segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

História & História Cultural


Sandra Jatahy Pesavento (1945-2009), foi historiadora, professora e escritora. Propôs na obra "História e História Cultural" (Editora Autêntica), não apenas o conhecimento das alterações ocorridas no âmbito da História antes dos anos 90, mas também o mesmo, em relação ao papel do historiador

A História Cultural corresponde atualmente, a cerca de 80% da produção historiográfica nacional, sob formas de publicações especializadas, livros e artigos científicos. Após eventos internacionais no mundo pós-guerra, sistemas globais explicativos passaram a ser denunciados, resultando na crise dos paradigmas explicativos da realidade. A dinâmica social se tornava mais complexa com a entrada em cena de novos grupos. 

No panorama da historiografia mundial, ainda havia o historismo de Ranke e o positivismo de Comte, com seus pressupostos normativos científicos. Porém, as posturas que estavam sendo criticadas, eram o marxismo e a corrente dos Annales. A teoria marxista sofreu as mais duras críticas, embasadas nos regimes políticos (Socialismo Real) e nas simplificações decorrentes do esquema explicativo reducionista das lógicas explicativas da realidade, o que passava para segundo plano as especificidades históricas de cada contexto. 

Mediante essa crise de paradigmas, tanto internacional como nacional, a História Cultural (ou Nova História Cultural) se propôs a enfrentar a revisão de pressupostos explicativos da realidade. Não mais uma era de certezas normativas, tratava-se e trata-se, antes de tudo, pensar a cultura como um conjunto de significados partilhados e construídos pelos homens para explicar o mundo. 

No livro, a autora apresenta no capítulo: Precursores e redescobertas, a arqueologia da História Cultural, aqueles que começaram a identificar os agentes sem rosto, o povo, a massa, como personagem e como protagonistas dos acontecimentos. Não apenas isso, mas um outro método e novas fontes para reapresentar o passado (Jakob Burckhardt, Leopold Von Ranke, Johann Gustav Droysen, Wilhelm Diltney, Marcel Mauss, Émile Durkheim, Walter Benjamim, Antonio Gramsci, e outros). Em mudanças espistemológicas: a entrada em cena de um novo olhar, o historiador vai ter sua postura reorientada pela "representação", a categoria central da História Cultural. Também podemos citar "o imaginário", "a narrativa", "a ficção" e "as sensibilidades". 

A História Cultural renovou as correntes da História e dos campos de pesquisa. Mas, apresenta riscos, afinal, captar subjetividades e sensibilidades é o seu maior desafio. Sua maior contribuição foi trazer à tona o indivíduo, como sujeito da História e para tanto, pressupõe um método, trabalhoso e meticuloso, para fazer revelar os significados perdidos do passado.