segunda-feira, 7 de março de 2016

A festa é minha e eu choro se eu quiser


Maria Clara Drummond, carioca, nascida em 1986, formada em jornalismo, se arriscou como escritora na obra A festa é minha e eu choro se eu quiser. Eu, particularmente, acredito que ela acertou em cheio. Não se iluda com a pequena quantidade de páginas, o livro não tem nada de superficial. 
Davi é um jovem com um futuro profissional promissor. Também é frequentador das festas mais badaladas do Rio e São Paulo, conhecedor da nata elitizada do meio artístico e "pegador" de belas mulheres. De longe, a vida que todos desejam. Mas, Davi possui algo que, mesmo com as noitadas, ansiolíticos, drogas e sexo, o acompanha, sua autoconsciência. 
Ele sabe que é uma fraude, que todos são, mas que ninguém afinal se engana, pois estão todos autocentrados demais para perceber além da estampa. Todos se tornaram disfarces, e o amor, obviamente é pelo disfarce. Não que ele não tenha sido amado, citarei Cecília, autêntica e original. 
Mas, em um mundo que cobra superficialidade, onde todo mundo é paparazzi de si mesmo, o tempo todo, Cecília não cabe. Ela, na verdade, nem se esforça para caber. Também não faz esforço para fazer parte da mistura Instagran e alma, com filtros que só permitem a alegria passar. 
E é nessas reflexões sobre a superficialidade das redes sociais, das relações, do conhecimento que vamos confirmando o que já sabemos: estamos na era da imagem. Do período da dúvida, "se o que sentimos são emoções genuínas ou reações químicas do novo remédio prescrito pelo médico". Duvida se somos capazes de reagir bem à frustração, à ausência de alegria, à nossa própria vida, ou se seremos juntos, exemplo de comportamento virtual, que de tantas qualidades, se torna insuportável e dolorosa a inveja de nós mesmos. Indico.