agitação, aumento de energia, agressividade, explosividade, impulsividade, aumento de riscos e gastos, distrações, entre outros sintomas do pólo positivos, que se alternam com apatia, desânimo, tristeza, ansiedade e falta de prazer do pólo negativo ou depressivo. Eis a bipolaridade. (Em caso de identificação procure um especialista e não faça diagnósticos precipitados). 
O autor aborda os conceitos de temperamento e humor, bipolaridade (espectros e níveis), mecanismos de defesa e ataque, exemplos de pessoas com temperamento forte sem transtorno de humor, do temperamento ao transtorno de humor, bipolares leves, identificação do transtorno de humor, como lidar com a bipolaridade, pessoas famosas com bipolaridade e com toda a tecnologia se vivemos em uma e buscadora de novidade e bipolar. Super indico. Linguagem acessível. 

Diário literário

17/2015 "Está com o mal de amor", assim começa o prólogo do livro Amores que matam da autora e psicoterapeuta Patrícia Faur, escrito por Sérgio Sinay. O livro pode ser indicado principalmente para quem lê e acredita que o livro serve para uma grande amiga que passa pelas situações citadas. Comecemos a resenhar sobre o amor. Melhor, sobre o que não é amor. Aliás, melhor ainda, comecemos sobre o título. Amores que matam ou pessoas que se deixam matar pelo amor? Pois o livro aborda sobre pessoas que, em sua trajetória não conseguem desenvolver o amor em sua normalidade. Claro, seu conceitos prontos. 

O grupo trabalhado é o de pessoas com vínculos dependentes devidos às semelhanças que possuem com a dinâmica de outras drogas. Vínculos onde uma pessoa cuida excessivamente da outra pessoa e adoece gradativamente. Tal dependência é uma doença, e sabemos que o amor deve ser fruto da escolha e não da necessidade. O viciado (ou viciada, em sua grande maioria) não sente vício em uma pessoa em especial. Mas, em sentir a ânsia de ser amada. Por exemplo, a amante não sente vício no homem casado (quando se trata de uma relação doentia) e sim da promessa que ele vai largar sua esposa. 

No amor, a paixão esfria de forma sadia e as imperfeições não são motivos para o término. Para os dependentes, não se consegue sair da etapa da paixão. Vive-se do ser idealizado, do objeto desejado, da ilusão, da promessa e tudo isso remete às características das relações dependentes: Obsessão (pensamento excessivo pela relação e pessoa), controle (de tudo em relação a pessoa), tolerância (à dor emocional) e abstinência (diante da possibilidade imaginária ou não de término, chegam os sintomas de abstinência). 

Não pensem que estamos falando de mulheres feias, muito pelo contrário, estamos falando de mulheres bonitas e inteligentes. Em sua grande maioria o que  coincide em suas histórias é o passado obscuro, uma infância dura, uma família cujos pais tiveram grande dificuldade para cumprir com eficiência a sua função. Em suas histórias, há muita dor. Quando a família não consegue suprir as necessidades emocionais básicas, as pessoas crescem com fome de amor. A necessidade as torna escravas e não lhes permite escolher. as relações dependentes estão fundadas nessa necessidade e não na escolha. (31)

Nesse contexto que a autora dividiu o livro em sete partes: o vício em relacionamentos, o começo, a desilusão, quando ajudar faz mal, estresse conjugal, dependências afetivas e a recuperação. O capítulo sobre "Quando ajudar faz mal" traz uma análise muito boa sobre codependência. Em todos os capítulos existem exemplos de relacionamentos onde o homem amado torna-se o homicida da mulher dependente. A autora também discute sobre a escolha de profissões e traz no último capítulos sugestões de auxílio para a cura da dependência afetiva. Levando em consideração a nossa cultura que nos remete à dependência desde a infância, acho muito válido a leitura. Indico. 

domingo, 29 de março de 2015

Presentes literários

Dois presentes (e aguardando um terceiro chegar do RJ). Isso, de fato me deixa muito alegre. Como disse Sêneca, "Dar livro é, além de uma gentileza, um elogio". Então, a saber:


O EU profundo e os outros EU - Fernando Pessoa 
(Esse chegou da Bahia/BA - Valeu Adriana!)

Tem uma apresentação inicial sobre o autor e obra, mas prefiro passar os olhos de forma aleatória sobre os poemas e me deleitar apenas. Sair um bom da "forma" linear é liberdade literária que apenas a poesia pode nos proporcionar. 

