quarta-feira, 29 de abril de 2015

Diário Literário


24/2015 Tempo de Esperas - Dois personagens trocam cartas, um velho professor que resolveu se esconder do mundo e um estudante de filosofia que tem o sonho de alcançar as glórias da vida acadêmica que o professor abandonou. Ao trocar correspondências sinceras os dois debatem sobre um dos maiores desafios humanos: compreender o tempo de esperas. Desta forma, descobrem o amor fraternal, a amizade e a humildade. A felicidade pode estar na simplicidade da vida, e o autor nos mostra como é preciso compreendê-la.

Mas, vai além do anunciado acima. Podemos com a leitura aprender nesse simples gesto de troca de cartas que existe um senhorio inevitável entre o ser real e o ser desejado, o tempo das esperas. O uso emprestado da palavra à dor da perda, e ao mesmo tempo à alegria da ressurreição. O morrer e o nascer. Processual. A semente e a beleza da flor, um jardim semeado em nossos corações abatidos pela procura da maturidade e pelo cansaço devido o fardo religioso. Quem não se identifica com Alfredo início, meio e, Oxalá, fim em sua busca? Alfredo não se submeteu apenas ao plantio de um jardim para lidar com suas dores (evitando spoiler), mas abriu mão das respostas racionais, se rendendo ao caminho da dúvida que nos remete a Deus. Sim, Deus. não o Deus dos místicos que se aventuram pela busca e apresentam caminhos prontos. Muito menos o Deus dos especialistas em deus. Mas, o Deus possível no pequeno gesto, na dependência da semente, nos processos do nosso jardim, no ato leve e selvagem que pode ser e ter o amor

"Tenha paciência com suas circunstâncias" página 32

"Seja honesto com sua interrogação". "A dor é sua". página 42

"Nem sempre a vida fala". página 44

"Afetos também carecem de repouso". página 49

"...estamos em constantes êxodos". página 49

"Prefiro a perspectiva da passagem. É bom passar". página 52

"...tenho aprendido que preparar a felicidade já é um ato de ser feliz". página 61

"Outro dia eu lhe perguntei se havia provas concretas da ressurreição de Jesus. Ela disse que não. E foi então que eu a desafiei dizendo que seria absurdo ter fé num acontecimento que não pode ser provado cientificamente. Ela me respondeu com simplicidade que se houvessem provas não haveria necessidade de ter fé".  página 128

QUEM VIVE SE BUSCANDO NUNCA PARA DE CHEGAR.