sábado, 6 de dezembro de 2025

Frankenstein de Guilherme Del Toro (Netflix/2025)

 A versão do diretor mexicano, Guilherme del Toro da obra Frankenstein (Netflix/2025) viralizou e aparentemente foi bem recebida pela maioria. Mas... como sei que, infelizmente, o Brasil não é composto por uma maioria de leitores, me sinto na obrigação de começar a postagem citando a autora da obra de 1818, Mary Shelley (1797-1851). Há afastamentos da obra literária e da obra cinematográfica. Não é a intenção aqui pontuar uma por uma. 


O livro foi escrito durante uma competição de Shelley com seu amante e futuro marido (Percy Bysshe Shelley) na casa de um amigo (Lord Byron) em um verão chuvoso. Interessante saber que Shelley participava de conversas com teor científico. O galvanismo era um assunto em alta na época. Os experimentos com eletricidade em cadáveres entre os séculos XVIII e XIX para a reanimação de mortos prendeu a atenção da escritora. O debate moral sobre a responsabilidade científica também estava presente. Alquimia, galvinismo e ideias ocultistas povoavam o imaginário da época e não passaram despercebidos por Shelley. 

Seu livro foi publicado inicialmente sem os devidos créditos autorais. Ela, com 19 anos, havia criado uma criatura que transitava entre os debates científicos, a moral cristã e a mitologia grega. Frankenstein, sobrenome de uma família que tivera contato, e Prometeu, o titã que apresentou o fogo roubado para a humanidade fazem parte de uma obra de terror gótico que influencia produções artísticas até os dias atuais. 

A criatura de Shelley é perversa e quase não digna de compaixão. Claro que não podemos ser anacrônicos. A época pedia esse resultado desastroso da ação humana em desejar criar com a capacidade divina. O sopro da vida era dado por Deus e o homem não poderia ultrapassar o seu papel de criatura sem sofrer as terríveis consequências. Mas, quando o assunto é o monstro de Del Toro, já sabemos que não será bem assim. Meu segundo contato com o diretor foi em A Forma da Água (2017). Já havia assistido O Labirinto do Fauno (2006), mas levei mais em conta o contexto do conflito da Guerra Civil Espanhola por estar   História na época. Sou apaixonada pelos monstros de Del Toro. 


Seus monstros são inocentados em suas obras e o diretor consegue demonstrar beleza no caos e na monstruosidade. Seus temas rebatem o autoritarismo e a perversidade humana, apontando que a maldade está em nós. Sempre! Conhecemos Frankestein em diversas versões. Até Maurício de Sousa apresentou a criatura na Turma do Penadinho. Mesmo seguindo características não apresentadas por Shelley, temos no nosso imaginário esse ser alto, verde e de ausência de maldade. Podemos citar o mordomo Tropeço da Família Adams (o tempo vai suavizando a maldade da criatura original. Logo não temos que julgar Del Toro pelo monstro que nos apresentou). 


Victor Frankestein na obra de Del Toro tem uma obsessão em criar um ser a partir do galvinismo. Conflitos familiares o empurram para o espaço acadêmico e sua fixação resulta na criatura gerada a partir de cadáveres da Guerra da Crimeia (1853-1856). A obra de Shelley é de 1818, então já é manifesto o distanciamento das versões da criatura e criador. Del Toro desde criança quis produzir algo sobre Pinóquio e Frankenstein. Cumpriu! Se você pesquisar o processo de pesquisa até a produção, verá o resultado de várias obras que ele cita em entrevistas. Uma criatura a partir dele. Será que Victor é um tipo de alter ego de Guilherme Del Toro? Devaneios meu. 


A criatura é vítima do criador e escravo de uma eternidade envolta de solidão e maldade humana. Os únicos que oferecem afeto é Elizabeth e um ancião cego. Ele deseja uma companheira. Seus atos de maldade são reações e jamais iniciadas por uma maldade que tem gênesis em si mesmo. Ele deseja vingança, já que seu criador não vai anestesiar a dor da sua existência. Ele perdoa, mas primeiramente, conta a sua versão. Nessa apresentação da criatura, como sempre, nas obras de Del Toro, tomamos partido. O monstro é o ser mais benevolente do rolê todo. 

Os figurinos, os atores, a fotografia, ... tudo cooperou para a aceitação da obra de Del Toro. Se a autora aprovaria? Acredito que sim. Fruto da nossa época, lembro da autora Chimamanda N. Adichie em O perigo de uma história única. Precisamos conhecer ambas as versões. A obra original não nos convence da legitimidade da criatura em ser mal. Del Toro com sua poética faz isso sem muito esforço. Indico! 


sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

It: Bem-vindos a Derry (HBO/2025) - Contexto histórico até o episódio 6

 Que é sabido que a HBO lançou recentemente uma série que é o prelúdio de It: a coisa, talvez não seja novidade. Diante de tanto material virtual produzido sobre os filmes e série, vou me deter no fundo histórico, obviamente por ser historiadora. Bom, só acrescentar antes de tudo que toda essa obra cinematográfica é baseada no romance de terror do autor Stephen King lançado em 1986, It (a coisa). 


No livro, os períodos são divididos em dois. O primeiro: 1957-1958 que foi apresentado no primeiro filme It: a coisa (ambientado no final da década de 1980).

 O segundo período na obra literária: 1984-1985 foi apresentado no segundo filme, It: capítulo 2 (ambientado em 2016). 

Já a série It: bem-vindos a Derry, o período vai ser ambientado em 1960, contando a origem da força cósmica que se alimenta de medos, traumas e se apresenta na maioria das vezes como o palhaço Pennywise. Não são as únicas obras produzidas sobre o It, mas cito apenas essas três, pois elas foram produzidas pelo mesmo diretor Andy Muschietti. 


