quinta-feira, 26 de junho de 2014

Resenhando 18° e 19°/2014 JUNHO


19° livro lido em 2014, o autor começa escrevendo sobre civilização e seus conceitos na introdução. Depois aborda no primeiro capítulo sobre a China e Lao-Tsé, Confúcio e Li (o anjo banido). Índia: de Buda a Indira Gandhi (que não teve parentesco nenhum com Gandhi e tive o privilégio de conhecer mais no livro "O sári vermelho" de Javier Moro). Um detalhe interessante sobre o budismo depois do período de Ashoka em Ceilão (e tão atual aqui no Ocidente): "Fiquei chocado (o autor) ao ver na parede de um mosteiro budista uma grande pintura mostrando o amável fundador do budismo ((uma das suas cinco regras morais era não matar nenhum ser vivo)distribuindo punições ferozes no inferno. Quando protestei, um monge me explicou que, a menos que a religião pregasse igualmente o terror, a virtude e a bênção, não conseguiria controlar o desenfreado individualismo da humanidade.

Egito - Das pirâmides a Akhenaton; hipótese da construção das pirâmides; código moral; arte e finaliza com breve biografia de Akhenaton e Ramsés. Filosofia e poesia no Antigo Testamento: o nascimento de uma nação. Os profetas; os filósofos; os poetas. Termina o capítulo praticamente "filosofando"...

Grécia - expansão geográfica; Heráclito, Safo, Pitágoras e Sólon (primeira parte). A época áurea de Atenas - o período entre o nascimento de Péricles e a morte de Sócrates, considerado o mais notável da história mundial para alguns.Finalizando Grécia e mesclando com Macedônia de Platão a Alexandre, o Grande.

Breve análise da Roma Republicana nos aspectos: familiar, religioso e disciplinar. Maneiras pelas quais o caráter romano foi moldado.Resumo sobre as guerras púnicas (Roma X Cartago). Fim da primeira parte sobre Roma que finaliza com a morte de César. O autor é muito objetivo e resume bem. De Nero a Marco Aurélio (na verdade o início do governo do seu filho Cômodo.

Primeiro relato que leio onde o autor não utiliza Flávio Josefo para descrever Jesus e o período histórico. Citou apenas Tácito, os evangelhos e epístolas.Capítulo sobre o crescimento da Igreja, o reverso da medalha, de perseguidos a perseguidores. Assim, cresce a religião denominada cristianismo na Idade Média. Ainda sobre Heloísa e Abelardo e a canção medieval.

Renascimento parte I: Norte da Itália, Florença e outras. A família Médici. Sobre o Renascimento parte II, metade do capítulo sobre Leonardo da Vinci.O Renascimento parte III sobre papas, mecenatos, Maquiavel.O declínio de Veneza e sobre a arte veneziana, o artista Ticiano.

A Reforma parte I. Sobre John Wyclif, o Cisma Papal (1378-1417), Jan Hus, Jerônimo de Praga, Desidério Erasmo (Elogio da Loucura)e a Alemanha às vésperas de Lutero (1300-1517). Capítulo excepcional para àqueles que costumam apontar apenas Lutero como "o cara" da Reforma sem analisar o contexto ao redor do mesmo que acabou possibilitando o acontecimento.

A Reforma - parte II Lutero e os "comunistas" (1517-1555). Sobre a indulgência de Leão X e Johann Teztel. O último vendeu indulgência perto de Witterberg (Frederico tinha proibido a pregação da mesma de 1517 em seu território).Os compradores perguntaram para Lutero e pediram para atestar a eficácia. Ele recusou. Textel o denunciou e tornou seu nome imortal na História. A Reforma como Revolução; A Dieta de Worms (1521); A Revolução Social (a guerra dos camponeses 1522-1536)e a visão de Lutero sobre o assunto (desça o sarrafo!); O "comunismo" anabatista (desvinculados dos menonitas e batistas norte-americanos) e o triunfo da Reforma (1525-1555). E ainda sobre o "herói" Lutero venerado por muitos: "Pois um reino deste mundo não pode sobreviver a menos que exista uma desigualdade entre os homens, de modo que alguns sejam livres, alguns prisioneiros, alguns súditos.

Sobre a Reforma Católica (1517-1563): Santa Teresa de Ávila que fundou alguns mosteiros carmelitas dotados de disciplina religiosa. Aliás, a escultura "O Êxtase de Santa Teresa" de Gian Lorenzo Bernini tenta (até consegue...) descrever uma de suas visões que adquiriram forma de êxtase religioso; Inácio de Loiola, também muito dotado de disciplina religiosa, fundador da Companhia Jesuítica (na época o objetivo dele e de um pequeno grupo era outro)e o Concílio de Trento (1545-1563).

