quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Minha cirurgia - laqueadura tubária


A princípio, quero deixar bem claro, que gosto de crianças, de mulheres grávidas e de pegar crianças no colo. Há! Outro detalhe tenho um filho de 17 anos. Esse texto não é uma justificativa e nem muito menos uma abertura ao debate ou julgamento. Apenas quero evitar ficar falando a mesma coisa.

Na existência de 35 primaveras desejei apenas três vezes ter filho. A primeira aos 16 anos, contra a vontade do pai que dizia não termos condições nenhuma para tal. Ele tinha a razão, e eu a decisão. Aquele poderio feminino de não tomar  o contraceptivo diário e ainda por cima tomar uma garrafada para aquecer o útero. Eu queria ter um filho, não queria “até que a morte os separe”. Sequelas desse ato são visíveis até hoje (ainda que não justificáveis para as decisões do meu filho), pois ser mãe solteira – me desculpem as feministas –, não é tão simples assim.

A segunda vez que desejei ter um filho, aos 19 anos, foi aquele motivo ridículo de tentar forçar um homem ficar do seu lado. “Para todo o sempre, já que a morte da paixão já nos separou”. Talvez naquele ano eu tivesse êxito, mas não rolou. Ufa! Os anos passaram, quantos homens me amaram... e eu permaneci com a decisão original de ter apenas um filho. Esqueci de citar, sempre quis assim, talvez por traumas familiares. Enfim, alguns até que nos protegem de certas formas. Não me condenem.

A terceira vez, foi em 2010, no meu último relacionamento. De olhar a pessoa, e querer unir cromossomos. Mas, filho é muito mais que unir cromossomos. Ele não fazia questão, falamos disso na beira do mar, tudo tão romântico. Como a idade vai chegando, temos noções que certas decisões tomadas no estágio da paixão é via de mão única, e não de mão dupla. Seria mais uma vez uma mãe solteira. Sim, pensei nessa pessoa antes de concretizar ontem o resultado burocrático que enfrentei desde 2009, a laqueadura tubária. Realizada ontem. 

Então, todo esse discurso de novela mexicana, para narrar os fatos. Acredite, a sociedade religiosa e principalmente  feminina, tiveram durante todo esse tempo pedras em formas de palavras para me atacar:

- E se você arrumar alguém que queira um filho?



­­­­­­- E se o seu filho morrer?

- Quantas mulheres lutando para serem mães e você querendo cometer esse pecado contra o mandamento de Deus de multiplicação.

Sim, talvez eu me arrependa, talvez eu arrume alguém que queira filho e tenha que deixa-lo partir para formar família. Não adotaria, filho é filho, gerado no ventre ou não. Só sei que entre um talvez e outro, agi. Lutas burocráticas e decisões com fulcro na Legislação, consegui. Não sofro de ansiedade pelo futuro, a luta agora é me recuperar bem, pois ainda abrem o corte da cesárea, por ser serviço público? Não sei, sei que como cidadã me nego a pagar, afinal já pago impostos.

Posso agradecer a Deus, afinal nossas conversas não são baseadas em medos. Quem me dá o livre arbítrio de eternidade não haveria de dar o mesmo em relação a fecundidade? A interpretação é minha, não precisa debates teológicos, principalmente de pessoas que não tiveram filhos algum.

No próximo post, lançarei a resenha do livro “Mais de 40 motivos para não se ter filhos” que diga-se de passagem, não me influenciou em nada.

Vou almoçar, estou sendo muito bem cuidada. Tudo acontece no tempo certo. Ainda que demore.