domingo, 18 de setembro de 2011

Potências se reúnem em NY e Hamas critica plano palestino na ONU

No mesmo dia em que o Quarteto para o Oriente Médio (EUA, União Europeia, Rússia e ONU) se reúne em Nova York para tentar dissuadir o plano palestino de pedir reconhecimento como Estado-membro das Nações Unidas, o Hamas, movimento que controla a faixa de Gaza, disse que só concorda com a iniciativa caso a Palestina renegue Israel.
Reunidas nos EUA dias antes de o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas, pedir formalmente que a ONU reconheça a Palestina como Estado, as potências buscam evitar o que julgam ser um estopim para uma potencial nova crise na região.
Tara Todras-Whitehill/Associated Press - 16.set.2011
O líder da ANP, Mahmoud Abbas, não cedeu às pressões dos EUA e da União Europeia e manteve iniciativa que levará à ONU
O líder da ANP, Mahmoud Abbas, não cedeu às pressões dos EUA e da União Europeia e manteve plano que levará à ONU
Dias atrás, o presidente dos EUA, Barack Obama, já deixou claro que seu país deverá barrar o pedido palestino no Conselho de Segurança das Nações Unidas, onde detém poder de veto.
Tanto os americanos quanto os europeus despacharam enviados especiais à região na semana passada para conversar com Abbas e o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, mas a pressão diplomática e tentativa de retomar negociações não alteraram os planos dos palestinos.
 "O que buscaremos durante os próximos dias é uma forma de criar algo que permita que suas demandas e legítimas aspirações à condição de Estado sejam reconhecidas, enquanto se renova a única coisa que vai produzir um Estado, que é a negociação direta entre as duas partes", disse o ex-premiê britânico, emissário do Quarteto, sobre a necessidade de acordo entre israelenses e palestinos.
NEGOCIAÇÕES
Blair mostrou-se preocupado com o efeito que o reconhecimento do Estado palestino na ONU pode ter sobre a já volátil e complexa relação entre palestinos e israelenses.
Para o britânico, a prioridade do Quarteto neste domingo é tentar chegar a um esboço de documento que admita as aspirações palestinas mas ao mesmo tempo mantenha as duas partes atreladas a um compromisso de continuar as negociações de paz.
Entre os temas que preocupam a comunidade internacional estão a decisão sobre a capital de um potencial Estado palestino, que entra em conflito direto com Israel, já que os dois lados disputam Jerusalém, os assentamentos judaicos na Cisjordânia e Jerusalém Oriental e as fronteiras pré-1967.
LEIS DE EMERGÊNCIA
Mais cedo o premiê de Israel descreditou a Assembleia Geral das Nações Unidas --onde se estima que o plano palestino seja aprovado, ao menos como Estado-não-membro-- e disse que somente a análise final do Conselho de Segurança --que pode aprovar ou vetar o status de Estado-membro-- tem peso político real.
"O Conselho de Segurança é como o governo das Nações Unidas, e estou convencido de que, como resultado da ação dos Estados Unidos em estreita colaboração com outros governos, a tentativa fracassará. A Assembleia é o Parlamento da ONU, por isso poderia passar qualquer decisão", declarou antes de ressaltar que "não tem a mesma importância que o Conselho de Segurança".
Segundo o jornal israelense "Haaretz", o governo israelense já estuda aplicar leis de emergência caso o plano seja aprovado na ONU. As medidas concedem à polícia a autorização de deter suspeitos por um período máximo de nove horas, três vezes mais do que marca atualmente a lei.
Também se prorrogaria de 24 para 48 horas o tempo que a polícia tem entre o momento da prisão até a apresentação do detento perante um juiz.
HAMAS
Embora o panorama externo para os palestinos já seja bastante complexo, o Hamas, movimento islâmico que controla a faixa de Gaza desde 2007 e mantém uma relação instável com a Cisjordânia, onde a ANP governa, apresentou neste domingo mais um desafio ao plano de Abbas.
O primeiro-ministro do movimento, Ismail Haniye, disse que o Hamas não apoia a iniciativa de Mahmoud Abbas e que só passaria a dar seu aval ao plano caso os acordos já obtidos entre palestinos e israelenses fossem rompidos, renegando a existência do Estado hebreu.
"Nós somos a favor da declaração de um Estado palestino em qualquer terra libertada", acrescentou dizendo que entre suas condições estão deixar de reconhecer o Estado de Israel e não ceder quanto às fronteiras que os territórios palestinos apresentavam antes da Guerra dos Seis Dias, em 1967, quando os israelenses anexaram partes dessas terras.
 http://www1.folha.uol.com.br/mundo/977086-potencias-se-reunem-em-ny-e-hamas-critica-plano-palestino-na-onu.shtml