quarta-feira, 9 de março de 2016

Quem me roubou de mim?


"Há pessoas que nos roubam. Há pessoas que nos devolvem."

O livro nasceu do desassossego provocado por lágrimas que o autor chorou e consolou. Não é uma proposta de ensaio teológico, mas uma reflexão sobre cativeiros afetivos e suas desastrosas consequências.  Pe. Fábio de Melo convoca com a leitura o olhar do leitor para os seus relacionamentos, identificando neles posturas que, em nome do amor, possa nutrir o sequestro da subjetividade. Em nome do amor, nos tornamos vítimas ou algozes. Impomos ou aguentamos fardos; aprisionamos ou nos tornamos prisioneiros; e por ser prática comum, nos sentimos justificados.
Absorvidos pelos cansaços da vida que vivemos, pouco tempo nos resta para o cultivo de uma vida interior (18). Tal realidade nos impede de cultivar o nosso interior, nos empurrando aos braços de outros que vivem a mesma negligência. Os sequestros são iniciados assim.
Sequestros subjetivos são aqueles que perdermos nossas identidades, a posse de nós mesmos, o cativeiro nos leva a ausência de nós mesmos, o esquecimento do nosso ser. Relações saudáveis são relações que nos devolvem a nós mesmos, e, o melhor, devolvem-nos melhorados.
Tornar-se pessoa é estabelecer o equilíbrio entre os dois pilares, disposição de si e disponibilidade para o outro. Em um mundo acelerado, confuso entre prazer e desejo, enraizado no mito do amor romântico, os sequestros são frequentes. Cabe ao ser a superação da idealização, afinal não existe a pessoa ideal, mas sim a pessoa certa.
Para o autor, o sequestro da subjetividade, de alguma forma já nos atingiu. Ou porque promovemos o sequestro de alguém, ou porque estamos vivendo os lamentos de um cativeiro em que fomos colocados. É hora de reação. Não importa onde estamos. O que importa é aonde podemos chegar. Livres... Indico. 


"Temer uma realidade ou uma pessoa é o mesmo que lhe entregar o direito de nos assombrar constantemente" (46)

"Quando somos plurais, só o podemos ser se estivermos na posse de nossa singularidade, caso contrário, a pluralidade nos esmaga" (62)

"É comum que nossa capacidade de amar esteja condicionada pelas nossas necessidades" (75)

"A teologia cristã nos ensina que o conhecimento de Deus nos coloca em contato com o ser humano que Ele deseja que sejamos" (76)

"...ao sujeito cabe a função de realizar a ação do verbo" (92)