O pano de fundo em Derry é o pós-guerra  conhecido como período da Guerra Fria (1947-1960), temática que explanei na postagem anterior ao comparar com Stranger Things Stranger Things e It: bem-vindos a Derry. A presença das Forças Armadas norte-americana e de uma missão secreta coexistem com a missão de contar a origem da Coisa. Nos diálogos entre os militares há várias citações sobre o conflito entre EUA e URSS. Em um período que o medo poderia ser uma arma poderosa, a Missão militar e secreta Precept busca achar, capturar e aniquilar o inimigo. 

A crítica ao estilo de vida conhecido como American way of life vai sendo percebido quando a violência é aceita passivamente e de forma complacente pela sociedade. Homofobia, racismo e psicofobia são instrumentos utilizados em nome da manutenção de uma aparência idealizada pelo padrão norte-americano. Percebe-se que A Coisa não é o único mal a atuar naquele lugar. O medo não é o único alimento que o fortalece. O mal sistêmico o ampara e o deseja em um projeto de eugenia de tudo que foge do padrão da sociedade de bem. 


No segundo episódio, a recém chegada Charlotte Hanlon (Taylour Paige) e uma moradora local conversam sobre a notícia de um homem negro acusado de matar brutalmente crianças dentro de um cinema. O racismo já é exposto nos primeiros episódios, pois o fato desse acusado ser negro, já demonstra a crítica do parágrafo anterior. Charlotte, esposa de um militar que é parte da missão secreta Precept, vai se envolver nesse caso e demontrar a luta pelos direitos civis dos negros norte-americanos. Aliás, aconselho você focar nessa família (Hanlon). Ela está conectada nessa série e nos dois filmes. 

Rose (Matamaki Kimberly Norris) é uma nativa local e informa para Charlotte que algumas crianças desapareceram durante a Grande Depressão. Esse período de crise econômica que teve início em 1929 com a quebra da Bolsa de Valores NY e entrou a década de 1930 camuflou a verdadeira causa do sumiço das crianças em Derry. Durante o mesmo diálogo, ela cita a invasão dos colonizadores que invadiram terras indígenas com o uso do Destino Manifesto. Essa ideologia (usada até hoje pelos EUA) teve início no século XIX e acreditava ser um direito dado por Deus de expandir o território americano do Atlântico ao Pacífico. Ela dá embasamento para o atual imperialismo norte-americano. 


IT, a Coisa usa do medo e não fica claro como ele conhece os temores mais íntimos do indivíduo. Se ele escuta conversas ou tem poderes de leitura mental (Não lembro da leitura do livro) não fica evidente na série. Que ele influencia comportamentos já é demonstrado nos atos da comunidade, seja a professora, policial ou a passividade coletiva diante da violência contra padrões fora do idealizado. Peguei como exemplo o padre colonizador (medos dos nativos) e o Tio Sam, medo dos soldados que estavam na missão Precept.  a frase "Eu quero você" fazia parte da campanha de recrutamento militar estadunidense na 1ª GM (1914-1918). 



Bom, até a data que escrevo essa postagem se passaram seis espisódios. O último findou com a chegada de um grupo supremacista branco e anti-negros na base onde soldados negros estão dançando e se divertindo. O grupo mais notório da década de 60 foi a Ku Klux Klan e o período foi crucial para o Movimento dos Direitos Civis nos EUA para a população negra. Táticas de terrorismo, violência e intimidação contra indivíduos negros também estão sendo demonstrados na obra literária e cinematográfica, deixando claro que não é um mero entretenimento banal. Afinal, a obra lida com memórias, traumas e ecos doloridos que são superados com a ação coletiva. Stephen King é um autor e tanto. 

Claro que o livro foi escrito em alguns momentos sob efeito de drogas e bebidas e a cena do sexo coletivo que nenhum diretor quis assumir e está presente no  livro deixa qualquer um atordoado. Ele já falou a respeito em 2013:

"O ato sexual conecta a infância com a vida adulta. Os tempos mudaram desde que eu escrevi aquela cena e agora existe uma sensibilidade maior em relação ao assunto. A isso eu somaria que acho incrível que existam tantos comentários a respeito de uma única cena de sexo e se fale tão pouco dos múltiplos assassinatos de crianças na trama". 


Gosto da forma como ele não deixa cair no esquecimento essas feridas abertas da História. Se algo a mais aparecer nos próximos episódios, registrarei em uma próxima postagem parte II. Enquanto isso, vamos acompanhar e ver como vai ser o desfecho dessa primeira temporada (a promessa é de três temporadas). Lembrando que, quando se trata de HBO eu tenho um temor latente desde GOT. Oremos! 


Stranger Things e It: Bem-vindos a Derry

 O que será que Stranger Things e It, Bem-vindos a Derry tem em comum?


Será apenas o terror psicológico e o combate ao mal?

Será a faixa etária dos grupos que se dispõem a enfrentar a malignidade sobrenatural?

Será o bulling que sofrem no ambiente escolar e os conflitos familiares?



Nessa postagem darei mais ênfase a Stranger Things, já que estamos nos despedindo em 2025 com a 5ª temporada. A NETFLIX vai nos torturar no Natal e no Ano-Novo. Obrigada, infeliz! Já se passaram quatro episódios e os demais serão distribuídos nessas datas de festividades. Que nossas famílias compreendam. 

