quinta-feira, 29 de agosto de 2024

Mar Morto/Jorge Amado

 


Jorge descreve a comunidade pesqueira e a forma resignada e mítica que todos ali aceitam os seus destinos.

Se é doce morrer no mar, não é tão suave viver para o mar. Também não é tão fácil viver como sombra, como parte, como dependente, como esposa daqueles que para o mar vivem.

Não é somente sobre Guma. É sobre Lívia; sobre Rosa Palmeirão; sobre Maria Clara; sobre Esmeralda e outras mulheres destinadas ao papel de coadjuvantes de seus companheiros.

Iemanjá, Iara, Janaína, Santa de Mont Serrat, seja qual for o nome: personifica os vários papéis femininos de excelência e papel central. Nem que seja no mundo mítico, pois para as esposas e filhas só cabem esperar seus amados. Para devolver ao mar: vivos ou mortos.

No meu mundo particular, lembrei de 1989, eu com 11 anos. Cabuçu/BA. Garçonete na barraca de praia do vô. Vó uma mulher brava. Quase sequestrada pelos ciganos. Pesca em noite de lua cheia. Mangue. Siri. Caranguejo. Salinas. Marisco. Lavagem de corda de caranguejos vivos na beira da praia. Que máquina do tempo a literatura me proporcionou.