Baste a quem baste o que lhe basta. O bastante de lhe bastar! A vida é breve, a alma é vasta:Ter é tardar. (62)


Dizem que finjo ou minto/Tudo que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto/Com a imaginação. Não uso o coração. (146)

(pg 199)

AUTOPSICOGRAFIAO poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente. (145).
Não tenho ambições nem desejos
Ser poeta não é uma ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho. (197)



Seleção de livros Reader´s Digest 

(Valeu demais Erisse Brasília/DF)

(04 livros - Pense!)
01 - A promessa Ann Weisgarber
02 - Desaparecida John Connor
03 - Ponto por ponto Terri DuLong
04 - Filho da Revolução Luís M. García 

Enquanto isso, vamos de leitura. Afinal, penso demais, logo leio em dobro. 

quinta-feira, 19 de março de 2015

Diário literário

16/2015 - Conheci Charles Bukowski por causa de uma página no Facebook que agora não lembro o nome. Ficava meio chocada com alguns poemas e em outros achava muita graça. No fundo sempre pensava "fora todo esse falso moralismo que há em nós, é bem por aí". Pesquisei um pouco sobre ele e achei uma promoção do livro "O amor é um cão dos diabos" (Edição 2014). O título não faz parte de um enredo com início, meio e fim, mas é o nome de um de seus poemas. O livro é dividido em quatro partes (1 - Mais uma criatura atordoada pelo amor; 2 - eu, e aquela velha: aflição; 3 - Scarlet e 4 - melodias populares no que restou de sua mente) e contém vários escritos que não possuem a preocupação com estrutura poética.


Falemos um pouco sobre o "melhor poeta da América" segundo Jean-Paul Sartre de forma bem resumida. Nasceu na Alemanha em 1920, era filho de um soldado norte-americano com uma jovem alemã e foi levado aos EUA aos três anos pelos pais. Morou cinquenta anos em Los Angeles e conheceu de perto a pobreza e as camadas sociais mais marginalizadas da sociedade. Leia-se prostitutas, bêbados, drogados e derivados. Escrever e se embriagar, algo presente em seus escritos. Vomitar e ressaca, acrescente também. Ele chega a citar suas "cagadas" e as baratas, sem contar os gatos do cafetão do melhor puteiro do bairro. Suas paixões: mulheres (sim, no plural), bebida (ele dedica um poema para cerveja) e corrida de cavalos. Logo percebe-se que seus poemas são de caráter auto-biográfico, seu alter ego. Morreu de pneumonia aos 73 anos em 1994 decorrente de um tratamento contra a leucemia. 

Trechos que me chamaram a atenção (apenas alguns registrados, são vários):

Na primeira parte temos poemas sobre suas aventuras sexuais. Os títulos têm nomes, atribuições físicas, ele e a tal "cagada":

"(...) continuo vivo/e tenho a capacidade de expelir/sobras do meu corpo./e poemas./e enquanto isso acontecer/serei capaz de lidar com/traição/solidão/unhas encravadas/gonorreia/e o boletim econômico do/caderno de finanças.  (...) eu sei como amar. Título? "eu"

Sobre a ida e vindas de várias mulheres (e ele considerava uma baita sorte, sendo velho e feio):

"(...) você foi, certa vez, suficientemente forte para viver sozinho". Título: "outra cama".

"(...) as relações humanas simplesmente não são duráveis" Título: "a furadeira".

Na segunda parte os mesmos temas com bons conselhos:

"(...) aprender a vencer é difícil/qualquer frouxo pode ser um bom perdedor (...) e se você tem a capacidade de amar/ame primeiro a si mesmo". Título: "como ser um grande escritor". 

Ele também explica o porquê sem nome consta na lista telefônica (inclusive fato que o aproximou de várias mulheres). Ele recebia elogios, ouvia sobre solidão e vários convites. Era o poeta amado das prostitutas. 

Terceira parte: Scarlet. O poeta se apegou, e sofreu. A ruiva de cabelos compridos. 

"(...) estou tão acostumado à melancolia que a cumprimento como a uma velha amiga". 

"(...) circulo pelas ruas/a um passo de chorar/envergonhado de meu sentimentalismo e/possível amor". Título: "cometi um erro". 

Na última parte: melodias populares no que restou de sua mente lemos o poema título do livro. Temos também "soldado raso": 

"(...) a compaixão se revela em estranhos lugares" e diversos. 