Stranger Things Netflix e It, bem-vindos a Derry HBO (prelúdio de It: a coisa) são obras ambientadas no período da Guerra Fria (1947-1991). Uma era de polarização ideológica entre EUA e URSS,. Período de corrida armamentista e tecnológica. De envio de foguetes ao espaço (pobre Laika), de espionagens, de KGB e CIA. Toda a paranóia possível aconteceu nesse período. As mais loucas teorias conspiratórias povoaram o imaginário do globo terrestre. Os experimentos que existiram eram vistos como teorias e os devaneios coletivos eram tidos como verdade. 

Claro que a Netflix acertou ao conseguir captar três gerações: meus pais (que eram adultos na época), a minha (que era adolescente) e a de vocês (que estão assistindo agora). A música da cantora britânica Kate Bush (Running up that hill - a deal with God) entrou e voltou para as paradas musicais diversas vezes por causa da série. Conhecíamos a cantora apenas pelo seu sucesso Wuthering Heights, canção da obra literária O morro dos ventos uivantes (1847) de Emile Bront (que será obra cinematrográfica em 2026 com a querida Margot Robbie no papel de Catherine Earnshaw).

Os figurinos e a playlist são excepcionais! As referências são ricas e conectam gerações Referências Irmãos Duffer Nostálgicos! Não tem como não gostar da série, por mais que alguns achem que ela é superestimada. Os irmãos Duffer sabem muito bem o que estão fazendo desde o início. Hawkins é uma cidade baseada em projetos como o MKUltra/CIA (1953-1973)  que objetivava o controle mental e manipulação da consciência. Para tal, era usada drogas psicodélicas, choques e torturas psicológicas. Os criadores da série também conheciam projetos como o Watergate e o Montauk Project. O primeiro levou o presidente da época, Richard Nixon, a renunciar. 

Ora pois, quem está acompanhando na HBO a série It, Bem-Vindo a Derry já deve ter percebido que a ambição do exército norte-americano é usar a força maligna de Derry contra o seu inimigo na época, a União Soviética. Olha a idéia! Para nós  parece absurdo, mas acredite, houveram absurdos de ambas as partes. Como historiadora eu posso te afirmar isso. Mas, estamos falando da sétima arte e suas possiblidades, o que vale lembrar que o diretor cinematográfico nem sempre vai seguir a obra literária (já que It: a coisa é baseado na obra de Stephen King/1986). Triste lembrança do fim de GOT (Game of Thrones/HBO).

Enquanto isso, vamos seguir acompanhando ambas as séries. Um dezembro com ficção científica e terror psicológico com muito fundo histórico. Adoro ser geek! 






A Substância - (Filme/2024)

 Dezembro é mês de colocar em dia todos os filmes e séries que não consegui assistir em tempo oportuno por causa da vida acadêmica. Vamos lá! Ah! Antes quero registrar aqui dois temas de redação em 2025

1º PND (Prova Nacional Docente) - O idadismo como desafio social e educacional no Brasil 

2º Enem - Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira 

Será que os elaboradores de ambas as provas (INEP) assistiram esse filme? Estou com os meus devaneios, pois pra mim faz muito sentido (hihi)

A Substância é sobre Elizabeth Sparkle, uma LINDA mulher de 50 anos que fez muito sucesso no passado como atriz e até então fazia vídeos sobre ginástica rítimica. Tudo seguia uma rotina até que seu chefe exigiu que ela fosse substituída por estar ultrapassada no quesito idade. 

a atriz que interpreta a protagonista é Demi Moore e vale citar que ela recebeu esse papel após mostrar um livro escrito por ela para a diretora francesa Coralie Fargeat. Em "Inside Out", Demi relata suas dores durante seu processo de sucesso. Quem lembra de "Stripeatease"? Um estilo de filme que marcou a atriz em um padrão cinematográfico que a afeta até os dias atuais. 

Ao lidar com essa substituição e refletir sobre isso, Elizabeth sofre um acidente e acaba sendo coptada para um experimento de rejuvenecimento. Vou explanar apenas isso para não dar spoiler do filme. A partir de agora serão descritos apenas meus devaneios sobre tudo o que assisti. 

BOM! ENVELHECER É UMA MERDA! Mas não deveria ser. Para nós mulheres, a percepção do filme é bem mais visceral. Atualmente muitas de nós estamos nos submetendo ao uso de Mounjaro, cirurgias estéticas, filtros em redes sociais, dietas restritivas ... para seguir um padrão imposto de beleza que deve ser mantido a qualquer preço. O filme grita o culto à juventude e tudo que somos capazes para nos manter dentro de um sistema que nos adoece. 


O filme tem um estilo de body terror com cenas explícitas e grotescas de nudez, violência e monstruosidades corporais. Já aviso que se tens horror a sangue, não assista. Confesso desde já que o final me decepcionou um pouco, totalmente desnecessário. Mas nada que extraia a reflexão sobre o envelhecimento feminino. É um soco no estômago. 

Envelhecer nos torna invisíveis e deixa claro que é um grito de todas as mulheres pelo direito de EXISTIR. Seja em qualquer idade. Sabemos que não é bem assim. Que o sistema capitalista é cruel e nos molda a sempre estarmos insatisfeitas com o nosso processo de envelhecimento. Sue (o alter ego jovial de Elizabeth) só tem ambição e sabe do poder do seu corpo e beleza. Basta sorrir. 

Elas não se relacionam durante a trama e quando isso acontece, a capacidade de violência entre as gerações ficou visível e lamentável. "O que foi usado em um lado é perdido no outro lado. Não há como reverter". Esse é o aviso da voz que atende Sue ou Elizabeth e sempre deixa claro: não há a outra. Mas elas guerreiam entre si. Toda a capacidade que temos de nos machucarmos para deixar satisfeito um público que quer apenas aparência sem conteúdo. 

