quarta-feira, 4 de março de 2015

Diário cinematográfico Cinquenta Tons de Polêmicas


 A pedidos, vou resumir minha "opinião" sobre o filme "Cinquenta Tons de Cinza". Comecei a ler os primeiro capítulos e confesso que é excitável. Pronto, deixo então duas palavras que definem o livro, "excitável" e "comercial". Fora isso, não quero julgar a autora e nem a trilogia. Não tenho o direito de fazer isso. Mas, quero e devo citar algumas preocupações pertinentes, pois o que ouvi de suspiro após o filme é preocupante. 
O filme é apenas o começo e como não li nem 10% não sei se vai apresentar o sadismo na sua realidade. Até então, o que é apresentado é um jogo erótico entre adultos consentidos por ambos até que no final ela percebe o que ele deseja. Vê-la sentir dor. O perigo está aí. O sadismo não sendo consensual é ato pervertido e muitos que leram a trilogia nem sabe da origem do termo "sadismo". Acredite, o sadismo não é saudável e muito menos masoquismo (não me refiro ao jogo erótico citado anteriormente). Sadismo inclusive pode estar presente em estupradores. 

O termo foi utilizado pela psiquiatria (um pouco de preguiça de fazer um vasto relato histórico) com base na literatura polêmica até hoje de Donatien Alphonse-François, o Marquês de Sade. Diga-se de passagem seus livros foram escritos na prisão. Por conter bastante obscenidade, pedofilia, violência, perversão sexual, muitos o remetem apenas ao sadismo sexual. Engano total. Para Sade, o homem antes de ser um cidadão era um homem da natureza. Todo homem possue essa natureza e com seus escritos ele queria tirar o véu da moralidade que a civilidade lhe impõe e revelá-lo em sua verdadeira natureza. 
Sabe aquela notícia que aquela pessoa que, por mais que você goste sente uma certa satisfação em saber que ela foi demitida? Sabe aquele povo que pára e forma fila de carro só pra ver cadáver no chão? Acha que é só curiosidade? E o bandido que morreu e você diz "acha é pouco".  Já pensou no sentimento que você tem quando sabe que alguém está melhor que você? Já matou passarinho? Acha que falar mal da vida do outro é apenas fofoca? Estou resumindo Sade, pois ele relacionou muito das perversões às imposições da sociedade ao cidadão. Como disse anteriormente, a psiquiatria que pegou emprestado o termo. 

Estudando os comportamentos, estudiosos perceberam que, em pessoas com esse perfil sexual, também havia o conflito com a lei. Buscaram e buscam até hoje as conciliações dos transtornos mentais das ditas "parafilias" (DSM-IV) ou perversão sexuais (ICD-10) que podem ser patológicas, doentias e viciantes, por sua repetição. Vai depender muito do nível de excitação sexual na dor física ou psicológica do parceiro. Claro, para toda prática do sadismo, se faz necessário a presença do masoquista, que pode ser um tipo de codependente. A maioria dos "pervertidos" tiveram problemas na infância (o próprio Christian Gray no filme relata marcas tidas no tórax como queimaduras de cigarro e ser filho de uma mãe viciada que não lembra o rosto).
A literatura sobre o tema é vasto e infelizmente quem leu, assistiu e suspirou vai achar bem enfeitado o tema. Aí que entra o papel da família (sim, a maioria das leitoras foram adolescentes), da escola e da mídia em informar melhor. O sadismo, muito além de impor dor ao outro, pode ser algo contra si mesmo (exemplo de negação na infância e a vingança na mulher ou homem quando adulto). No caso do masoquismo, uma estratégia de fuga, de "deixar estar" e de desistência. Se não for tudo isso, for apenas o jogo erótico sexual CONSENTIDO por ambos, o que se faz em Vegas, fica em Vegas. 
Assim termino minha singela contribuição, chamando o enredo de excitável e comercial e o filme de A lagoa azul da Sessão da Tarde. Eu gostei muito da música (meu lado adolescente) tema: Love Me Like You Do. Agora, esse vídeo desse rapaz que deixo aqui embaixo, eu já ri demais. Contêm palavras obscenas e spoiler. Fica o aviso.