sexta-feira, 15 de maio de 2015

Diário Literário - Miséria e grandeza do amor de Benedita



27/2015 - A resenha é sobre um livro que foi encomendado para ser escrito em quatro semanas e para ser disponibilizado na versão (a primeira do país, salvo engano) e-livro (livro eletrônico, para internet). O autor? Ele! João Ubaldo Ribeiro. Que misturava erudição com regionalismo, humor, deboche, alfinetadas políticas e citações de fatos e personagens históricos. Tudo isso é possível de encontrar no livro "Miséria e grandeza do amor de Benedita", e que livro, diga-se de passagem. Apenas 134 páginas de ótima leitura. O enredo acontece na Ilha de Itaparica, dotada de radioatividade e personagens bem típicos. O personagem principal é Deoquinha Jegue Ruça, que morre no início e tem sua vida recontada nas páginas seguintes. Ele é um típico herói nordestino, um Don-Juan com incontáveis filhos e inúmeras mulheres. Devoto ainda a São Gonçalo, que é pra dar conta dessa mulherada toda. E de todas suas posses, pois é rico (percebe-se o clientelismo no livro), a maior de todas é sua esposa, Benedita. Temente a Deus, santa, pura, imaculada, amada e admirada por todos da ilha, Benedita tem o comportamento padrão que deve ter toda mulher do local. Só que a paz de Deoquinha é pertubada quando um de seus filhos ilegítimos deseja se tornar padre e para tal, o Padre Noronha exige que César Augusto leve o nome do pai verdadeiro na certidão de nascimento. Não! Não apenas isso. Também tem que ter o nome de Benedita, ainda que não seja a mãe verdadeira, e morar na casa do casal com os filhos legítimos. Como convencer Benedita? Deoquinha deseja a morte. Como convencer sua santa esposa Benedita!? O enredo gira em torno disso. Sem spoiler, só adianto que o ápice será na prisão de um alemão que difama, nada mais nada menos, a santa pura e honesta Benedita. Terá uma mulher esse poder de enganar a tudo e a todos!? Ótima leitura. Indico.