O dano emocional causado pela sociedade etarista e misógina é fortalecido cada vez mais nos padrões impostos para todos. Elizabeth fora do jogo não sabe o que fazer com o seu tempo ativa enquanto Sue está no modo off. O que fazer depois da fase "produtiva"? O que somos depois da carreira? Lançamos toda a incerteza na alimentação errônea. Elizabeth ao tentar uma única vez se relacionar com alguém da sua "época" eterniza todas nós diante do espelho com maquiagens, roupas e desistências de sermos o que devemos ser: nós mesmas. 

Sue, cada vez mais necessitada do tempo de Elizabeth, quebra o equilíbrio e isso avança o envelhecimento da outra (a saber, ela mesma). A caricatura da mulher corcunda e bruxa nos tira da invisibilidade, porém nos coloca no imaginário errôneo do lugar que nos cabe após findar a juventude desejada pelo capital. Ressalto que a obra recebeu o Oscar de melhor maquiagem. Merecido. 


Passei o dia refletindo e acreditando que Sue poderia ter feito outro caminho trilhado por Elizabeth. Mas a voz sempre deixava claro "você é a matriz. Não existe a outra". Sue (Margaret Qualley) era o alter ego jovial e seu desejo era apenas eternizar a glória recebida por sua juventude e beleza.  O que mais Elizabeth ganhou além de aplausos de desconhecidos? O que essa sociedade da aparência e do etretenimento pode oferecer? Dinheiro e fama. Para pessoas como Elizabeth é o suficiente. Temos influenciadoras brasileiras que fazem de tudo para manter esse status quo. Por isso que a nova geração (Sue) não tem mecanismos e nem desejo para fazer diferente. É um ciclo repetitivo. 

O direito de existir é a única perspectiva sobre o envelhecimento em qualquer sociedade, eu começaria assim a minha redação (Enem 2025) se tivesse participado. Indico! Com lenços de papel e a coragem de decidir como vamos atravessar esse processo natural da vida. Um ode a mulher em qualquer idade. Que você possa existir para si mesma. 


sexta-feira, 4 de julho de 2025

A cabeça do santo (ainda não é a resenha)


    Cuidando da minha saúde em tempos de secura, decidi dar uma espiada nas promoções da Amazon (Kindle). Me deparei com esse título, A cabeça do santo, e lembrei de uma entrevista da última Bienal/RJ/2025 onde quase ninguém conseguia citar um título de literatura brasileira (sem ser os clássicos). Mas uma jovem citou e deu um relato muito interessante. No dia pensei "esse livro deve ser muito bom para essa leitora dominar assim a sinopse". Pois bem! Quando dei por mim, baixei e em uma única sentada li 58 páginas, a saber, a primeira parte. Quanto tempo isso não me acontecia ...

    Gente, um livro lançado em 2014 e a forma como "aconteceu" é muito interessante. De forma resumida, a autora precisou de uma narrativa para participar de uma oficina do falecido autor colombiano Gabriel García Marquez em 2006. Ela conseguiu participar. Vou escrever tudo direitinho com maiores detalhes na resenha do livro, pois acredite, a história é fértil e muito interessante. Realmente tem uma cidade chamada Caridade no sertão cearense com uma cabeça de santo. 

    Samuel, após perder a sua querida mãe, Mariinha, viaja para Candeias para cumprir o que prometeu a sua genitora no leito de morte. Eis a aventura, ele acaba dentro de uma cabeça de santo e passa a escutar as orações casamenteiras que mulheres da pequena cidade fazem ao santo para casar. Eu fui sequestrada pela escrita da autora e fui conhecer um pouco mais sobre ela. O livro vai virar filme e já foi traduzido e lançado em outros países. Que demais! Indico e sigo lendo. Logo uma resenha por aqui. 
 

Breve relato do 1º Encontro Literário da Sally

       Não dei muita atenção ao meu encontro literário (25/06), pensei que passaria despercebido e aquele sentimento de "deixa pra lá" e "não tem importância". Mas no fundo do meu ser que amo leitura, tinha. 

    Organizando a minha participação em um festival nipônico aqui na city, segui ocupada, pois é uma forma segura de desviar dos nossos desejos e sonhos. Álias, procrastinar fazendo mil coisas é uma forma segura de acreditar que "não procrastinamos". Assim segui desde o dia que lancei a data do meu 1º encontro literário aqui no blog e mandei convites para muitas pessoas. Não botei muita fé! Porém, a mensagem do whatzapp chegou dois dias antes da data marcada. Daisy, uma grande amiga, havia anotado na agenda e, sua mãe, também uma grande amiga, participaria. Incrível como no impulso da urgência eu não fico no limbo da dúvida. Decidi de forma rápida: farei! 

    Mas deixa eu explicar essa decisão impulsiva que foi mais rápida que a indecisão desde o dia que lancei a data: eu faria o meu primeiro encontro com pessoas confiáveis, amáveis e que não pesava em mim a dúvida do amor que sentem por mim. Nunca gostei de multidão, mas estar entre pessoas que fingem apreço a mim, me deixa muito mal. Convidei de última hora uma amiga leitora que aceitou sem pensar duas vezes. Confesso que li apenas os dois primeiros capítulos, pois no processo de autossabotagem, não ler seria um mecanismo útil de fuga. Mas durante o encontro, explanei sobre o tema, sobre mim e foi uma catarse tão fluída, que eu gostaria que tivesse sido filmado (ou não). 

