sexta-feira, 29 de março de 2013


O livro começa com um texto de Jules Michelet que finda da seguinte forma: "De uma espécie diferente, sai Satã do seio ardente da Bruxa, vivo, armado e pronto para atacar, Por mais medo que sintamos, temos de confessar que, sem ele, morreríamos de tédio". Para o autor/historiador, as crenças em bruxaria, foram à sua maneira, resposta às angústias religiosas da época. A crença que alguém poderia prejudicar outro (principalmente judeus), foi uma maneira de explicar os infortúnios que afligiam com tanta frequência populações fragéis. Há no livro muitas figuras (obras de arte) da época para figurar os mitos demoníacos surgidos no contexto religioso dos séculos XV-XVI.

A bruxaria é uma invenção do século XV, à qual o procedimento inquisitorial confere uma estruturação orgânica. Uma das características do período, foi a promoção da imagem de Satã, poderoso e onipresente, ao qual eram imputados todos os infortúnios da época. (Qualquer semelhança com a religião contemporânea ocidental, não é mera coincidência).

Utilizando do livro que foi manual básico de caça às bruxas,(Martelo das Bruxas Henry Institoris e Jacques Sprenger), os tribunais laicos perseguiram, investigaram, interrogaram, torturaram e condenaram todos os suspeitos de bruxaria. Principalmente mulheres anciãs das comunidades camponesas que conheciam muito bem o segredo das plantas. Claro, que a crença em bruxaria cresceu em grande parte devido às insuficiências da medicina e do uso da imprensa.

A partir do século XVI começou um tímido protesto contra a demonologia. Vários médicos tiveram à frente do combate à repressão. A opinião pública, principalmente a francesa, a dos magistrados e elites sociais, evoluiu progressivamente no séc XVII. Foi sob sua pressão que a grande caça aos bruxos teve fim. Na sociedade do Antigo Regime, a possessão diabólica era a expressão culturalmente codificada do que os psiquiatras do fim do século XIX descreveram como histeria.

Os relatos que levavam à fogueira eram inelutáveis e absurdos. De forma geral, sempre era uma mulher de "má reputação" ou conhecedora do poderio das ervas medicinais que cedo ou tarde falava algo que a condenava. O seu pânico considerado de psicose, envolvia todo o vilarejo e a máquina judiciária. Assim eram as histórias banais, comuns até o final do século XVII, que como tantas outras, acabou em chamas.

Em meados do final do século VXII que vozes clamaram pela razão e pouco a pouco, as últimas fogueiras foram extintas. O autor analisa como historiador, de forma objetiva, o modo de representação que foi a bruxaria, dos primeiros processos às figuras que povoaram o imaginário romântico. INDICO para os interessados no assunto.