sexta-feira, 14 de março de 2014

Quem gosta de ler é melhor do que quem assisti BBB?

Alguém, por um motivo desconhecido, disse que o mundo precisava de mais pessoas como eu, que gostem de ler ao invés de assistir Big Brother e novelas. 

Após reflexão e conhecendo várias postagens posso pontuar minha opinião sobre isso. Acredito que existe um vício quando a vida deixa de ser interessante e nos torna um voyer. 

A diferença está na intenção de se assistir tais programas. Quem  me garante que em certos momentos ler para mim não foi uma fuga da realidade ou um interesse em personagens literários?

 Não considero mais inteligente quem leia, não acredito em pessoa mais inteligente e sim mais esforçada. Alguns vão ter que se esforçar mais do que outras pessoas para alcançar algo. Mesmo a meritocracia não sendo regra geral. 

Sempre julgo a intenção de quem produz um livro ou um programa e a intenção de assisti-lo. Se for entretenimento, quem sou eu para julgar? Mesmo sendo irreal, ninguém pode aprender nos ditos programas banais? 

Sobre quem lê ser mais elegante! Discordo, sempre leio dez livros ao mesmo mesmo e não sou elegante, tenho estilo próprio que é diferente. 

Sobre ser perigosa? Sim, iremos usar situações literárias que aprendemos nos livros, hehe, sempre dá certo. 

Leitura pra mim foi um prazer quando criança  me senti sozinha e ali tive que decidir como reagir diante do desamparo de afeto quando criança. O que estava ao meu alcance era um livro chamado Força para Viver. Graças a Deus, pois não me sentindo mais desamparada, criei o hábito e o gosto pela leitura. 

Ler antes de dormir sempre me ajudava no sono, pois até pra sentir sono precisa ter foco, pelo menos no meu caso. Depois da acupuntura tenho apagado e dormido sem interrupções.

 Não forço ninguém a ler, tentei motivar meu filho, mas nunca obriguei. Quando identifico um leitor, invisto e tenho trocas maravilhosas. 

Leitura torna uma viagem longa em prazerosa, torna um engarrafamento impossível de estragar meu dia e sempre que sinto sentimentos ruins leio. 

Eu admiro uma capacidade na criação e elaboração de um livro, crônica e artigo. É a intenção de quem produz e de quem lê que precisa ser analisada. Não li Cinquenta tons de cinza (apenas os primeiros nove capítulos e achei sagaz a ideia) por falta de tempo. Não prometo que não vou ler. 

Pedi o livro do Lobão na estante Skoob, pois sempre me baseando em páginas dos outros tomei posicionamentos e quero formular o meu, pois sou capaz disso. 

Não sou melhor do que ninguém por ler muito, meu único conselho é que o que se gosta de fazer não tire sua obrigação existencial que é viver. Existem intenções que podem nos tencionar à alguma opinião. Não me acho superior, apenas uma leitora compulsiva que tem muita imaginação e achou o instrumento certo para trilhar o caminho da vida. Só isso.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Dia Internacional da Mulher










Amanhã, 08 de março, DIA INTERNACIONAL DA MULHER. Decidi não escrever os fatos que resultaram nessa data, apesar de que historicamente a mesma exista para relembrar e não comemorar. Acredito que haja motivos para ambos, relembrar as opressões e comemorar as vitórias. Tentei encontrar homens para oferecer esse texto e não mulheres, felizmente (pois corri o risco de não achar nenhum) achei dois amigos docentes e decentes. 

O primeiro, Roque Oliveira, por ser um homem que sendo um bom cidadão, bom filho, bom professor e bom amigo que poderia até se achar no direito de “ser” machista. Sendo das Exatas, confesso que sabe mais de História que eu, e nunca se sentiu na necessidade de me diminuir para que ele se tornasse superior. Ele sabe quem é.
O segundo, professor de Educação Física, Salatieu Eurípedes, pois me chamou recentemente de feminista e eu tão cansada desses debates com “amigos” próximos neguei irritada. O mesmo disse: sim, você é, pois luta por igualdade, luta por melhores condições do sexo feminino, se expõe ao máximo contra a violência doméstica e sexual. Logo respondi, “sim, eu sou”. Que visão perfeita de um homem a respeito de uma feminista que por conhecê-la tão bem não se baseou em estereótipos. Dedico esse texto a ambos. Acredito que na sociedade exista uma pequena parcela de homens como vocês, espero encontra-los. 