Final do livro com Shakespeare (Renascimento)e Francis Bacon (Iluminismo)na era de Elisabete I (Reforma). Indico!

18° livro lido em 2014: cinco anos de pesquisa e o tema dividido em dois livros. O primeiro, da Pré-História até o Renascimento e esse, do Iluminismo até os dias atuais.Iluminismo, metade do século XVII e início do XVIII, começando o capítulo com os bailes de máscaras.Luís XIV - o Rei Sol da França e Charles II - Rei da Inglaterra: nada de demonstrar emoções. No período iluminista, seduzir e abandonar.Finalizando o capítulo sobre o Iluminismo: erotismo versus pornografia,os libertinos, Don Juan, Marquês de Sade, Casanova, a Revolução Francesa, a caminho do século XIX e os papéis distintos baseados na moralidade.

Início do período "Romantismo" de 1800 a 1914. Um tipo de amor impossível. Influência de Goethe. Do amor cortês ao amor romântico.A tradição romântica do século XII retorna no início do século XIX sob medida para a classe média. No que diz respeito à repressão sexual, mas não neste aspecto, foi marcado pela presença avassaladora de uma pequena mulher: a rainha Vitória. Sua época recebeu seu nome e sua marca.Sobre a mulher no período romântico.

O lance da boneca francesa que passa de uma mulher em miniatura para um bebê. A boneca que antes fora uma confidente foi substituída pelo aprendizado do papel materno. Eis que em 1920 surge o animal de pelúcia, pense!Já o animal de estimação ganhou importância desde a Corte de Luís XIV que rompeu com a indiferença cristã diante do animal que diziam ser desprovido de alma. A afeição de Rosseau a seu cão ajudou bastante na mudança de sentimento. Até o piano se tornou confidente que traduzia queixas e sua evolução está registrada em várias literaturas de época.

Sobre o namoro, casamento e outros comportamentos na era vitoriana.Freud e a psicanálise, diferente da psiquiatria, que apenas tinha como pretensão manter a sociedade livre da loucura alheia. Na psicanálise surge a possibilidade do indivíduo falar sobre si e sobre sua sexualidade no século XX.A doença feminina do século, obviamente a histeria. Caso de Bertha Pappencheim (Anna O.) e o relato de Joseph Breuer que a auxiliou pelo método da cura pela fala. Biografia dos transgressores: George Sand (Amantine Aurore Lucile Dupin), Oscar Wilde e Auguste Rodin. Belle époque...

Fim do capítulo sobre a era romântica, período victoriano e como o livro se trata em geral do Ocidente, o amor idealizado, que estraga relações reais. Papéis definidos historicamente e difíceis de modificar.A loucura toda na era do jazz e a crise de 1929.Muito interessante o tema "A força de Hollywood" e "A Segunda Guerra". Fim do capítulo "Século XX: primeira metade".

Penso que o título deveria ser "O livro das mulheres" porque a mulher aparece como protagonista na História diversas vezes. Mulheres sendo a mudança pelos seus comportamentos não padronizados pela sociedade mudando radicalmente o curso histórico, ou sendo vítima dos mesmos padrões e não participando de forma ativa. O livro todo é assim. Fim do capítulo Século XX: pós-guerra. Repetitivo demais ou tudo é muito cíclico.


Século XX: Revoluções. Rapaz, o chamado Contracultura foi uma loucura; movimento hippie; Woodstock; AI-5; movimento feminista (e saiba que a queima do sutiã não rolou, não nesse momento); movimento gay (pela segunda vez a autora afirma que a pílula possibilitou a saída do armário!); momento Stonewall; e um feed-back do livro 01 e 02 da pré-História aos dias atuais. Indico!