Registrei aqui apenas alguns poemas que sublinhei. Não sei o motivo da colocação dos poemas dentro de cada uma das partes. Nota-se apenas que assim como Frida Khalo, descreveu o que viveu. Não indico a leitura às pessoas moralistas. 

Para quem tem imaginação fértil, você imagina as cenas. Você imagina o local com as garrafas vazias, cheio de cigarros espalhados pelo chão e até seu temperamento diante do comportamento das mulheres. Acredito que não tinha essa "pegada" toda, mas como consta em muitos poemas, estava acessível não só sexualmente, mas as escutava. Não as julgava. Isso por sim só, já é poesia pura. 

sexta-feira, 6 de março de 2015

08 de março



Pra você que me respeita todo dia,

desnecessário uma homenagem por um dia.

Pra você que me desrespeita por ser mulher,

08 de março será uma data qualquer.


E pra você mulher que não se dá valor,

lembre das que morreram na data, por favor.

Eu não quero ter um vagão de metro por direito 

quero que a sociedade me dê o devido respeito.


Me parabenizo, nunca foi fácil na História ser mulher

Mas glória por homens que não nos tratam como um objeto qualquer

Mas, eu não queria e nem quero que seja diferente, 

o que seria do mundo sem a mulher minha gente?

Contos Modernos

Contos modernos I

- Mas, por quê?

- Lobo mau, o problema não é você. Sou eu. Desobedeço minha mãe, mudo o caminho, ando pelo perigo de forma distraída, e diante do óbvio fico fazendo perguntas imbecis. Você merece alguém melhor. Isso é para o seu bem, afinal, nossa separação vai evitar que o caçador te mate. Vovó já estava idosa mesmo, que o céu a tenha.

Deixou o bobo emudecido e foi atrás de um novo perigo.

* tempos modernos.

Contos Modernos II

Mesmo tendo passado por um Congresso Internacional de Espelhos Mágicos, ele tinha uma certa impulsividade. Era conhecido como o melhor, e tinha contratos com convênios hospitalares e clínicas estéticas quando indicava uma cliente para fazer um "ajuste" após a célebre pergunta:

- Espelho, espelho meu, existe alguém mais lindo do que eu?

Mas, nesse dia esqueceu de tomar seu estabilizador de humor e diante da antipática (a maioria é) cliente respondeu:

- De botox você já está no ponto. Agora, madame! Procure um analista, vá tratar essa insegurança.

Conclusão, hoje trabalha como espelho de academia. Emagrece as clientes no banheiro, o que sempre as leva a voltar.

* Tempos modernos.

Contos modernos III

Todo dia ela fazia sempre igual. Passava o dia no facebook, whatzapp, vídeos do youtube e quando precisava de algo, a cigarra moderna sempre jogava seu charme e seu objetivo alcançava. No passado, era aquela que dos trabalhos em grupo menos participava. Nas provas, dos colegas ela colava. Agora no trabalho, seu alvo, lógico! Quem de fato se esforçava.

Aquela formiga solitária, provavelmente uma misantropa, afinal o que faz uma formiga sozinha fora da Colmeia? Claro! Ela lembra bem da fábula, quem abriu a porta à cigarra foi uma formiga solitária. Julgaram a cigarra e a bondade da formiga, mas ninguém percebeu a estranheza de uma formiga solitária. Aquele alvo seria certeiro, então foi assim seus dias.

Logo o dia para tirar a prova dos nove chegou e ela de ajuda precisou.

- Bom dia querida formiga, como vai!?

- Bem.

- Vejo quanto você é esforçada e inteligente, preciso tanto da sua ajuda.

- Você prefere que eu te cobre à vista ou parcelado?

*tempos modernos

*imagens do Google

A penitência



- Padre, já fui na psicóloga em busca de explicação, no psiquiatra em busca de medicação e no abraço amigo em busca de compreensão. Estou aqui agora em busca de absolvição.

- Sim minha filha, pode falar.

- Fiz tudo que um ser humano faz, mas fiz tudo em excesso. Cometi todos os pecados capitais, mas em dobro. Vivi como se não houvesse amanhã, mas houve. Repeli pessoas amadas, magoei e afastei amores verdadeiros. Atos não tão repulsivos, mas repetitivos e quanto maior o afeto que possuía, mas eu feria. Perdi pessoas padre. Me perdi.

