quarta-feira, 7 de março de 2012

Diário literário março/2012


Na minha humilde opinião de amadora, O crime do Padre Amaro é a melhor obra realista que já li até hoje. Eça de Queirós não me chocou apenas pelo romance avassalador entre o padre Amaro e Amélia, mas na riqueza de detalhes dos costumes de um período ainda impregnado de misticismo e pieguices. No início inocentei o Padre Amaro, pois nunca houve de sua parte vocação para batina e sim um destino planejado por uma carola que o criou desde novo. Mas, após os seus atos egoístas, profanos e nefastos para satisfazer seus instintos carnais, utilizando do seu poder clerical me fizeram condenar o padre.Eis o poder de Eça de Queirós! Aliás, o autor utilizou de personagens de batina praticantes dos sete pecados capitais e de situações onde foi mesclado das mais variadas formas os interesses seculares, políticos e mundanos com os interesses e poderes religiosos. Para muitos o preço pago por Amélia e seu filho foi o pago por ter se tornado uma barregã, mas psicologicamente falando (sou leiga no assunto) a devoção e a pieguice em excesso auxiliou e muito no seu fim. Fechado com chave de ouro, o autor conseguiu casar o pensamento religioso (e hipócrita na minha opinião) sobre uma realidade ilusória. A sociedade em declínio pelo pensamento místico, a pobreza, a miséria ao redor dos religiosos e a frase de um dos padres:
"vejam toda esta paz, esta prosperidade, este contentamento ... meus senhores , não admira realmente que sejamos a inveja da Europa!" Uma ótima leitura, indico!Meu 10º livro do ano já lido. :)