domingo, 22 de junho de 2014

17°/2014 Anarquia e cristianismo


Conheci esse autor (sociólogo/teólogo/protestante francês) na leitura de "Política de Deus Política do Homem" um estudo sobre o livro bíblico de Reis. O livro "Anarquia e Cristianismo" é uma aula de História! O autor deixa claro que rejeita absolutamente a violência e descreve a anarquia do ponto de vista de um cristão. Também aponta os motivos de desgosto do anarquismo com o cristianismo, fonte de muitas guerras. Dá-lhe História! No capítulo sobre "Bíblia, a fonte de anarquia". O autor começa o capítulo afirmando que anarquia (an-arkhé) não é negação de domínio ou desordem. O homem ocidental está tão persuadido de que a ordem na sociedade só pode ser estabelecida por um poder central forte, que questionar esses poderes, para ele, equivale a semear a desordem. Vale lembrar de Lutero e a revolta dos camponeses, só para reflexão. Entre outros assuntos é abordado para dar base ao título do capítulo: Referência sobre a Bíblia Hebraica, Jesus e a autoridade da época, o Apocalipse e o contexto histórico no qual foi escrito, a Epístola de Pedro (1 Pe 2.13-17)e Paulo em Romanos 13.1-7. No capítulos finais uma aula de História e demonstração de como o Estado absorveu o cristianismo nos primeiros séculos d.C: Sínodo de Elvira (313); conversão de Constantino (312-313); Sínodo de Arles (314)e o concílio de 314. Finalizando: "os cristãos engajados precisam evitar cair no balaio da ideologia em voga no momento. A Igreja foi monarquista na época dos reis, imperialista com Napoleão, republicana na República e agora socialista (a Igreja Protestante, ao menos) socialista como todo mundo". Palavras de um sociólogo e teólogo protestante. Indico!

terça-feira, 17 de junho de 2014

Revolta armada




Laurentino Gomes é autor dos livros 1808, 1822 e agora 1889. O autor na introdução comenta a falta de prestígio no calendário cívico brasileiro do episódio recente chamado Proclamação da República. Seus personagens são menos conhecidos que Tiradentes, Pedro Álvares Cabral e outros. Não justificando, mas apenas comentando, relata que o evento não resultou de uma campanha com participação popular, e sim foi um golpe militar com escassa e tardia participação das lideranças civis. O sangue que não foi derramado na derrubada da monarquia, verteu nos 10 anos seguintes (02 guerras civis, Revolda da Armada, Revolução Federalista, Canudos totalizando +ou- 35 mil vítimas). Aconteceu mais por esgotamento da monarquia do que do vigor dos ideais e da campanha republicana, com fortalecimento da Lei Áurea que deu combustível e o descontentamento nos quartéis desde o final da Guerra do Paraguai.
A improvisada cerimônia de Proclamação da República aconteceu sob a Marselhesa, o hino nacional da França e hasteou-se uma bandeira cujo desenho imitava os traços do estandarte dos EUA, substituindo apenas as cores azul e branco das faixas horizontais pelas cores verde e amarelo. A palavra república não era mencionada na noite daquele dia (15/11), nem mesmo no manifesto que o governo provisório divulgou assinado por Deodoro anunciando a deposição da família real e o fim da Monarquia. A consulta popular prometida por Benjamin Constant aconteceria apenas em abril de 1993, ou seja, 103 anos após 15 de novembro de 1889 em um plebiscito nacional. Venceu a República.
O capítulo 03 começa com o autor fazendo um resumo sobre a situação educacional brasileira no ano da Proclamação da República (de cada 100 brasileiros, somente quinze sabiam ler...). A agricultura respondia por 70% das relações comerciais e oito entre dez brasileiros moravam na zona rural. O autor relata, além desses dados, situações da Guerra do Paraguai e seus efeitos colaterais, as transformações urbanísticas das grandes capitais, Mauá - dos investimentos até a falência -, o café e a migração do Nordeste para o Sudeste, tal qual a importação de estrangeiros para trabalhar no lugar dos escravos. As rebeliões do Primeiro Reinado e da Regência são em sua grande maioria citadas, até findar com a frase "Quero já!" de D. Pedro II, episódio conhecido como o Golpe da Maioridade.
No capítulo "Miragem", a nobreza exótica e tropical, diferente da nobreza europeia, onde os títulos de nobreza eram hereditários. A farta distribuição de títulos e cargos como barganha nas relações de poder. Tudo tão atual. Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Habsburgo e Bragança, mais conhecido como dom Pedro II, governou o Brasil por 49 anos, começando como um adolescente e deposto em 1889 a duas semanas de completar 64 anos. A criação e educação de D. Pedro II e seus amores extraconjugais, bem mais discretos que os do seu pai. As viagens, as manias, os protocolos, o cotidiano do Imperador Pedro de Alcântara, como gostava de ser chamado. Sobre o Século das Luzes, muito interessante os relatos do contato de D. Pedro II e Graham Bell na Filadélfia. Sobre o mecanismo que reproduz a voz humana, D. Pedro II "Meu Deus, isso Fala! Eu escuto! Eu escuto!"; e D. Pedro II com Victor Hugo, autor de Os miseráveis. Insistência do Imperador. 
Capítulos sobre os republicamos, sobre a mocidade militar e o positivismo. Fundação da primeira agremiação positivista brasileira no RJ em 1876 e a divisão em 1890 em duas vertentes. A primeira, religiosa e a segunda ideológica e política. Permaneceu a segunda." Sobre o Marechal Deodoro da Fonseca, o fundador da República e sua frase antes do 15 de novembro: "República no Brasil é coisa impossível, porque será uma verdadeira desgraça. Os brasileiros estão e estarão muito mal educados para republicanos. O único sustentáculo do nosso Brasil é a monarquia; se mal com ela, pior sem ela". Pense se o cidadão queria o ato!
Capítulo sobre Benjamin Constant, professor de matemática e tenente-coronel. Benjamin não foi um personagem secundário na queda do Império. Sua carreira foi marcada por episódios polêmicos.
Capítulo sobre os abolicionistas e sobre as leis bizarras em relação à escravidão, tipo Eusébio de Queiroz, Ventre Livre chegando na Lei Áurea. Sobre a vida de Nabuco, José do Patrocínio, André Rebouças, Luís Gama... Sobre movimentos abolicionistas urbanos contra a permanência da escravidão rural. Sobre o Ceará e Amazonas, províncias que aboliram a escravidão no Brasil, Caifazes, Quilombo do Jabaquara e outros temas (inclusive um texto que você percebe na prova para professores retirados do livro do jornalista/autor; nada contra, mas nunca pensei...). Finalizando: "A Lei Áurea abolia a escravidão, mas não o seu legado" Emília Viotti da Costa.
Capítulo sobre Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafael Gonzaga, resumindo, Princesa Isabel. Acusada de católica fervorosa e submissa ao marido Conde d´Eu (estrangeiro) seus problemas com os republicanos e maçônicos começaram na Questão Religiosa entre 1872 e 1875. Ao anistiar os bispos envolvidos, Isabel fomentou ataques à monarquia que durariam até à assinatura da Lei Áurea. "Então senhora, seus destino é o convento" disse Silveira Martins à princesa que morreu no exílio, em 1921.
Sobre D. Pedro II e seu estado de saúde antes da Proclamação da República. baile na Ilha Fiscal em 09 de novembro de 1889. Atitudes do Imperador e do Marechal Deodoro diante do golpe armado, deslocado das ruas, sem qualquer participação popular, que chamamos hoje de Proclamação da República. Indico.