- Você sabe por que fez isso minha filha?

- Hoje sei padre. Mas, não alivia. É como lamber um leite já absorvido por um tapete persa.

- Bom gosto, o seu tapete.

- Padre, é sério.

- Filha, quero saber do seu hoje. Tirando o tapete persa, como você está?

- Me sinto bem, bem de verdade. Só quando teimo em lamber o tapete que congelo no tempo.

- Filha, vou te passar um pai-nosso e uma ave-maria.

- Padre, como assim só um pai-nosso e uma ave-maria? Você escutou os ditos pecados que cometi? Não está pequena essa penitência?

- Filha, sua vida já foi uma penitência. Sinta-se absolvida. Está na hora de lavar esse tapete persa, talvez quem sabe um tapete novo!?

quarta-feira, 4 de março de 2015

Diário cinematográfico Cinquenta Tons de Polêmicas


 A pedidos, vou resumir minha "opinião" sobre o filme "Cinquenta Tons de Cinza". Comecei a ler os primeiro capítulos e confesso que é excitável. Pronto, deixo então duas palavras que definem o livro, "excitável" e "comercial". Fora isso, não quero julgar a autora e nem a trilogia. Não tenho o direito de fazer isso. Mas, quero e devo citar algumas preocupações pertinentes, pois o que ouvi de suspiro após o filme é preocupante. 
O filme é apenas o começo e como não li nem 10% não sei se vai apresentar o sadismo na sua realidade. Até então, o que é apresentado é um jogo erótico entre adultos consentidos por ambos até que no final ela percebe o que ele deseja. Vê-la sentir dor. O perigo está aí. O sadismo não sendo consensual é ato pervertido e muitos que leram a trilogia nem sabe da origem do termo "sadismo". Acredite, o sadismo não é saudável e muito menos masoquismo (não me refiro ao jogo erótico citado anteriormente). Sadismo inclusive pode estar presente em estupradores. 

O termo foi utilizado pela psiquiatria (um pouco de preguiça de fazer um vasto relato histórico) com base na literatura polêmica até hoje de Donatien Alphonse-François, o Marquês de Sade. Diga-se de passagem seus livros foram escritos na prisão. Por conter bastante obscenidade, pedofilia, violência, perversão sexual, muitos o remetem apenas ao sadismo sexual. Engano total. Para Sade, o homem antes de ser um cidadão era um homem da natureza. Todo homem possue essa natureza e com seus escritos ele queria tirar o véu da moralidade que a civilidade lhe impõe e revelá-lo em sua verdadeira natureza. 
Sabe aquela notícia que aquela pessoa que, por mais que você goste sente uma certa satisfação em saber que ela foi demitida? Sabe aquele povo que pára e forma fila de carro só pra ver cadáver no chão? Acha que é só curiosidade? E o bandido que morreu e você diz "acha é pouco".  Já pensou no sentimento que você tem quando sabe que alguém está melhor que você? Já matou passarinho? Acha que falar mal da vida do outro é apenas fofoca? Estou resumindo Sade, pois ele relacionou muito das perversões às imposições da sociedade ao cidadão. Como disse anteriormente, a psiquiatria que pegou emprestado o termo. 

Estudando os comportamentos, estudiosos perceberam que, em pessoas com esse perfil sexual, também havia o conflito com a lei. Buscaram e buscam até hoje as conciliações dos transtornos mentais das ditas "parafilias" (DSM-IV) ou perversão sexuais (ICD-10) que podem ser patológicas, doentias e viciantes, por sua repetição. Vai depender muito do nível de excitação sexual na dor física ou psicológica do parceiro. Claro, para toda prática do sadismo, se faz necessário a presença do masoquista, que pode ser um tipo de codependente. A maioria dos "pervertidos" tiveram problemas na infância (o próprio Christian Gray no filme relata marcas tidas no tórax como queimaduras de cigarro e ser filho de uma mãe viciada que não lembra o rosto).
A literatura sobre o tema é vasto e infelizmente quem leu, assistiu e suspirou vai achar bem enfeitado o tema. Aí que entra o papel da família (sim, a maioria das leitoras foram adolescentes), da escola e da mídia em informar melhor. O sadismo, muito além de impor dor ao outro, pode ser algo contra si mesmo (exemplo de negação na infância e a vingança na mulher ou homem quando adulto). No caso do masoquismo, uma estratégia de fuga, de "deixar estar" e de desistência. Se não for tudo isso, for apenas o jogo erótico sexual CONSENTIDO por ambos, o que se faz em Vegas, fica em Vegas. 
Assim termino minha singela contribuição, chamando o enredo de excitável e comercial e o filme de A lagoa azul da Sessão da Tarde. Eu gostei muito da música (meu lado adolescente) tema: Love Me Like You Do. Agora, esse vídeo desse rapaz que deixo aqui embaixo, eu já ri demais. Contêm palavras obscenas e spoiler. Fica o aviso. 




