sábado, 19 de abril de 2025

O menino e a garça - Studio Ghibli (Parte I)

 


    Assisti O menino e a garça (2023) assim que saiu na plataforma de streaming Netflix.  Deixo bem claro que assisto as produções do Studio Ghibli com toda uma preparação  acadêmica (pesquiso antes e depois), pois o estúdio faz parte do meu artigo final na graduação de Artes Visuais. Por mais que eu esteja escrevendo sobre o encontro cultural Ocidente/Oriente dentro de uma sociedade tradicional japonesa em apenas uma animação (A viagem de Chihiro), tenho a pretensão de analisar toda (ou quase toda) a produção do estúdio. 

    Não pretendo (e nunca pretenderei) aqui escrever algo novo diante do oceano de informações que temos sobre o estúdio, diretor, histórico cinematográfico e etc. Apenas explanar minhas surpresas sobre a animação e que tudo que Miyazaki consegue mesclar (cultura ocidental e oriental) em suas produções. Para começar, O menino e a Garça, é mais uma animação semi-autobiográfica, mas com uma mudança bem significativa, o protagonista é do sexo masculino. Após a minha leitura limitada (oceano de informações), podemos afirmar que Hayao Miyazaki é Mahito Maki, um menino de 12 anos que acaba de perder a sua mãe em consequência da 2ª Guerra Mundial (1939-1945). Seu pai (Shoichi) também trabalha com a produção de aviões e há na animação um deslocamento da cidade para o campo (ou de localização) assim como Meu amigo Totoro (1988)  e A Viagem de Chihiro (2001) como início da narrativa. 


    Só uma observação, conhecemos a animação japonesa com o nome O menino e a Garça, mas sua tradução (Kimitachi wa Dõ Ikiru ka) tem relação com o título do livro lançado em 1937 e escrito pelo autor Genzaburo Yoshiro (1899-1981), How do you live? (Como você vive?), um dos livros preferidos do diretor/produtor/fundador do Studio Ghibli. O material literário trata do personagem Koperu que aos 15 anos perde o pai e vivencia o amadurecimento diante do luto. Talvez justifique um pouco a escolha de Miyazaki colocar um protagonista masculino. Devaneios de Sally. 


    A produção da animação teve início em 2016, após a terceira ou quarta aposentadoria de Miyazaki. O título foi anunciado em 2017 e a sua produção foi finalizada em 2022 (levando em consideração o próprio tempo do diretor e a pandemia COVID). Em maio de 2020 foi anunciado que 36 minutos do filme haviam sido desenhados à mão por 60 animadores (O que torna a atual trend IA/Studio Ghibli uma "afronta à vida" #entendedoresentederão). Foi o filme mais caro já produzido no Japão, segundo Toshio Suzuki (cofundador, diretor e produtor do Studio Ghibli e aquele que tem a coragem de discordar de Miyazaki). 

    No seu lançamento não teve todo o marketing tradicional, e, sim apenas a divulgação de um pôster. Ainda assim ganhou o Oscar (96ª edição) de Melhor Animação em Longa-Metragem  (2024), segunda premiação que o diretor ganhou em vida após 21 anos (O Longa A Viagem de Chihiho ganhou o prêmio em 2003 sendo o primeiro filme de língua não inglesa a levar a premiação).Cito o Oscar por ser o mais conhecido e divulgado, mas o filme teve muitas outras premiações. Bem merecido! 

"To be continued"