sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Diário de Leitura - dezembro/2014


(43/2014) Um artigo, um único artigo em uma rede social foi o suficiente para tornar febre e conhecido o autor da obra Amor Líquido, Zygmunt Bauman. Claro, será motivo de estranhamento a leitura do restante da obra, pois os diversos artigos que surgiram até então, abordam apenas o assunto do prefácio (#prontofalei). 
O tema geral do livro é relacionamento. Sem garantia de permanência e com a necessidade de serem atados frouxadamente para que possam ser outra vez desfeitos, são os atuais relacionamentos da sociedade moderna. 
O herói do livro e repito o tema, oscila entre a aflição e o desejo de atar-se, porém com o temor do encargo da limitação da liberdade que sente necessidade para manter-se... atado. O foco nos relacionamentos atuais se concentrou na satisfação própria, gerando assim relacionamentos de bolso (acessíveis quando necessários). 
Especialistas de relacionamentos inclusive, sugerem que os mesmos sejam vistos como investimentos e que, a exigência de compromisso seja evitada. O segredo, segundo eles é manter a porta aberta, afinal nunca se sabe se um próximo investimento poderá trazer mais satisfação pessoal. 
Então, o autor se utiliza de termos da virtualidade. Não condena os relacionamentos que sobrevivem à distância e tempo e começaram a partir do contato virtual. O autor toma emprestado termos como "rede", "conectar" e "desconectar" para avaliar os relacionamentos de bolso. Os amores líquidos de hoje podem ser desconectados antes mesmo de serem odiados e, "relações virtuais" são aquelas com facilidade de desengajamento e rompimento. 
Até o fim do primeiro capítulo o autor na verdade descreve o que já está exposto, por isso a sensação de "deslumbramento" mediante o que não tinha rótulo. Para os próximos capítulos o autor também vai tratar os demais relacionamentos como líquidos e como mercadoria. De forma sociológica ele mescla pensamentos de filósofos e sociólogos com programas de relacionamentos norte-americanos e filmes. 
De tal forma, consegue tratar assuntos como anarquia e xenofobia e comparar a manutenção dos relacionamentos com o desenvolvimento  histórico das cidades. Com certeza, ninguém pensou nisso até então. Para ele, o ser "ilhado" da cidade incluído no "global" tenta ser um todo com os demais, mesmo sendo direcionado pelo mercado à individualização... tudo de forma satisfatória. 
Resumindo, a sociedade atual com toda sua insegurança tem gerado a atual ética dos relacionamentos. Pessoas se conectam para depois de desconectarem, virtualmente ou não. Facilidade e satisfação sempre foi o slogan de venda. O exterior sociológico espelhando o interior individual. Indico!