Diário cinematográfico "Sniper Americano"



O Sniper Americano bateu recorde de bilheteria nos EUA. Sob direção do também ator Clint Eastwood demonstra a biografia de Chris Kyle, um ex-franco atirador da Marinha. Baseada na obra literária escrita por Kyle, o filme no meu ponto de vista não é uma produção com a finalidade apenas de homenagear e engradecer os soldados norte-americanos. Seria talvez um "os fins justificam os meios" para o Destino Manifesto dos EUA. Kyle, que foi assassinado por um veterano de guerra, Eddie Ray Routh, teve participação na Guerra do Iraque e contabilizou mais ou menos 160 mortes. Seu assassino foi recentemente condenado à prisão perpétua nos EUA e por mais que fosse alegado traumas pós-guerra, o júri popular levou a diante sua condenação. 


Pois então, eu gostei do filme. Apenas como filme. Atores lindos, fardas limpas e sempre engomadas, mesmo no vucuvuco e etc. Do contexto psicológico você fica apaixonada pelo patriotismo de Kyle em abrir mão da família para salvar sua nação. Será que sua esposa não entende isso minha gente? Até as discussões do casal são serenas, diferente do casal do filme brasileiro Tropa de Elite I, que a mulher tacá-lhe um tapa na cara no meio da discussão. Kyle, ao meu ver, mesmo no filme demonstra algo suspeito no treinamento ("como você se sente Sr. Kyle?" "eu me sinto perigoso" e quando acerta uma serpente "talvez eu seja melhor em atirar alvos que se locomovam"). 


Começa então a ação com sua convocação após os atentados que abalaram os EUA no dia
11 de setembro de 2001, ao meu ver, aí que começa o jogo dos sete erros de Eastwood. Não que ele fosse obrigado a citar nada disso no seu filme, mas a ausência de contexto histórico foi pecado capital. Para quem não se interessa por História, fica como verdade o que está na tela. Vale a pena citar RESUMIDAMENTE as buscas de George Bush por Osama Bin Laden (treinado por quem mesmo?) no Afeganistão, depois as buscas por Saddam Hussein com a denúncia de estoques de armas químicas e biológicas de destruição em massa e com a coalizão militar com outros países contra os iraquianos, deu início a um intenso bombardeio no local. E a tal das armas? Basta pesquisar no Google as atrocidades cometidas pelos soldados norte-americanos contra civis, sem contar mulheres. De tão nojento, decidi não reproduzir aqui. É repugnante. Não são todos, mas vá lá. Não me engane apenas com um filme. No fim de 2011, Barack Obama cumpriu a promessa e deixou livre o Iraque da ocupação e cheio de problemas. 


Não estou defendo os terroristas que são citados na obra de Chris Kyle como "o mal feroz e desprezível" e que no filme são chamados de "selvagens". Não é isso. Ressalto que o filme demonstra até a morte de Abu Musab al-Zarqawi, conhecido como açougueiro, guerrilheiro e líder terrorista. A capacidade de violência desses terroristas é inenarrável e indescritível. O aumento de adeptos ao terrorismo é alarmante e para explicar a gênese, motivos e grupos seria necessário mais de uma postagem. Aqui a questão não é o terrorismo ou a "lenda", mas a intenção do filme. Acredito piamente que foi um bom pai, marido e soldado. Teve seu lado perverso (humano talvez) pois é dele a frase: "talvez a guerra não seja diversão, mas eu gostei". A postagem toda é apenas para a análise mais pincelada do filme e não apenas geral. 

