Na minha humilde opinião de amadora, O crime do Padre Amaro é a melhor obra realista que já
li até hoje. Eça de Queirós não me chocou apenas pelo romance
avassalador entre o padre Amaro e Amélia, mas na riqueza de detalhes dos
costumes de um período ainda impregnado de misticismo e pieguices. No
início inocentei o Padre Amaro, pois nunca houve de sua parte vocação
para batina e sim um destino planejado por uma carola que o criou desde
novo. Mas, após os seus atos egoístas, profanos e nefastos para
satisfazer seus instintos carnais, utilizando do seu poder clerical me
fizeram condenar o padre.Eis o poder de Eça de Queirós! Aliás, o autor
utilizou de personagens de batina praticantes dos sete pecados capitais
e de situações onde foi mesclado das mais variadas formas os interesses
seculares, políticos e mundanos com os interesses e poderes religiosos.
Para muitos o preço pago por Amélia e seu filho foi o pago por ter se
tornado uma barregã, mas psicologicamente falando (sou leiga no assunto)
a devoção e a pieguice em excesso auxiliou e muito no seu fim. Fechado
com chave de ouro, o autor conseguiu casar o pensamento religioso (e
hipócrita na minha opinião) sobre uma realidade ilusória. A sociedade em
declínio pelo pensamento místico, a pobreza, a miséria ao redor dos
religiosos e a frase de um dos padres:
"vejam toda esta paz, esta prosperidade, este contentamento ... meus senhores , não admira realmente que sejamos a inveja da Europa!" Uma ótima leitura, indico!Meu 10º livro do ano já lido. :)
"vejam toda esta paz, esta prosperidade, este contentamento ... meus senhores , não admira realmente que sejamos a inveja da Europa!" Uma ótima leitura, indico!Meu 10º livro do ano já lido. :)