A princípio, quero deixar bem claro, que gosto de crianças,
de mulheres grávidas e de pegar crianças no colo. Há! Outro detalhe tenho um
filho de 17 anos. Esse texto não é uma justificativa e nem muito menos uma
abertura ao debate ou julgamento. Apenas quero evitar ficar falando a mesma
coisa.
Na existência de 35 primaveras desejei apenas três vezes ter
filho. A primeira aos 16 anos, contra a vontade do pai que dizia não termos
condições nenhuma para tal. Ele tinha a razão, e eu a decisão. Aquele poderio
feminino de não tomar o contraceptivo
diário e ainda por cima tomar uma garrafada para aquecer o útero. Eu queria ter
um filho, não queria “até que a morte os separe”. Sequelas desse ato são visíveis
até hoje (ainda que não justificáveis para as decisões do meu filho), pois ser
mãe solteira – me desculpem as feministas –, não é tão simples assim.
A segunda vez que desejei ter um filho, aos 19 anos, foi
aquele motivo ridículo de tentar forçar um homem ficar do seu lado. “Para todo
o sempre, já que a morte da paixão já nos separou”. Talvez naquele ano eu tivesse
êxito, mas não rolou. Ufa! Os anos passaram, quantos homens me amaram... e eu
permaneci com a decisão original de ter apenas um filho. Esqueci de citar,
sempre quis assim, talvez por traumas familiares. Enfim, alguns até que nos
protegem de certas formas. Não me condenem.
A terceira vez, foi em 2010, no meu último relacionamento.
De olhar a pessoa, e querer unir cromossomos. Mas, filho é muito mais que unir cromossomos.
Ele não fazia questão, falamos disso na beira do mar, tudo tão romântico. Como
a idade vai chegando, temos noções que certas decisões tomadas no estágio da
paixão é via de mão única, e não de mão dupla. Seria mais uma vez uma mãe
solteira. Sim, pensei nessa pessoa antes de concretizar ontem o resultado burocrático
que enfrentei desde 2009, a laqueadura tubária. Realizada ontem.
Então, todo esse discurso de novela mexicana, para narrar os
fatos. Acredite, a sociedade religiosa e principalmente feminina, tiveram durante todo esse tempo
pedras em formas de palavras para me atacar:
- E se você arrumar alguém que queira um filho?
-
E se o seu filho morrer?
- Quantas
mulheres lutando para serem mães e você querendo cometer esse pecado contra o
mandamento de Deus de multiplicação.
Sim, talvez
eu me arrependa, talvez eu arrume alguém que queira filho e tenha que deixa-lo
partir para formar família. Não adotaria, filho é filho, gerado no ventre ou
não. Só sei que entre um talvez e outro, agi. Lutas burocráticas e decisões com
fulcro na Legislação, consegui. Não sofro de ansiedade pelo futuro, a luta agora
é me recuperar bem, pois ainda abrem o corte da cesárea, por ser serviço
público? Não sei, sei que como cidadã me nego a pagar, afinal já pago impostos.
Posso
agradecer a Deus, afinal nossas conversas não são baseadas em medos. Quem me dá
o livre arbítrio de eternidade não haveria de dar o mesmo em relação a
fecundidade? A interpretação é minha, não precisa debates teológicos,
principalmente de pessoas que não tiveram filhos algum.
No próximo
post, lançarei a resenha do livro “Mais de 40 motivos para não se ter filhos” que
diga-se de passagem, não me influenciou em nada.
Vou almoçar,
estou sendo muito bem cuidada. Tudo acontece no tempo certo. Ainda que demore.