sábado, 22 de outubro de 2016

O livro negro do Cristianismo

O livro negro do Cristianismo indaga em sua introdução, algo que todos nós queremos saber: como uma religião que pregava o amor, pôde ter se tornado justificativa para atrocidades em nome da mesma? Bom, como resposta, a priori, o Império Romano explica uma parcela, uma cultura mesclada em nome do Estado ao Cristianismo primitivo, que nem aceitou bem essa mesclagem na época. Mas, de fato, toda religião que se tornou oficial, tem como característica a violência para manutenção do poder. 

Alguns tópicos importantes:
Na primeira parte: quando o cristianismo se tornou religião de Estado, e as acusações de heresias e as disputas teológicas que se tornaram pretextos para jogos de poder. Quando pouco mais de cem anos após a morte de Jesus, já existiam movimentos que lamentavam a corrupção e a decadência da Igreja. Como Constantino transformou os bispos em funcionários do Império e lhes isentou do pagamento de impostos. Esses há muito tinham deixado de ser simples porta-vozes das comunidades cristãs eleitos pelas igrejas, tornando-se verdadeiros senhores que administravam a seu bel-prazer os bens da Igreja.A Igreja cristã do Oriente; Império Bizantino; conflitos entre doutrinas do Ocidente e do Oriente; Iconoclastia. Tudo resolvido na base da espada.

Carlos Magno (as conquistas e os crimes): Assim como Constantino, antes dele, Carlos também entendeu perfeitamente a formidável função agregadora e de instrumento de domínio espiritual que o cristianismo tinha em uma Europa ainda desunida e com as fronteiras ainda ameaçadas. Por essa razão, adotara uma política decisiva de cristianização dos povos a ele submetidos.

Na segunda parte: Idade Média, literalmente, das TREVAS! Quanto sangue em nome de "deus", com aquele anexo do motivo chamado política. Teria dito um fulano: "Papa, como saberemos distinguir os "hereges" dos cristãos?" "Mate a todos, que Deus reconheça os seus". Era desse modelo.

Na terceira parte: Os cristãos eram proibidos de ler a Bíblia (em alguns períodos, traduzir a Bíblia para uma língua compreensível pelo povo era crime que podia custar a vida. Ter o Evangelho em casa era proibido a quem não fosse sacerdote. Motivo: os hereges e aqueles que contestavam o poder da Igreja utilizavam as Sagradas Escrituras para demonstrar para o povo como a Igreja oficial havia se distanciado do mandamento originário de humildade). Os que fossem pegos estudando, traduzindo ou pregando a Bíblia eram acusados de hereges e mandados para a fogueira. A invenção da prensa e as novas proibições.

A Inquisição: já existia no século XI e XII as penas de morte para os hereges, mas a maioria do corpo eclesiástico ainda relutava em aceitar a situação. Em suma, na Igreja, observava-se várias tendências sobre como lidar com os "hereges". Clemente III que deu um passo muito importante para o nascimento da futura Inquisição, ele daria ordens para os bispos de investigar hereges mesmo com base em meras suspeitas. Em 1229, um concílio reunido em Toulose, criou oficialmente o Tribunal da Santa Inquisição. Papa Gregório IX tirou dos bispos o controle dos processos e os confiou a comissários escolhidos entre os dominicanos e franciscanos. Papa Inocêncio IV que deliberou o recurso à tortura, que deveria ser realizada por autoridade secular, mas depois, por questões práticas, por inquisidores. A aliança entre o trono e o altar. A inquisição medieval chegou ao seu ápice no século XIV para chegar a um lenta decadência nos 150 anos sucessivos. Só depois da difusão da Reforma em toda Europa, a Cúria romana relançou a inquisição, com a intenção de impedir a difusão das ideias protestantes em territórios sob controle da Sé. (A Inquisição espanhola, a Inquisição romana).

A caça às bruxas: (1480-1520 relativa pausa e retorno em 1580-1670). XI-XIII a atenção era dada mais às heresias (cátaros e valdenses). O mundo do ocultismo era até então ignorado. Com o nascimento da inquisição, o demônio se torna um ser físico com exército e a guerra acontece na terra. Ser bruxa é ser herege. Com o martelo das feiticeiras, negar a existência é heresia. Homens nobres foram para à fogueira, mas a grande maioria era mulheres pobres, parteiras e curandeiras. Casos isolados de pessoas contrárias às execuções e exageros (e que exageros!) durante a caça às bruxas.

A Guerra dos Trinta Anos. A Reforma Protestante havia dividido a Europa em duas; A divisão percorria o próprio Sacro Império Romano: a maior parte dos Estados alemães setentrionais tornou-se luterana ou calvinista, enquanto os meridionais continuariam com Roma. Nesses anos de guerra, nem os soberanos protestantes nem a fé católica na França não hesitariam em se aliar até mesmo com o "infiel" por definição: o Império Turco Otomano; As divergências religiosas dariam vida a um conflito assustador com milhões de mortos, comparável às duas Guerras Mundiais; Cabe sublinhar o fato de que praticamente não houve país europeu que não tenha sido atingido pela guerra durante uma fase ou outra do conflito, direta ou indiretamente. Além de que o elemento do fanatismo religioso desempenhou um papel fundamental na longa duração e na dureza do conflito; Provavelmente uma guerra normal para redefinir fronteiras e áreas de influência teria terminado antes de levar à repetida aniquilação de exércitos inteiros, ao pesado endividamento de príncipes e reis, à total e deliberada destruição de países invadidos, quando, pelo contrário, um conquistador teria todo o interesse de que seus novos domínios fossem ricos e prósperos.

Sobre a Idade Contemporânea e a Igreja: a Igreja e o regime nazista; Pinochet, a Igreja e as ditaduras (com a aversão ao marxismo e às doutrinas marxistas, consideraram regimes extremistas como mal menor. As ditaduras foram consideradas um "fenômeno transitório); a oposição à Teologia da Libertação; as finanças do Vaticano; os escândalos da pedofilia; Opus Dei. Apêndices extras.

Indico. Com ressalvas, pois tem que ter estômago. Sem ser anacrônica, pois isso acaba nos isentando dos males praticados, dá muita vergonha de sustentar a "religião" como bandeira.