segunda-feira, 30 de março de 2015

Diário literário

17/2015 "Está com o mal de amor", assim começa o prólogo do livro Amores que matam da autora e psicoterapeuta Patrícia Faur, escrito por Sérgio Sinay. O livro pode ser indicado principalmente para quem lê e acredita que o livro serve para uma grande amiga que passa pelas situações citadas. Comecemos a resenhar sobre o amor. Melhor, sobre o que não é amor. Aliás, melhor ainda, comecemos sobre o título. Amores que matam ou pessoas que se deixam matar pelo amor? Pois o livro aborda sobre pessoas que, em sua trajetória não conseguem desenvolver o amor em sua normalidade. Claro, seu conceitos prontos. 

O grupo trabalhado é o de pessoas com vínculos dependentes devidos às semelhanças que possuem com a dinâmica de outras drogas. Vínculos onde uma pessoa cuida excessivamente da outra pessoa e adoece gradativamente. Tal dependência é uma doença, e sabemos que o amor deve ser fruto da escolha e não da necessidade. O viciado (ou viciada, em sua grande maioria) não sente vício em uma pessoa em especial. Mas, em sentir a ânsia de ser amada. Por exemplo, a amante não sente vício no homem casado (quando se trata de uma relação doentia) e sim da promessa que ele vai largar sua esposa. 

No amor, a paixão esfria de forma sadia e as imperfeições não são motivos para o término. Para os dependentes, não se consegue sair da etapa da paixão. Vive-se do ser idealizado, do objeto desejado, da ilusão, da promessa e tudo isso remete às características das relações dependentes: Obsessão (pensamento excessivo pela relação e pessoa), controle (de tudo em relação a pessoa), tolerância (à dor emocional) e abstinência (diante da possibilidade imaginária ou não de término, chegam os sintomas de abstinência). 

Não pensem que estamos falando de mulheres feias, muito pelo contrário, estamos falando de mulheres bonitas e inteligentes. Em sua grande maioria o que  coincide em suas histórias é o passado obscuro, uma infância dura, uma família cujos pais tiveram grande dificuldade para cumprir com eficiência a sua função. Em suas histórias, há muita dor. Quando a família não consegue suprir as necessidades emocionais básicas, as pessoas crescem com fome de amor. A necessidade as torna escravas e não lhes permite escolher. as relações dependentes estão fundadas nessa necessidade e não na escolha. (31)

Nesse contexto que a autora dividiu o livro em sete partes: o vício em relacionamentos, o começo, a desilusão, quando ajudar faz mal, estresse conjugal, dependências afetivas e a recuperação. O capítulo sobre "Quando ajudar faz mal" traz uma análise muito boa sobre codependência. Em todos os capítulos existem exemplos de relacionamentos onde o homem amado torna-se o homicida da mulher dependente. A autora também discute sobre a escolha de profissões e traz no último capítulos sugestões de auxílio para a cura da dependência afetiva. Levando em consideração a nossa cultura que nos remete à dependência desde a infância, acho muito válido a leitura. Indico.