15/2015 Diário Literário


15/2015 - O Papa Emérito Bento XVI em 2009 assinou o decreto confirmando as "virtudes heroicas", proclamando "vulnerável" o Papa Pio XII. Diga-se de passagem, etapa prévia à beatificação, fato que levou protesto das comunidades judias. Já o atual Papa Francisco cogitou abrir os documentos do Vaticano e permitir o acesso, assim como cogita também dar continuidade a beatificação de Pacelli. Unindo a essas notícias, temos as críticas católicas e judias ao filme do Papa em questão, Shades of Truth (Sombras da Verdade) que foi avaliado como ingênuo e sem credibilidade. Vale acrescentar que, o pedido das comunidades judias é o retardamento de pelo menos uma geração para à beatificação do Papa Pio XII em respeito aos sobreviventes e claro, a disponibilidades dos documentos do Vaticano à sociedade acadêmica. Eis o resumo do homem tratado na obra O Papa de Hitler - a história secreta de Pio XII de Jonh Cornwell


Antes de tudo, quero registrar que Olavo de Carvalho escreveu uma nota sobre o livro, onde diz ter escrito um artigo no jornal O Globo contra o Papa XII baseado apenas na obra de Cornwell. Achei inocente da parte de Olavo, pois por mais que a obra nos incite a um posicionamento contra o vigário, o sentido fica dúbio no final. Por isso, para não repetir o mesmo erro, reproduzo aqui o que li do autor e do mais, a História que fale por si. Sem contar que é um tema que precisa ainda do acesso de vários documentos para poder de fato explicar o silêncio do Papa durante a Segunda Guerra Mundial. 


A dificuldade sobre o tema a princípio é o fato dos arquivos do Vaticano estarem sob sigilo a mais de 70 anos. Eugênio Pacelli era alguém reservado e solitário, sem diários antes de se manter Papa. Escreveu poucas cartas íntimas e nenhuma está acessível. O livro teve como base uma coleção de onze volumes com documentos publicados por determinação de Paulo VI. O autor levanta dúvidas sobre a integridade dessa coleção. Também teve como base: 

vasta documentação do longo processo que levou à assinatura da Concordata do Reich, entre o Terceiro Reich e a Santa Sé, em julho de 1933; arquivos sobre a relação do Vaticano, das Igrejas e do regime nazista que estão disponíveis nos arquivos governamentais em Paris, Londres e Alemanha; documentos para à beatificação de Pio XII, sob a guarda da Companhia de Jesus e algumas obras baseadas em suposições, conspirações ou depoimentos de sobreviventes. 


Das obras citadas no parágrafo anterior (que são várias) registro apenas algumas com ênfase na última, o que deixa claro como funciona as relações diplomáticas entre a Santa Sé e Israel. O autor Guenter Levy avaliou que o protesto poderia agravar a situação para os judeus e para os católicos, mas também afirmou que todo silêncio tem seus limites. O jornalista e ex-padre Carlos Falconi, publicou "O silêncio de Pio XII" em 1965, diga-se de passagem um material incriminador e polêmico. Já Robert Katz em "Black Sabbath" afirmou que Pacelli conspirou com o sistema nazista e que para proteger a Igreja institucionalizada, estava disposto a sacrificar as vidas dos judeus. Na época ele foi processado pela irmã e sobrinho do religioso, pois na Itália é possível abrir um processo no lugar de um morto. Não obtiveram sucesso. Logo após, Pinchas E. Lapide lançou um tipo de absolvição, afirmando que Pio XII fez mais que a Cruz Vermelha, salvando mais de 860 mil judeus. Vale lembrar que na época ele era cônsul israelense em Milão. Segundo o autor, Lapide queria aplaudir o "Esquema Judeu" no Segundo Concílio do Vaticano, "que tem todo o impacto de um reconhecimento católico oficial do povo judeu, seus direitos iguais e os laços católicos que ligam o cristianismo ao credo mais antigo". Porém, Lapide entra em algumas contradições que não é a intenção dessa resenha registrar. Comecei pelo assunto das bocas que falam atualmente e antes sobre Pacelli. 