A intenção do texto é fazer um relato histórico sobre algumas opressões patriarcais, tentando não ser anacrônica, mas para demonstrar aos que desconhecem a História, que tudo isso tem gênese e permanece por vários motivos que não vou citá-los aqui, pois a perpetuação de uma opressão é feita por ambos os sexos, por isso que não ofereço esse texto de maneira alguma às mulheres (vou me contradizer de certa forma no final). Elas não acreditam que um departamento dê certo apenas com mulheres, elas acreditam que ao se envolver com um homem casado a safada é a mulher, elas julgam mulheres por suas vestes e assim vai. Enfim, somos todos treinados pelo senso comum a agir assim, mas temos o livre arbítrio diante da injustiça, pois o silêncio dos bons é tão nocivo quanto à guerra em escala mundial. Não quero aqui debater Teologia, pois como afirmou Marx, a religião é o ópio do povo. Saindo um pouco do contexto histórico e me reutilizando da frase para o contexto afirmo que é muito fácil falar do plano de salvação, quando historicamente não se é a vítima. Mais fácil ainda é citar a vontade de Deus e esquecer que não devemos nos contentar com o século atual. 

Bom, oferecido o texto, gostaria agora de fazer os devidos agradecimentos, já que nunca houve e nunca haverá opressão contra a mulher, pois elas se tornaram vulgares, mães solteiras, ganham mais que os homens, estudam ao invés de cuidar da casa e resumidamente, são o câncer da sociedade contemporânea. 

Gostaria de agradecer:

- aos escritores da História que anularam minha participação no Neolítico, na domesticação de animais e agricultura (sei que estás a pensar na era tecnológica e o que tem com isso. Não gastarei meu latim com você, ameba que se diz pensante). 


- às sociedades patriarcais da Idade do Metal que na propriedade de terra e bens ao descobrir a herança se apossou do meu corpo. Não para uma aliança harmônica dotada de amor e sim para a certeza que o herdeiro era de fato merecedor;

- aos maridos de Atenas (se não sabe o motivo, se vira);

- aos maridos espartanos que me enxergaram como procriadora;

- a Aristóteles que ao perceber a ausência de um dente me enxergou inferior a si mesmo;

- ao exército romano que violentou minhas filhas por orgulho ferido ao perder a guerra para uma rainha celta na era de Bronze;

(coisa demais para agradecer... pulemos um pouco)

- aos vários escritores medievais que me consideraram maldita por vir de uma costela torta e ter tornado assim minha vida um inferno desde então;

- aos vários casamentos que me deram como contratos sociais por interesse próprios e não o meu;

- aos inquisidores que me queimaram por ranger o dente ao dormir;

- aos escritores que descreveram as ameríndias vulgares e não levaram em conta costumes tribais;

- aos projetos de estado durante certas guerras que me obrigaram (e aos meus filhos) a sair de casa e trabalhar em fábricas e se sentiram ofendidos, pois não quis e não pude voltar;

- aos pregadores que professam até hoje as doutrinas paulinas e não citam os relacionamentos de Cristo com as mulheres (inclusive sustentado por várias);

- aos queridos amigos e amigas que acreditam que a violência sexual só existe devido à roupa da vítima;

- aos mesmos que acreditam que uma mulher apanha em casa é porque gosta mesmo é de apanhar;

- aos maridos que descansam em seus lares enquanto nos aproveitamos do resultado da pílula e da queima de sutiãs, trabalhando em dois lugares, dentro e fora de casa;

-aos que me tentam me intimidar pela escolha em ter apenas um filho e ficar solteira, pois estudar e cuidar de marido é cansativo e eu pretendo passar em um concurso;

- aos chateados que iludidos pelo Estado e toda sua exploração, acredita que tiramos algo deles;

- aos bestializados que se deparam com mulheres em funções ditas “masculinas”;
- aos inseguros que precisam tentar nos diminuir para se sentirem superiores e sempre terminam a fala como palavras: hormonal, geniosa, “feminista”, mal comida, falta de sexo, falta de macho...

Se você não se identificou em nenhum desses agradecimentos, abstenha-se de criticar, pois posso saudar-te com Príapo. 

Mas de verdade, quero mesmo agradecer esse texto às mulheres que não se intimidam. Gostaria de citar várias, historicamente falando, e algumas que conheço pessoalmente, mas sei que vários textos vão fazer essa honra. Ofereço esse texto pra mim, que sou mulher com “H” (háháhá) maiúsculo e não nasci mulher, mas me tornei (Beauvoir). E finalizando, oferecer aos homens que sei que existem e que não se intimidam com mulheres como nós. Conseguem enxergar nossos traços femininos e nossa delicadeza, e participam dessa luta. Sim, precisamos dos homens, porém homens em processo de cura, curados e “femininos, sem perder o jeito masculino (Pepeu Gomes)”. Findo assim, um dia antes da data, gosto de me anteceder.  Sei que posso não agradar, from hell. 

Os: citei pouco, cite levei, mas quem de fato conhece a História, as estatísticas, e quem percebe de fato as injustiças ao seu redor, sabe que não é necessário o excesso.  Que venha os outros dias, após o dia 08/03.