Karl Marx e Freud como base literária



A autora fez parte do início da luta pelos direitos femininos no Brasil em plena Ditadura Militar. Hoje, aos 83 anos, quase cega, pede ajuda financeira para poder continuar produzindo. Gostei dessa frase "Não trocaria esses 82 anos que tenho hoje pelos meus 30 anos”. Antes de ser feminista, a autora trabalhou com a Igreja progressista. Estudou física, mas acabou largando para se casar, não tanto pelo casamento, mas segundo a mesma, pela esquizofrenia da ciência. No início dos anos 60, descobriu a possibilidade de esquerda dentro da Igreja, mas após o golpe viu a entidade fechar acordos com os militares. Em 71 entrevistou Betty Friedman que acabou deixando uma péssima visão do que seria ser feminista, visão que persegue a causa até hoje. Tornando-se conhecida e lançando obras, tem seus livros apreendidos pelos militares e viaja então para os EUA. Segundo a autora, foi um porre de liberdade! Na volta ao Brasil, o movimento operário exige que o movimento feminista lute por uma causa comum, a de classes. Tendo que escolher, optou pela luta específica, afinal a opressão da mulher era anterior à sociedade de classes. Nasce assim o livro pós pesquisa, “Sexualidade da mulher brasileira - corpo e classe social no Brasil." O livro é resultado da pesquisa que fez, descrevendo o resultado em capítulos: uma descrição sobre a sexualidade feminina e a masculina com os seus impasses; a separação e a união para cada sexo; a visão materna no sexo masculino ... Tudo muito tenso. A primeira parte finaliza com o capítulo sobre o privado e o público. O comportamento de cada sexo nesses espaços. A questão é mais cultural que biológica Na segunda parte a autora começa a dar forma no título da sua obra, onde seu momento homem foi ao entrar no universo masculino do poder, comércio e política. Descrição das revoluções das décadas de 60 e 70 e os movimentos esmagados na década de 80, tudo em nome dos "bons costumes”. Fim da terceira parte com uma viagem louca da autora sobre pré-história e afins. Não explica muito bem o título, a não ser pelo fato de ter entrado no mundo da concorrência capitalista... parece mais um relato histórico da guerra dos sexos tendo sempre como apoio textos de Karl Marx e Freud.