    Adoeci após o encontro nipônico (meu estado de saúde atual). Eu tão ativa e elétrica me vi obrigada pelo meu corpo a parar e repousar. Passados os dias de dores, sentei e li mais dois capítulos do livro tema do encontro literário - Medo de dar certo: como o receio de não conseguir sustentar uma posição de sucesso pode paralisar você (Natália Sousa). Me conectar novamente custou um pouco. Gosto muito do podcast e até a escuta me deixou irritada por esses dias. Tipo: "agora eu tenho tempo, estou em casa, férias merecidas da faculdade, quase recesso da vida de professora"... mas a identidade de ser tudo tão difícil faz parte do medo de dar certo. 

    Bom, finalizando, li o capítulo 4 - Medo de dar certo devido à ansiedade que o sucesso causa. Anotei com carinho para o próximo encontro (sim! teremos!) 30/07 situações que a autora explana e que me fez refletir muito. Só queria deixar aqui registrado uma situação que ela, Natália, leu um poema de autoria própria e ninguém deu atenção. Ela se sentiu péssima. Então ela foi em um retiro e para não jogar fora as cópias do seu poema, deixou na pousada. Foi lido por todos daquele lugar. Inclusive virou canção na voz de Marisol Mwaba e tive o prazer de assistir e ler. Ainda bem que ela não jogou fora. 


Tu inteira nunca é só
Fincar as raízes no peito, como fazem as árvores na terra. Saber-se tronco, sombra e balanço para as tuas faltas e sumo que cicatriza nas tuas dores. Reconhecer-se parte importante de tudo que existe e descansar na certeza de que tu inteira nunca é só.
Tu inteira nunca é só.
Ser do tamanho que se é sempre, mesmo que o olho nu não a alcance. Ser nu nos amores, nas certezas e nas defesas. Ser enorme em tudo que te habita e viver todas as coisas com a urgência de uma vida que é uma e é só.
Tu inteira nunca é só.
Ser terra, plantio e colheita da tua própria primavera. Ser grande. Ser imensa. Ser tudo que pode e a todo tempo ser descanso e balanço para tua criança e ser amiga dela.
Ser você e com você, ser tudo.
Ser mulher.
Tu inteira, lembre bem: nunca é só!

domingo, 11 de maio de 2025

Cinebiografia "O Número 24" (Netflix)

Imagem Netflix 

     Para quem gosta de filmes históricos, indico o filme "O Número 24" disponível na plataforma Netflix desde janeiro de 2025 (1h51min). Gunnar Sonsteby (1918-2012) era um contador de 22 anos que fez forte oposição à ocupação nazista durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) na Noruega. O filme vai se dividir entre o Gunnar idoso e condecorado como herói em uma palestra para estudantes em Rjukan e o Gunnar jovem (parte das lembranças durante a palestra) jovem e combatendo na resistência contra as ações da Alemanha.

    No entendimento da Política de Neutralidade, um país soberano neutro não poderia ser invadido pelos países envolvidos. A Noruega (desde a sua independência em 1905) era um país neutro na Segunda Guerra Mundial e mesmo assim foi invadido pela Alemanha em abril e junho de 1940. Os interesses para o Terceiro Reich era o transporte dos minérios de ferro exportados pela Suécia e Hitler também queria o controle marítimo contra os Aliados. É possível perceber a importância marítima devido a sua localização geogrâfica (mapa), principalmente durante os invernos rigorosos sem possiblidade de recebimento de miníerios pelas ferrovias. 

Imagem site Toda a Matéria 


     É nesse contexto que Gunnar Sonsteby passou a agir e atuar com o condinome "Kjakan" (O Queixo) e Agente 24. Como o mestre do disfarce, ele atuou com mais de trinta identidades, falsificações de assinaturas, sabotagens, fugas e outros atos contra o avanço e permanência dos soldados alemães. Para se ter uma ideia, ele se tornou um dos homens mais procurados pela Gestapo e sua identidade só foi descoberta no final do conflito. Ele afirmava que a dificuldade de ser descoberto pelos alemães se dava por sua fisionomia comum. 

    No final do filme, temos uma pergunta feita por uma aluna na palestra sobre um parente que foi morto pela grupo que Gunnar fazia parte. Fica uma dúvida moral sobre qual a ética diante desse paradoxo militar. Durante a passagem de cenas do Gunnar jovem, percebemos um jovem decidido e até rígido com os amigos, talvez seja uma justificativa que responda a pergunta. Não vou aqui citar a resposta fornecida por ele, mas você vai perceber uma certa postura de que o personagem fez o que achou certo naquele momento e isso não é heroísmo é parte da resistência. Após a invasão alemã, a Noruega optou por aderir a OTAN em 1949. Gunnar faleceu em 2012 aos 94 anos e recebeu um funeral de Estado. 




sábado, 10 de maio de 2025

1º ENCONTRO LITERÁRIO "MESA AO LADO - DEVANEIOS LITERÁRIOS COLETIVOS"

 

    Que eu tenho TDAH muitos aqui já sabem. Como faço pra lidar com isso, nem sempre escrevo nos meus textos. Pois bem! O que faço como parte da Terapia Cognitiva Comportamental além da medicação? Sudoku (amo!), buraco/baralho (jogo com meu esposo), jogo dos sete erros, agenda virtual e a novidade de 2025 que é ouvir podcast para sustentação de foco. Só um pequeno detalhe, eu odeio podcast (Spotify) e palestras/vídeos (Youtube). Mas quem se ajuda fazendo apenas o que gosta? Amadurecer é ter consciência disso.

    Pois bem de novo: não lembro como acessei o podcast "Para dar nome às coisas" no Spotify da jornalista, escritora e palestrante Natália Sousa. Não lembro se foi a voz macia, os temas, a praticidade sem rodeios para abordar o assunto (mesmo com propagandas) ou a duração (possível de sustentar o foco sem sofrimento). EU ME TORNEI VISITA NA MESA AO LADO (ainda não me sinto parte da sua mesa). Deixa eu explicar, ela começa seu podcast citando o número do episódio e que começou em uma mesa de bar. Decidi colocar o nome do meu grupo de leitura "MESA AO LADO" e me explico no decorrer desse postagem. Para mim faz bastante sentido. 

