quinta-feira, 24 de março de 2016

A era do ressentimento







"Nietzsche costumava dizer que nós sonhamos com um sol que se preocupe com o que a gente sente. E ele dizia que no final das contas, quando a gente descobre que o sol não está nem aí pra nós, que as estrelas não brilham pra nós, que o mar não existe pra que a gente nade nele, a gente entra num desespero que ele chamava de ressentimento. O que é o ressentimento? É você achar que todos deviam te amar mais do que amam, você achar que todo mundo devia reconhecer em você grandes valores que você não tem. Do século XIX pra cá, o ressentimento piorou muito. Ele está em toda parte. Você não pode falar nada que todo mundo se ofende, se você fizer uma crítica, todo mundo toma como pessoal. Provavelmente, daqui mil anos, não vão lembrar da nossa época como a época do iPad. Vão lembrar da nossa época como a era do ressentimento. Somos uma civilização de mimados que não é capaz de escutar nenhuma crítica sem achar que é uma questão de ofensa pessoal".

Bom, lá fui eu novamente, depois do impacto da leitura do "Guia...", ler Luiz Felipe Pondé. Para não tirar conclusões apenas com uma leitura. Bom, não tiro a razão dele nessa obra A era do ressentimento. Estamos vivendo na era da mediocridade contemporânea. Fazemos parte de uma geração de narcisistas, mimados e egocêntricos. Seus ensaios procuram demonstrar o quão é importante desprezar o mundo (exemplo: não ser escravo do facebook) e não se achar o centro do mundo. Só que novamente é estranho o posicionamento dele em relação às mulheres. Seu contato com grupos radicais de feministas podem explicar, mas não justificar tanta acidez e maldade literária. Para ele, somos praticamente culpadas por tudo. Não vou entrar no mérito de dissecar seu pensamento, ele já é considerado polêmico. Tenho ambivalências em relação à sua obra, mas não acho que foi perca de tempo. Há muito para absorver dos seus pensamentos.