Romance pré-histórico




Volume 02 da saga "Os filhos da Terra" (indicação do professor de Mitologia Grega, sr. Nikolaos Fotopoulos) dá continuidade à trajetória de Ayla na Série “Filhos da Terra”. A autora em 1976 estava desempregada e teve a ideia de escrever uma aventura pré-histórica. Em pesquisas não baseadas no mundo virtual, agradou a comunidade arqueológica internacional por seu retrato fiel da história da humanidade.
A personagem principal foi criada pela tribo dos Neandertais, mesmo pertencendo aos "outros". Suas diferenças físicas (evolutivas) foram motivos de estranhamento pelo grupo. Expulsa pelo novo líder teve que abandonar o filho e sobreviveu três anos sozinha em uma caverna. Do grupo, Ayla aprendeu a crença nos amuletos para proteção, o totem protetor (caverna), a propriedade das raízes medicinais e outros. Ainda que eles não tivessem ciência de termos como "proteína", "carboidratos" e "gorduras", essa seleção nutritiva possibilitou a sobrevivência, assim como a lembrança como base para o aprendizado.
Nessa obra, aparecem novos personagens e novas tribos, como os homens Jondalar e Thonolan, homens Cro-Magnon. Seus instrumentos acabam definindo também o grau evolutivo e as convivências permitem boas trocas de técnicas de instrumentos. Já são citados espíritos da natureza e a explicação dada por essas espécies e a influência sobre o grupo. Ritos sexuais para a fertilidade e as estatuetas femininas de pedra representando a visão humana da terra como a mãe de todos.
Também podemos analisar a observação do ser humano nas mudanças climáticas; o armazenamento e os trabalhos manuais; Há a presença de comunidades ribeirinhas e a construção primitiva de barcos com troncos de árvores, assim como o trabalho com o couro da camurça. Ayla acaba salvando a vida de Jondalar e sendo diferenciados, tentam se comunicar. Com uma enorme facilidade de aprendizado, a comunicação sendo possível, eles debatem sobre as suas crenças (totemXDeusa mãe). Ayla também domestica uma égua, fato novo para Jondalar. 
Sendo uma ficção que em dados momentos é romanceada e compostas de detalhes que tornam cansativa, a obra é válida para a análise do período Pré-histórico. Indico.

Triângulo amoroso na corte brasileira


A intenção da autora (que curto demais!) é revelar detalhes íntimos (ADORO!) do triângulo amoroso formado pelo imperador D. Pedro I, a imperatriz D. Leopoldina e Domitila, a marquesa de Santos. Na obra há a descrição da beleza natural do Rio de Janeiro e do cotidiano da cidade de forma constante. Os capítulos iniciais abordam o casamento real por procuração em Viena, sem a presença do noivo. Também relata sobre a paixão por Noémie Thierry, fato que quase impediu a aliança com a Casa de Habsburgo. Sendo treinada para ser uma esposa real, Leopoldina se adapta à corte, porém em toda a sua vida é tratada com indiferença por ser estrangeira. A vida social da corte é mesclada com a religiosidade e diversas festas santas. O livro também aborda o nascimento e morte dos filhos do casal, a volta de D. João VI a Portugal, o Dia do Fico, as viagens de D. Pedro I às províncias para apaziguar os ânimos separatistas e os vários conflitos entre brasileiros e portugueses. No relato da Independência, vários nomes e cargos, o que torna em um dado momento, a leitura cansativa. Finalmente sobre o triângulo amoroso, a exposição de várias cartas trocadas entre Domitila e D. Pedro I e a forma como a amante dominava seu par e a cena política. O livro finaliza com a morte da Imperatriz, o difícil rompimento entre os amantes e o novo casamento do imperador. Indico.

Artemísia Gentileschi


Artemísia Gentileschi foi uma artista que se destacou por vários motivos. Podemos citar entre eles o fato de ser a primeira mulher a entrar em uma Academia de Artes formada apenas por homens há muitos anos. Também sobreviveu da sua arte e suas pinturas registraram cenas bíblicas e mitológicas com a presença da violência. Com sua filha (ou sozinha) ela viajou por Roma, Florença, Veneza, Nápoles e Londres. Filha do também artista, Orazio Gentileschi, foi violentada sexualmente pelo professor e amigo da família, Agostino Tassi. A obra começa com o julgamento, onde demonstra também o pensamento atual que a culpa sempre será da vítima. Após o fracasso do julgamento, Artemísia casa por conveniência e se muda para Florença. Sua vida conjugal foi dividida entre a arte e a maternidade. Rejeitada a princípio pela Academia, suas obras começam a ser solicitadas a partir da ajuda de Michelangelo Buoranotti. Admitida em 1616 na Academia de Artes, passa também a ter encomendas da poderosa família Médici. Na obra, a presença do personagem histórico, Galileu Galilei. Artemísia parte sem o marido para Gênova, a pedido de um mecenas. Depois retorna a Roma e Londres, ao encontro novamente de seu pai. Apesar de ser um romance histórico, há a presença de relatos artísticos do período renascentista e uma possibilidade de conhecer, mesmo que não seja de forma mais aprofundada, a pintora que não quis pintar flores e seres inanimados como as mulheres da época. INDICO!