    Me conectei com a vida de Natália como se ela por algum motivo tivesse sido parte de alguma matriz que eu também fizesse parte. Temos pequenas diferenças de profissão, localização, prioridades mas na essência me perguntei se não seríamos irmãs. Bom, nessa sociedade e com alguns itens que não tenho intenção de abordar aqui, até responderia que somos feitas da mesma receita social/estrutural. Senti e sigo sentindo Natália como uma possibilidade de coisas que eu não conto a ninguém e ela disserta com uma leveza apresentando as suas dificuldades. O seu discurso não é de meritocracia e sim de humanidade. 

    Eu cheguei a ouvir o episódio que ela falou do lançamento do seu livro. Até fiquei sabendo de um livro anterior e que está esgotado e sei que me autosabotei a ponto de não comprar o livro na época que ouvi o podcast. Citei o livro mês passado para uma amiga que me contou hoje que, quando eu sugeri, comprou no dia seguinte. MANO! Falei com tanto entusiasmo e nem ao menos comprei (sim, eu me autosabotei, ainda faço isso). Pois bem! Ontem escutei o episódio S07EP268 do dia 12 de março (eu não sigo uma sequência) e após isso que decidi comprar mesmo com condições financeiras desfavoráveis (mentira da autossabotagem, já fiz loucura por livros). Comprei a versão Kindle que não sou muito fã pela dificuldade de fazer histórico na estante SKOOB. 

    Bom, esse é o relato da escolha do livro para o meu primeiro encontro de devaneios literários em grupo. Devaneios porque pode fazer sentido ou não. Vai saber! Talvez após lê-la, eu me sinta mais parte da mesa de bar da Natália. Mas, por ora, eu quero ficar na mesa ao lado escutando a conversa, tomando uma água com gás e limão, esperando que ela me note (carência literária). Talvez pela lindeza da autora, isso não faz sentido, mas faz parte das curas que ainda preciso e quem me conectam ao tema. Por isso essa conexão maravilhosa. 

    Nosso encontro será no dia 25 de junho 20h-22h (Brasília) via meet ou zoom, ainda vou decidir. A intenção é que seja sempre na terceira quarta-feira do mês, mas sigo já colocando excecão no primeiro encontro, pois a regra é que não seja imutável ou engessado. Não é obrigatória a leitura para a participação, nem sempre conseguimos comprar e/ou os tempos são de acelerada exaustão produtiva. Mas deixo aqui com todo o carinho e sinceridade do mundo esse convite do grupo MESA AO LADO - DEVANEIOS LITERÁRIOS COLETIVOS. 

 O grupo não tem o propósito intelectual modelo regra ABNT e nem de substituição de terapia. Jamais! A regra será o respeito da opinião alheia, desde que não seja apologias surreais de preconceito ao próximo. Não será gravado e no final do encontro haverá a sugestão do próximo livro. Eu sou leitora desde o século passado (hihihi), mas eu não sou curadora, mediadora, especialista. Mas segui essa vybe aqui já da leitura que comecei hoje:

A vida se reorganiza no movimento

    Caso deseje participar e não me conhece, tem uma caixa de mensagem no final da página (versão PC) que você pode entrar em contato comigo (sallyinacio@yahoo.com.br). Me envie seu nome, whatzapp com DDD e email. Vou te relembrar perto da data no formato que for melhor pra você (por exemplo, odeio whatzapp e ainda amoooo email). Não tenho intenção de vender nada, não sou patrocinada por ninguém e minha intenção é apenas troca de devaneios literários.  Você vem? Você segura na minha mão nesse primeiro passo? 

Link Livro Medo de Dar Certo

Quer apoiar a autora?

Instragram Para dar nome às coisas

terça-feira, 6 de maio de 2025

Dia da Matemática e a cura pela Literatura

 


    Hoje, 06 de maio, é o Dia Nacional da Matemática. Quem sempre teve/tem dificuldade na senhora dona Matemática coloca o dedo aqui! Eu, sempre eu! Lembro até hoje da professora de matemática Filomena da E.Classe 410 Norte do Ensino Fundamental (antigo 1º grau).  Ela foi uma excelente professora mas na época não tínhamos adaptações para TDAH e o meu laudo veio bem tardio. 

    Sobre a tabuada, aprendi de uma forma bem dolorida e eu não aconselho como prática pedagógica. Caso eu acertasse a tabuada toda eu ganhava um melzinho e caso eu errasse apenas uma, levava palmatória. Essa conta não fecha até hoje. Também aprendi com o apoio de pauzinhos (subtração) e contar nos dedos (adição). No meu tempo de ginásio,  o racíocionio lógico não foi muito valorizado e isso me prejudica até hoje. Aproveitei a data para um desabafo... mas você vai perceber que tem relação. Confia! Leia até o final, por favor. 




    Eu sempre tive interesse nas bibliotecas que frequentei na idade escolar ou até adulta no livro O homem que calculava de Malba Tahan pela capa e título. Achava que Malba era do sexo feminino e o conteúdo pela capa seria algo tipo "As mil e uma noites". Mas a palavra "calculava" mexia um pouco com os traumas da matemática. Em 2011 decidi ler sem muitas expectativas. Gente! Fiz as pazes com a MATEMÁTICA! Outra surpresa: a autoria do livro é masculina e de nacionalidade brasileira. Fiquei chocada e lembro com muito carinho dessas surpresas literárias. 