Faço um resumo baseado no meu histórico de leitura na estante Skoob em tópico:


- Sobre a obra, começa com a história da família Pacelli. Sobre os parentes que antecederam Eugenio Pacelli, o papa Pio XII. A relação com o Vaticano começou com Marcontonio Pacelli, funcionário de Pio Nono (papa em 1846). O autor tenta utilizar o anti-semitismo já existente na formação clerical de Pacelli. Como se ele fosse influenciado pelo histórico de perseguição dos judeus existente desde os romanos para sua ação mais à frente. Com o Papa X, Eugenio Pacelli foi burocrata do Vaticano de 1913-1917, depois núncio papal na Alemanha de 1917-1922 e teve um importante papel na reformulação do Direito Canônico; 
- Meados da Primeira Guerra Mundial, a modelação do futuro papa Pacelli nas questões diplomáticas que envolvem judeus;

- A Concordata Sérvia atiçou os ânimos antes e depois do assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando. Esse alheamento de Pacelli já demonstra sua política externa padrão que será durante o Holocausto;

- Pacelli como diplomata na Alemanha pós-guerra e as concordatas (Bávara e Prussiana). Em 1930, torna-se cardeal secretário de Estado;

- A questão do catolicismo político e o catolicismo religioso. O primeiro era pedra de tropeço para Hitler, que começou a ser resolvido com o Tratado de Latrão em 1929, resolvendo antagonismo entre a Sé e a Itália desde 1870. Com o Tratado, os católicos italianos haviam sido instruídos pelo Vaticano a se retirar da política como católicos, o que deixou um vazio político no qual os fascistas se expandiram. O Tratado foi elogiado por Hitler e tudo que Pacelli queria no momento era conseguir assinar a Concordata do Reich. Pacelli tinha preocupações com a Alemanha e era contra o racismo expresso do nacional-socialismo, no entanto, seus medos eram maiores quando o assunto era o Triângulo Vermelho (Rússia soviética, o México e, em 1933 a Espanha). No México a questão eram as sucessivas revoluções indígenas, ao estilo comunista, que tinha pouca ou nenhuma relação, mesmo depois de 1917 com o marxismo. O presidente Plutarco Elías foi mandante de assassinatos de religiosos e a igreja tornou-se clandestina;

- A crise de 1929, o crescente sucesso do partido nazista na Alemanha, desemprego e diante da ameaça comunista, o Vaticano procurava uma cooperação entre a Igreja e a Alemanha, talvez temporária para propósitos específicos;

- Pacelli sempre quis uma concordata com a Alemanha, por várias questões históricas. O ensino doutrinário católico nas escolas e as escolhas dos sacerdotes fortaleceria a Igreja no local onde começou a Reforma Protestante. Já para Hitler, essa concordata deveria ser a nível do Tratado de Latrão, separar o catolicismo religioso do catolicismo político. Na Alemanha, o partido católico era o partido de centro, e esse não aceitava a Lei de Exceção, que garantia a Hitler poderes ditatoriais. Claro, em 1933 estamos falando da maioria de 23 milhões de católicos e uma força democrática. Após ser nomeado chanceler, Hitler já dava início com os camisas marrons às atrocidades aos judeus, e para os católicos nesse início "os judeus poderiam ajudar a si mesmo". A concordata foi escrita sem a participação do clero alemão, nem do Partido do Centro Católico ou a laicidade alemã e, até à sua assinatura o partido veio a ser dissolvido. Conseguindo com a Concordata o autoritarismo da Igreja-Estado o que Pacelli festejava era apenas o artigo 21, o que na verdade tornou cúmplice Igreja da Lei contra Superlotação em escolas e universidades (contra judeus). Enquanto isso, Hitler festejava o artigo 31, onde a Igreja proibia toda e qualquer manifestação política e de resistência contra às atitudes nazistas. Pio XI assinou sem conhecer a situação de perto, porém ciente que Hitler já dava manifestações de violência contra associações católicas na Alemanha. Seria apenas o início e Pacelli teria tido "como pudera assinar uma concordata com gente assim". Diante de toda criação de histeria anticomunista, não foi difícil para Hitler conseguir o que tanto queria." NotA concordata na prática e o protesto de Pacelli apenas para proteger os católicos da Alemanha que já sofriam violências. Viagem de Pacelli na América do Sul;

- O desfazer do Partido Católico na Alemanha foi algo desastroso. Pacelli percebeu isso tarde demais. Ainda assim, houve manifestações em massa contra a retirada dos crucifixos em 1936, e ao programa de eutanásia dos que tinha insanidade e doenças congênitas, em 1941 com certo êxito. A ordem foi revogada e o programa de eutanásia foi restringido e clandestino. Porém não houve nenhuma manifestação contra às atrocidades contra os judeus em massa. Contra os católicos, Hitler queria fazer o mesmo que Bismarck, mas mantinha o direito de assistir missa. Mas, nada se compara aos atos contra os judeus;

- A morte de Pio XI; a "coroação" de Pacelli em 12 de marco de 1939 e a invasão da Polônia pela Alemanha;