Romance do século XXI - aos diagnosticados e medicados


Primeiramente, o filme é uma contradição em relação ao livro. Por se tratar de transtornos de personalidades, faltou fidelidade até mesmo para a compreensão do mundo de Pat (bipolar) e Tiffany (depressão). De forma resumida, Pat é um professor de História que recebe alta do hospital psiquiátrico e retorna ao lar sem ter memórias recentes, principalmente em relação à sua ex-esposa. De forma obsessiva, tudo que ele faz em relação a manter sua cura é para terminar o tempo afastado, só que ele não sabe que o mesmo tem uma ordem judicial para se manter distante dela. É nesse contexto que aparece Tiffany, tão obsessiva quanto Pat. Suas histórias de vida apontam que os distúrbios passaram a fazer parte de suas vidas a partir de eventos traumáticos (Pat – adultério da esposa e Tiffany – morte do marido que ela assumiu a culpa). O papel da mãe de Pat e de seu psiquiatra é muito interessante, principalmente para quem precisa do tratamento dos transtornos. Já em relação ao pai, o que se percebe é a indiferença em relação a Pat, a obsessão pelo futebol e a ira impulsiva que ele não controla, o que por si só pode tornar o distúrbio uma possibilidade hereditária. Não sou da área. A amizade de ambos é a amizade mais bizarra que eu vi de forma literária. Já encontrei amor estranho que deu certo, por exemplo, "fulano" e Blimunda em Memorial de Convento de José Saramago. Pat e Tiffany não é o tipo de casal como Eduardo e Mônica, "fulano" e Blimunda ou Sherek e Fiona... O esforço de Pat, ainda que o objetivo torne-o compulsivo é muito interessante, ao levar em conta que a maioria das pessoas ditas sadias desiste cedo demais (seja dos objetivos ou do tratamento). Finalizo dizendo que o livro é o romance do século XXI de pessoas cada vez mais medicadas e diagnosticadas, o que não quer dizer que o livro em si é não seja um lindo relato que apesar das limitações psiquiátricas, todos podem alcançar seus objetivos. 

História do mundo em 50 frases

A intenção do autor é analisar frases conhecidas e apresentar de forma cronológica o contexto histórico no qual a frase foi proferida. Algumas frases e resumos:

O primeiro capítulo é sobre a frase "Conhece-te a ti mesmo" com dúvidas sobre quem de fato a pronunciou (Quílon - estadista espartano, Tales de Mileto - um dos Sete Sábios do Oriente, Sólon - estadistas também presente na visita dos Sete Sábios do Oriente ou Femónoe, a sacerdotisa do Oráculo de Delfos). Quem esculpiu na entrada do Oráculo de Delfos foi Quílon, só que a pedido de Femónoe, ainda assim a tendência aponta para Tales de Mileto, enfim... sua filosofia era que o conhecimento próprio nos traria soluções. Não fiz uma pesquisa profunda sobre essa questão.

"Sabes como ganhar uma batalha, não sabes como explorar uma vitória". Por mais que eu cite essa frase em situações onde as pessoas sabem mais viver em tempos de guerras e não nos tempos de paz, o contexto histórico é um pouco diferente. Dita por Maharbal para Aníbal, general cartaginês, que não quis invadir Roma na batalha de Canas. 

"A sorte está lançada" dita por Julio César antes de atravessar o Rubicão com suas tropas, porém a frase é do poeta Menandro. O autor não só explicou a frase como fez uma mini biografia de César.

"Errar é humano (e permanecer no erro é próprio dos imbecis)" dita por Marco Túlio Cícero, mas a frase é de Demóstenes contra o rei da Macedônia, Filipe II. A frase também foi elaborada por São Jerônimo "Porque é tão humano equivocarmo-nos como inteligente é admitir o erro". Da filosofia grega, para o latim e após para a Idade Média. Sensacional.

"Carpe diem" de Horácio, tão mal interpretada em um certo período histórico até os dias de hoje. Após a morte de Julio César quando Octávio assume Roma como imperador, Roma estava tipo nós na operação tartaruga da PM, temerosos. O povo romano queria voltar a respirar em paz. "Aproveita o dia de hoje e não confies no amanhã"... a tradução acertada pode ser compreendida como agarre, colha, ... afinal Horácio antes de ser patrocinado por Caio Cilnio Mecenas (mecenato!) passou por grandes dificuldades. Disse ele certa vez: "A pobreza me levou à poesia". Assim fica mais fácil entender o "Aproveita o presente!" (tradução para o português). 