    Malba Tahan é o pseudônimo de Júlio César de Mello e Souza, um professor e engenheiro carioca conhecido por sua paixão pela matemática e sua capacidade de torná-la acessível a todos. Ele conseguiu no livro conciliar a narrativa com problemas matemáticos, apresentando a história de Beremiz Samir, um viajante persa com grande talento para cálculos. O livro explora a matemática de forma lúdica e acessível. Lembro que passei a ler e a querer resolver os problemas. Resumindo: me sentia estimulada a resolver por causa do personagem. Você acaba tendo contato com vários conceitos matemáticos, como proporções, equações, geometria, probabilidade, entre outros. Me tornei expert em matemática? Não. Mas foi uma reaproximação prazerosa e me mostrou uma outra forma de enxergar os números e cálculos. 



    Sobre a data comemorativa que passou a existir após a promulgação da Lei 12835/2013 sob o governo de Dilma Roussef: 

Art. 1º Fica instituído o Dia Nacional da Matemática, a ser comemorado anualmente em todo o território nacional no dia 6 de maio, data de nascimento do matemático, educador e escritor MALBA TAHAN. Art. 2º O Poder Executivo incentivará a promoção de atividades educativas e culturais alusivas à referida data.


Deixo então essa sugestão de leitura e Feliz Dia da Matemática! 

quinta-feira, 1 de maio de 2025

Sobre o 1º de maio - Dia do trabalhador

 


Quero ser sucinta e deixar aqui a sugestão do registro do fotógrafo Sebastião Salgado. Que eu acho phodhástico. 

Só pra resumir, o 1º de maio era um dia de fechamento de ano contábil em algumas fábricas, onde trabalhadores tinham seus contratos encerrados e/ou renovados em Chicago. Começaram uma campanha a partir da data e de uma greve, que foi seguida por muitas outras cidades (3/05/1886). Os trabalhadores começaram a pedir redução de jornada de trabalho (era de 17h). Polícia neles, como sempre. Mortes, inclusive. Não vou escrever sobre movimentos operários, Intentonas Socialistas, Anarquismo, Greves Gerais e etc.

 A data não surge com Vargas, mas o trabalhismo. Essa coisa florida de desfiles, "parabéns" e tudo aquilo que tira o foco da luta por melhorias e garantias dos direitos dos trabalhadores. Reconhecimento sim, esquecimento, jamais. 

O fotógrafo Sebastião Salgado registrou 132 imagens de trabalhadores braçais no período entre 1986 e 1992 em 25 países (Trabalhadores, uma Arqueologia da Época Industrial). Se para nós ainda há muito o que lutar, imagine para a galera registrada nas fotos.

https://www.culturagenial.com/fotos-sebastiao-salgado/


Dia da Literatura Brasileira


 1° de maio — Dia da Literatura Brasileira foi o dia escolhido para celebrar a literatura nacional porque, nessa data, comemora-se também o aniversário do escritor José de Alencar. É dia, portanto, de enaltecer a obra desse autor, e também de empreender ações que possam incentivar a leitura de obras nacionais, pois o Brasil possui grandes títulos e autores, como Senhora, de José de Alencar; Dom casmurro, de Machado de Assis; Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus; A hora da estrela, de Clarice Lispector; entre tantos outros.

segunda-feira, 21 de abril de 2025

Muito Louca - Netflix

 


    Bom, eu busquei filmes de 90 minutos (tenho TDAH e filmes longos são torturantes pra mim) e na verdade a duração de Muito Louca é de 1h34. Tudo bem! Eu e meu esposo ficamos vidrados em Natalia Oreiro, atriz e cantora uruguaia, que fez o papel de Pilar. People, é comédia. Ponto! Mas eu penso como Freud "Brincando a gente pode falar tudo,inclusive a verdade".


    Pilar é uma profissional que está na transição do pai para o filho em uma empresa de publicidade e agora é chefiada por um jovem que anseia por inserir as novidades virtuais em campanhas tradicionais. Percebemos a presença de uma influencer (que descobrimos que só participa da tal campanha publicitária por causa de Pilar, uma mulher quase quarentona). Toda essa tecnologia deixa Pilar deslocada e insegura. Quem nunca? (Nós geração 50/60/70). 

    Enquanto isso, vive amizades que não desconectam do aparelho telefônico, de um enteado que não a respeita e de um marido que não a auxilia nas tarefas domésticas. Quem nunca? Porém, um amigo de anos vai se casar com uma moça da geração atual, e juro, sem dá spoiler, achei Pilar, deveras corajosa. Mas o que quero apontar mesmo é a figura do psiquiatra/psicólogo. Por mais que seja uma produção argentina, percebemos uma mulher medicamentada que aceita tudo e em nada é auxiliada pelo profissional. Quem nunca em várias nacionalidades?

    Um rito, que no decorrer do filme, coloca Pilar no centro da ação, demonstra que o poder de limite e ação sempre esteve nela e com ela. O filme é interessante por abordar conflito de gerações, tecnologia, decisões, saúde mental e limites. Não é o final que eu esperava (geração passada), mas muito válido. 

Era uma vez um sonho - filme Netflix

    Juro por todas as musas gregas que eu não conhecia esse filme de 2020 e que acabei escolhendo por acaso. Assino a plataforma de streaming Netflix por ter em seu catálogo a maioria das animações japonesas do Estúdio Ghibli. Por que não usufruir? Meu esposo ama filmes (eu, não muito) e nesse dia decidimos algo bem café com leite. Bom, não foi. Um tema bem punk! 