- Diante de todas as atrocidades, a preocupação maior de Pacelli em negociar que o Vaticano não fosse bombardeado;

- A "evangelização" na Croácia e todo extermínio dos católicos ortodoxos com conhecimento do Vaticano é de arrepiar a epiderme (claro, sem anacronismos). Sem contar os pedidos de socorro das autoridades judaicas no Oriente para a intervenção do Vaticano, sem resposta;

- A evangelização proibida nos territórios conquistados por Hitler. A perspectiva de acabar com a antiga divisão entre catolicismo romano e ortodoxo oriental. O crédito a Pacelli pelo uso de prédios religiosos extraterritoriais do Vaticano como refúgio para os judeus durante a ocupação de Roma pelos alemães e o uso dos mesmos para esconder nazistas criminosos e do Ustashe;

- A santidade de Pio XII. Seu comportamento eclesiástico;

-A Solução Final e o silêncio de Pacelli e sua pouca contribuição no discurso de natal, onde não cita nada contra à atitude nazista contra os judeus;

- Os Aliados invadem a Sicília em julho de 1943; a prisão de Mussolini; as prisões dos judeus de Roma pelos alemães;

- A prisão dos judeus romanos sob o nariz do Vaticano. O resgate de ouro que não obteve sucesso. O anti-semitismo de Pacelli sempre explicado com o medo comunista. A subestimação do próprio Pacelli em levantar um clamor que despertasse a explosão de católicos na Alemanha e em Roma, o que poderia ter feito Hitler pensar duas vezes sobre a Solução Final. E, o silêncio do religioso em rezar pelas almas dos judeus ou expressar pedido de desculpa por seu silêncio homicida;

- A libertação de Roma em 1944. Pacelli foi saudado como defensor, mas os comunistas também receberam créditos;

- Sobre os judeus húngaros, o núncio papal, Angelo Rotta dispensou notas ao governo condenando o tratamento dispensando aos judeus. Foi o primeiro protesto oficial contra a deportação dos judeus apresentado por um representante do papa. As caçadas e deportações continuaram, mas muitos milhares de judeus húngaros restantes em Budapeste foram salvos pela disponibilidade de esconderijos em lares católicos. O sucesso de uma ação tardia e que não foi movida pelo Papa;

- A energia de Pacelli para evitar que o comunismo italiano fosse vencedor nas eleições democráticas. Não conseguindo o modelo da Espanha para Itália, concedeu relutante sua benção à democracia. Na eleição de 1948 a ação papal é totalmente política. Prega-se que quem votar em comunista ou se confessar, será excomungado. As forças dos EUA também se fizeram presente contra o comunismo na Itália. Os democratas cristãos vencem, mas Pacelli continua com a ajuda financeira ao Plano Marshall . Não se pode ser católico e comunista ao mesmo tempo, era essa a ideia; 

- A situação dos católicos na Europa Oriental. Pacelli em nenhum momento cogitou a possibilidade de negociar com os comunistas, pois para tais, os católicos estimulavam a ociosidade, as atitudes burguesas e a injustiça. Já para a Igreja, os marxistas pregavam o ateísmo, a ditadura do proletariado, a abolição da propriedade privada e a guerra de classes. Os católicos também eram acusados de terem ficado do lados dos nazistas durante a guerra. Josef Mindszenty, feito bispo da Hungria, condenou os nazistas que o colocaram na prisão e criticou a invasão russa e seus ataques à igreja. Esse ataque dúbio foi apoiado por Pacelli. O bispo foi preso em 1948, torturado e acabou confessando sobre forte efeito de drogas. Depois de definhar na prisão, foi solto em 1956;

- Sua morte e os Papas após ele (até João Paulo II). Uma questão divisória dentro do Vaticano entre tradicionalismo e a inserção da Igreja no mundo secular. 

O livro tem muita informação, acho muito válida a leitura, mas também acho válido analisar o posicionamento do atual papa Francisco que muito tem acrescentado às relações internacionais e pedidos de paz. Mas, sempre me pergunto "Por que não foi encontrar o Dalai? Qual Guerra Mundial estamos tendo agora? Só por quê a China assim não o quis? Assim como Pacelli queria a "evangelização" da Igreja Oriental , o atual Papa tem busca se aproximar do Partido Comunista Chinês com o mesmo propósito. Como sempre digo, a História é cíclica e explica o presente.