"Lavo as minhas mãos" de Pôncio Pilatos. Me amarrei na versão histórica que não culpa apenas os judeus pela morte de Cristo e sim responsabiliza o próprio autor da frase. O esperto acalmou o povo e o seu superior, danadinho. 

"O dinheiro não tem cheiro" quando o general Vespasiano (governando Roma) impõe tributo sobre a urina para curtir um tipo de pele e seu filho não gosta. 

"Com este símbolo vencerá" Constantino, essa nem precisa explicar, só sinalizar para o cristianismo político econômico que temos a partir de então.

"Dividir para governar" Luís XI (1423-1483). Tão atual! O cidadão tanto fez, que seu filho Carlos recebeu como herança uma França unida e ampliada, na qual o poder do rei aumentara de forma considerável.

"Os fins justificam os meios" Nicolau Maquiavel (1469-1527) frase do livro "O Príncipe" super conhecida. Obra dedicada ao poderoso Lourenço de Médicis e provavelmente o modelo de príncipe foi César Bórgia. O conselho de Maquiavel de utilizar a violência como meio para obter um fim tinha o objetivo de criar um Estado seguro num tempo inseguro. Tão atual!

"Aqui estou, de outra maneira não posso" Martinho Lutero (1483-1546). Bom, segundo o autor a frase é lenda, assim como não está provado que ele tenha cravado na porta da Igreja de Wittenberg o texto com as suas teses (ele teria apenas distribuído o texto). Na hora que a Igreja pediu que ele se retratasse, ele negou e disse ao fim do discurso "Que Deus me ajude!" e não a frase do título. O autor fez uma mini biografia de Lutero e da Reforma Protestante.

"No meu Império nunca se põe o sol" Carlos V (1500-1558). Hoje essa frase poderia ser usada em relação aos serviços domésticos ou quando na empresa o trabalho não acaba nunca. No contexto histórico, Carlos foi herdeiro do trono da Espanha, Países Baixos, da Flandres, da Áustria, da Boêmia e de extensas zonas da Itália. Assim como territórios conquistados por Cristovão Colombo. Além de proteger fronteiras, manter cidades, ainda teve que lhe dar com a Reforma Protestante, sendo ele extremamente católico.

"O conhecimento é poder" Francis Bacon (1561-1626) na obra Meditationes Sacrae de 1597. O sentido era "Pois a ciência é, em si mesmo, poder". Na segunda edição, publicado em inglês "O conhecimento é, em si mesmo, poder". Em 1620 " a ciência do homem constituiu a medida do seu poder". Logo, o sentido da frase atualmente parece ser de conhecimento que resulta em poder. Bom, é isso ... não sei o que fizeram com a ciência.

"Penso, logo existo". René Descartes (1596-1650). A frase sempre parece solta, pois quase ninguém leva em conta que o autor da mesma transformou no método da sua ciência e no fundamento de todo o conhecimento: a dúvida.

"O Estado sou eu!" Luís XIV (1638-1715) conhecido com o Rei Sol. Sua marca registrada, egocentrismo e a fé inabalável de ser um eleito de Deus. Eu gosto desse personagem histórico, uma figura. Com a Revolução Francesa veio a resposta que soou por toda a França "O Estado somos nós.

"Laissez faire!" Pierre de Boisguilbert (1646-1714) Utilizada pelos partidários (fisiocratas) da instauração de um modelo alternativo ao mercantilismo. Resumindo: para combater a intervenção estatal do período absolutista, "Deixar a liberdade e a natureza trabalharem". Depois em 1776, usada por Adam Smith, "laissez faire, laissez passer", a mão invisível que organiza entre os agentes econômicos sem restrições governamentais. Precursor do sistema econômico liberal clássico (neoliberalismo Margareth Tatcher e outros).

"O homem nasce livre, porém, em todos os lados está acorrentado" Jean-Jacques Rousseau (1712-1788). Tornou-se subitamente famoso aos 37 anos quando escreveu um texto para um concurso proposto pela Academia de Dijon "Em que medida a arte e a ciência contribuíram para a melhoria dos costumes?" Rosseau detona afirmando que não contribuiu pra nada, muito pelo contrário, serviu apenas para mascarar a injustiça da sociedade. Pense!A Academia abriu um segundo concurso "Tipo como havia surgido a desigualdade e etc?" De forma resumida, o homem ao marcar território para propriedade deu início à opressão e desigualdade. Respostas que podem ser lidas no seu livro O Contrato Social que inicia com a frase tema.