    Gente, eu amo Glenn Close desde Atração Fatal (1987) e saiba, ela simplesmente é o foco do filme Era uma vez um sonho. Eu sempre gosto de pesquisar críticas do que assisto: antes, durante e depois. Meu esposo vive me criticando por isso. Enfim, essa sou eu. Em uma dessas pesquisas descobri que o filme é baseado na biografia/livro (1ª imagem) do vice do atual presidente norte-americano Donald Trump, J. D. Vance. Eita!


    O que mais me deixou alegre diante de um enredo familiar super complicado por causa do uso de drogas da mãe de J.D. Vance é que ela está limpa há algum tempo. Depois de Eu, Cristiane F, 13 anos, drogada e prostituída  ou Só por hoje e sempre (biografia Renato Russo) e a atualidade desses personagens (o que me deixa triste), claro que saber que que B. Vance (mãe) continua na luta me dá esperança. O filme não ultrapassa a fase do vício. 


     Voltemos a Glenn Close, que atuação! Gente, o que seria de J. D. Vance sem a ação dessa avó? Quanto de culpa ela leva na criação de B. Vance? Não sei. A decisão foi dele e com muita dificuldade está lá, sendo visto. Sabemos que o enredo poderia ter sido diferente, como de muitos que seguem nesse contexto familiar de dependência química. Antes de finalizar, olha essa foto e a semelhança entre a personagem real e a Glenn que faz o papel da avó. 


INDICO!

domingo, 20 de abril de 2025

TEA - Um guia resumido

 


    O livro também foi comprado pelo mesmo motivo citado na postagem anterior e também é um copilado de capítulos escritos por vários especialista na área da Educação. O capítulo I aborda sobre a importância do mapeamento genético para identificar mutações específicas que estão associadas ao TEA. O capítulo foi escrito por Amanda Leal, especialista em área inclusiva, Terapia Cognitiva Comportamental, desenvolvimento infantil e Terapia ABA. 

    Para mim, que já li muito sobre TDAH e quase nada sobre TEA, o livro me trouxe mais informações novas sobre o tema. O capítulo sobre Mães de Autista Severo (TDI): dores ocultas escrito por Maria Gorete, psicóloga clínica e especialista em TCC, ABA e Autismo descreve sobre o papel das mães e como necessitam de suporte. Fiquei um pouco em dúvida porque a autora coloca a sigla TDI no título e tive que reler algumas vezes para entender a conciliação entre  autismo severo e Transtorno Desintegrativo da Infância (TDI). Bom, não vou explanar o que entendi com receio de explicar errado, mas vou pesquisar mais. No final do capítulo tem endereços de Ong´s de apoio para famílias com autistas. 

    Novamente o capítulo que mais gostei foi da profissional Ana Cordeiro (que citei na postagem anterior) Fundamentos Filosóficos da Análise do Comportamento. No capítulo temos os princípios básicos da análise comportamental aplicada (ABA) que não é um método de trabalho e sim uma ciência muito interessante. Tudo é comportamento e comportamento é tudo o que fazemos. Bom, eu indico muito esse capítulo ou um aprofundamento no tema. Achei sensacional!

    A doutoranda em Educação Deise Saraiva escreve sobre Caminhos para inclusão na Igreja Cristã, tema que eu achei muito pertinente. Ela explana a técnica C.E.A.M e demonstra procedimentos possíveis para auxiliar o membro autista na programação religiosa. Nesse capítulo que conheci o termo Teoria da Mente, ausente em pessoas com autismo. 

    O livro é um bom pontapé para o aprofundamento do tema tão urgente na área educacional. Não é um guia completo, mas em nada diminui a possibilidade em acrescentar na nossa área educacional. Também da Editora APMC. 

TDAH - Um guia resumido


    Comprei o livro após uma excelente capacitação profissional com a neuropsicopedagoga Vanísia Rocha. Deixo o site dela aqui como indicação Vanísia Rocha. A profissional escreve apenas em um capítulo, pois o guia possui capítulos escritos por vários autores. São capítulos curtos que não se aprofundam na temática e possuem referências bibliográficas. Fiz várias pesquisas após a leitura. 

    O capítulo que mais gostei foi Impactos Gerais do TDAH na fase adulta escrito pela pedagoga Ana Cordeiro, inclusive coordenadora editorial desse livro. O capítulo Contextualização e orientações básicas acerca do TDAH em crianças também é escrito por ela, que informa sobre os tipos de transtorno e dá algumas dicas de adaptações para evitar comportamentos indesejados. 

    Achei muito necessário o capítulo Transtorno de Humor ou Déficit de Atenção e Hiperatividade? escrito por Gilmara Sousa. Ela usa o exemplo de um diagnóstico em uma criança que passava por uma situação específica e que acabou refletindo em seu desenvolvimento escolar. Antes de qualquer diagnóstico fechado, foi realizado uma pesquisa desde a gestação até o contexto familiar. Rastreamento neuropsicológico e social, muito necessário diante dessa onda de diagnósticos e medicação na infância. 

Outro tema muito importante é  O TDAH e a importância do Plano Educacional Individualizado. Ainda que exigido, muitas escolas não construem o PEI e não adequam o ensino para alunos laudados. O capítulo foi escrito por Thamiris Batista, mestra em Educação, pedagoga, Psicopedagoga e Especialista em Neuropsicopedagogia, Educação Especial e Análise do Comportamento Aplicada. 

    Não que os outros capítulos não sejam importantes, mas registrei aqui apenas aqueles que eu gostei. Uma leitura possível nos dias corridos, mas repito que resumido, por se tratar de capítulos de autores diferentes. A Editora é a APMC e achei pouco material sobre livros, autores e editora. Tanto que a imagem é do livro que adquiri. Indico a leitura.