Chiquinha Gonzaga, foi uma mulher à frente do seu tempo, com toda certeza. Escandalizou uma sociedade aristocrata e patriarcal por abrir mão do seu casamento, fazer da sua música seu ganha pão, lutar pela abolição da escravatura, ser a favor da República e ter um caso com um homem 36 anos mais jovem do que ela. Assim, com essas palavras podemos tentar resumir a vida dessa mulher que viveu de 1847 a 1935.
Francisca Edwiges foi filha de uma negra com um militar, só por isso podemos afirmar que seu nascimento foge dos padrões impostos pela elite da época. Seu pai, José Basileu Gonzaga, um militar bem-sucedido, casou-se com Rosa Maria de Lima, contra a vontade da sua família. A menina foi criada para ser um sinhá, sendo alfabetizada e recebendo educação musical. Casou-se muito nova, aos 16 anos com Jacinto Ribeiro do Amaral, que demonstraria logo seu ciúme por Chiquinha com o presente que recebera do pai, um piano.
Para se ter uma ideia o ciúme do piano foi tanto que seu marido tentou afastá-la do instrumento, levando-a para o transporte de soldados e armas durante a Guerra do Paraguai, pois era dono de um navio mercante, o São Paulo. Não adiantou, Chiquinha arrumou um violão e recebeu o ultimato: a música ou eu.
Chiquinha não pensou duas vezes e decidiu pela música, o que fez sua família considerá-la como morta. Onde já se viu, uma mulher abandonar o seu lar? Lá se vai então Chiquinha entrar para o mundo musical boêmio e tornar a música seu ganha pão, mais um escândalo para a sociedade conservadora da época. E foi nessa sociedade que ela introduziu músicas populares brasileiras, assim como instrumentos também populares (violão, violas e pandeiros). Nossa personagem também divulgou o maxixe, uma adaptação aos ritmos que os mestiços, negros e brancos pobres dançavam.
Como abolicionista, este presente em festivais que arrecadavam dinheiro para comprar alforria de escravos. Vendeu de porta em porta suas músicas e obteve dinheiro para comprar a liberdade do escravo Zé da Flauta. Participou em muitos protestos contra a monarquia em locais públicos, praças e cafés. Sua composição mais conhecida com certeza é "Ó abre alas" primeira música feita especialmente para o carnaval.
Finalizando esse pequeno texto sobre Chiquinha Gonzaga, a mesma teve um romance que durou até o fim da sua vida com um rapaz 36 anos mais jovem do que ela, afirmando em muitas ocasiões que era seu filho. Chiquinha morreu em 28 de fevereiro de 1935, data próxima ao carnaval, deixando para as gerações posteriores sua ousadia e acréscimos para cultura popular brasileira. Sally B.