"Tempo é dinheiro" Benjamin Franklin (1706-1790)Sua história é bem conhecida, relacionada com a Independência dos Estados Unidos e elaboração do projeto de Declaração de Independência de Thomas Jefferson. Na mais pura tradição puritana e condição de americano prático, ligou atividade e a fé em Deus na fórmula otimista: "Ajuda-te a ti mesmo, e Deus te ajudará!" Na sua obra "Conselhos para um jovem comerciante" o primeiro conselho rezava a frase tema.

"Se não tem pão, comam brioches" Maria Antonieta (1755-1793). O mais provável é que ela não tenha dito tais palavras no período da Revolução Francesa. Rousseau, escritor de sucesso na época escreveu suas Confissões e alguém provavelmente extraiu a frase e relacionou com Antonieta. Na menção do filosofo ele nem cita nome. Tal princesa falou quando viu o povo faminto e alguns opinam por Maria Teresa de Espanha (1638-1683), a esposa de Luís XIV. Quando Rousseau escreveu, Antonieta ainda era uma menina e vivia na Áustria.

"A revolução devora os seus filhos" (Pierre Victurnien Vergniaud - 1753-1793). De revolucionário (Revolução Francesa) à decapitação no período do Terror de Robespierre. (Acho que vi isso na Revolução Russa, eu só acho). A Democracia também "assim como Saturno tem devorado seus filhos".

"Quarenta séculos vos contemplam" Napoleão Bonaparte 1769-1821. Supostamente disse aos seus soldados na campanha militar no Cairo/Egito diante das pirâmides.

"A guerra é uma mera continuação da política por outros meios" - Carl von Clausewitz (1780-1831). Do seu livro "Da guerra" publicado pela esposa após sua morte. Gostei mais da frase "O saber deve converter-se em capacidade.

"A propriedade é um roubo" - Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865)Provavelmente não se opunha à propriedade privada em si, mas os lucros obtidos que não tivessem sido obtidos com o próprio trabalho. "Clara" distinção entre possessão e propriedade. Desenvolvimento individual, livre de qualquer tutela.

"Proletários de todos os países, uni-vos!" Karl Marx (1818-1883). Gostei muito do texto sobre o autor da frase, pois não foi o extremista que ataca e muito menos o utópico que idolatra Karl Marx. Muito interessante.

"Falem baixo e andem com um grande bastão" - Theodore Roosevelt (1858-1919). Ainda que o ursinho Ted tenha recebido o nome por causa de Roosevelt, a frase que na verdade é um provérbio africano demonstra uma política utilizada até hoje. Na época, a política externa ficou conhecida como big stick, que resumindo é "fingir ser amigo da democracia e ajudar os países a mantê-la e descer o cacete em países que atrapalharem os projetos dos EUA. Diferente da Doutrina Monroe que se resumia em não mexam conosco que não mexeremos com vocês. A política de Roosevelt vai mais de encontro com o Destino Manifesto.

"A confiança é boa, mas o controle é melhor." Vladimir Ilich Lenin (1870-1924)- Lenin nunca escreveu explicitamente essa ideia, contudo nas suas obras encontra-se frase parecida. Outra frase também muito citada era o velho provérbio russo "confia, mas verifica". Seja como for, aconteceram fatos que distorceram o princípio socialista francês Louis Blanc "Cada um de acordo com as suas capacidades, cada um de acordo com as suas necessidades.

"Deus não joga dados". Albert Einstein 1879-1955 Frase que escreveu para Max Born, um dos representantes da mecânica quântica. Tipo a ideia do acaso (quântica) não é compatível com a ideia de Spinoza de previsibilidade de todos os acontecimentos naturais, ideia partilhada por Einstein. O que chamamos de acaso é apenas falta de conhecimento sobre as causas.

Quereis a guerra total? Joseph Goebbels (1897-1945). Pena que não foi abordado a outra frase "diga uma mentira mil vezes e se tornará verdade", dita pelo ministro de propaganda de Hitler. Mas, o contexto é o mesmo.

O inferno são os outros. Jean-Paul Sartre (1905-1980) Após a morte, no inferno, com o estorvo da existência dos outros, não podem mais morrer e nem matar, afinal todos já estão mortos. O tal inferno não era de enxofre e sim da convivência com o outro. O interessante é que no final da peça teatral "A porta fechada" escrita em 1944, os personagens decidem não irem para a liberdade e permanecem na existência do inferno.Do outro. Mais ou menos isso, eu acho.

A tentativa de criar o céu na terra produziu sempre o inferno. Karl Raimund Popper (1902-1994). Crítica ao comunismo e fascismo.

Eu sou berlinense. John F. Kennedy (1917-1963). Tipicamente campanha eleitoral que se aproveita do período histórico, no caso, o bloqueio de Berlim ocidental por parte da União Soviética.

Para os apaixonados em História, indico!