quarta-feira, 21 de março de 2012

Diário literário - A memória de uma amizade eterna




(14º livro - presente da minha querida amiga Maria Luiza Dalledone)

"O luto diz quem você é sozinha", é a frase que achamos na introdução do livro "A memória de uma amizade eterna" de Gail Caldwell. A autora decidiu escrevê-lo para relatar o início da amizade com a também escritora Caroline Knapp e desabafar a dor por sua perda. 

Gail é uma mulher do Texas, gosta de nadar, viver isolada e tinha uma cachorra Clementine. Caroline era mais nova que Gail, filha de um psicanalista e uma artista introvertida,remadora apaixonada e também tinha uma cachorra, Lucille. O que as duas tinham em comum além da paixão por seus animais de estimação era o alcoolismo e a luta contra a dependência, já superada no início da amizade. Gail veio de uma família onde todos bebiam e Caroline além do alcoolismo também teve que vencer aos 20 anos a anorexia. 

 Os primeiros capítulos vamos conhecer o início e a consolidação dessa amizade, assim como o crescimento do afeto que uma sentia pela outra. Vamos conhecer suas características, os conflitos em uma amizade por suas diferenças e as semelhanças que as unem. Depois a autora relata as causas da sua dependência alcoólica e o árduo caminho trilhado para deixar de beber. Rodeada de pessoas e incentivos ao consumo "social" de bebida, ela consegue parar de beber. 

 Os últimos capítulos relatam o diagnóstico de Caroline, câncer. Daí em diante, estar do lado de alguém que se tem ciência da morte é o que nos conta a autora de uma forma tão profunda, que é muito difícil não se emocionar. Principalmente para quem já conhece a dor do luto. "Sei que nós nunca superamos as maiores perdas; nós as absorvemos, e elas nos fazem criaturas diferentes, geralmente mais gentis. Às vezes, eu acho que a dor é que produzr a solução. O luto e a memória criam as suas próprias narrativas." (pg 170)

 Depois de 13 anos de convivência, Gail também perde para morte sua cadela Clementine, sendo também mais uma prova de superação a longo prazo. E com tantas dores a autora se despede, satisfeita por dentro de mesmo deprimida ainda estar viva e o que é melhor, sóbria. Com uma lista de projetos a seguir, pois a "o mapa da vida de uma pessoa é desenhado por sorte, circunstância e determinação". (página 171). Muito lindo! Indico!