quinta-feira, 24 de março de 2016

Como conversar com um fascista



Indicação do professor Leandro Karnal em sua page do Facebook. Na apresentação, Rubens R.R. Casara explica o que foi fascismo ontem e que o fascista atual é aquele que não quer diálogo e incita ao ódio. Prefácio escrito por Jean Wyllys. 

Bom, em linhas gerais, para exterminar a democracia como desejo é preciso que o povo odeie e é isso o que o autoritarismo é e faz. Ele é o cultivo do ódio, de maneiras e intensidades diferentes em tempos diferentes. Às vezes um ódio mais fraco, ás vezes um ódio mais intenso servem à aniquilação do desejo de democracia. O fascismo é sinônimo do autoritarismo.

O fascismo sobrevive na animosidade. Ora, quem é atacado nos posicionamentos discursivos e práticos do fascismo não deve contentar-se com a posição de vítima. Essa pode ser simbolicamente útil para construir direitos, mas também para destruir lutas. Achei esse pensamento da autora, muito interessante. O fascismo tem um ódio especial direcionado às minorias. 

Assim como, em sendo questionada, a palavra "Deus" gera o estigma do herege ou do ateu, a palavra "capitalista", quando questionada, gera o estigma do " comunista", ele mesmo tratado como um tipo de ateu em sua descrença crítica do sistema. Achei interessante escrever sobre isso, pois nesse período de crise política, temos visto pelas ruas pessoas sendo agredidas devido à cor de suas vestes.

A neurose é uma categoria psicanalítica... O neurótico quer provar suas "teorias", que ele pode criar nas mais variadas circunstâncias. E, para prová-las, basta acionar o mecanismo de distorção. A distorção requer interpretação. Em geral, aquilo que se quer provar - a Teoria do neurótico - não tem realidade alguma. Ele quer provar algo sobre si mesmo e o outro lhe serve como caminho da prova. A inversão, por sua vez, não é uma mera projeção, como pode parecer. Ela é uma tática de poder que vai além da neurose e tem com ela a diferença de ser uma desonestidade consciente. Alguém que na esfera privada é neurótico, na esfera pública pode ser um canalha. A posição do canalha é sempre burra, e fácil de desvendar. Mas vivemos no império da canalhice onde a burrice, tanto como categoria cognitiva quanto moral, venceu. Desvendá-la não tem mais muito valor. Ela se transformou no todo do poder.

Meios de comunicação em geral, onde ideologias e indivíduos podem se expressar sem limites de responsabilidade ética e moral, estabelecem compreensões gerais sobre fatos que passam a circular como verdade apenas porque são repetidas. Leia-se Facebook, twitter, e acredite: apenas capas de revistas.

Na verdade, quem pensa que faz um discurso sempre é feito por ele. Sobre xingamentos, o ato de xingar, mostra a impotência para uma crítica concreta e uma estratégia de destruição. A agressividade verbal é uma forma conhecida de violência simbólica. Temos ouvido e visto jornalistas com amplo espaço na televisão falar de modo agressivo e irresponsável em gestos de claro fomento ao ódio. Reprodução do texto: Como escrever para idiotas, que já reproduzi aqui no blog. Muito bom. 

A autora escreve sobre vários temas, rescrevi (trechos do livro) apenas um histórico de leitura que mais me chamou a atenção. Muito bom. Indico.