sexta-feira, 4 de julho de 2025

Breve relato do 1º Encontro Literário da Sally

       Não dei muita atenção ao meu encontro literário (25/06), pensei que passaria despercebido e aquele sentimento de "deixa pra lá" e "não tem importância". Mas no fundo do meu ser que amo leitura, tinha. 

    Organizando a minha participação em um festival nipônico aqui na city, segui ocupada, pois é uma forma segura de desviar dos nossos desejos e sonhos. Álias, procrastinar fazendo mil coisas é uma forma segura de acreditar que "não procrastinamos". Assim segui desde o dia que lancei a data do meu 1º encontro literário aqui no blog e mandei convites para muitas pessoas. Não botei muita fé! Porém, a mensagem do whatzapp chegou dois dias antes da data marcada. Daisy, uma grande amiga, havia anotado na agenda e, sua mãe, também uma grande amiga, participaria. Incrível como no impulso da urgência eu não fico no limbo da dúvida. Decidi de forma rápida: farei! 

    Mas deixa eu explicar essa decisão impulsiva que foi mais rápida que a indecisão desde o dia que lancei a data: eu faria o meu primeiro encontro com pessoas confiáveis, amáveis e que não pesava em mim a dúvida do amor que sentem por mim. Nunca gostei de multidão, mas estar entre pessoas que fingem apreço a mim, me deixa muito mal. Convidei de última hora uma amiga leitora que aceitou sem pensar duas vezes. Confesso que li apenas os dois primeiros capítulos, pois no processo de autossabotagem, não ler seria um mecanismo útil de fuga. Mas durante o encontro, explanei sobre o tema, sobre mim e foi uma catarse tão fluída, que eu gostaria que tivesse sido filmado (ou não). 

    Adoeci após o encontro nipônico (meu estado de saúde atual). Eu tão ativa e elétrica me vi obrigada pelo meu corpo a parar e repousar. Passados os dias de dores, sentei e li mais dois capítulos do livro tema do encontro literário - Medo de dar certo: como o receio de não conseguir sustentar uma posição de sucesso pode paralisar você (Natália Sousa). Me conectar novamente custou um pouco. Gosto muito do podcast e até a escuta me deixou irritada por esses dias. Tipo: "agora eu tenho tempo, estou em casa, férias merecidas da faculdade, quase recesso da vida de professora"... mas a identidade de ser tudo tão difícil faz parte do medo de dar certo. 

    Bom, finalizando, li o capítulo 4 - Medo de dar certo devido à ansiedade que o sucesso causa. Anotei com carinho para o próximo encontro (sim! teremos!) 30/07 situações que a autora explana e que me fez refletir muito. Só queria deixar aqui registrado uma situação que ela, Natália, leu um poema de autoria própria e ninguém deu atenção. Ela se sentiu péssima. Então ela foi em um retiro e para não jogar fora as cópias do seu poema, deixou na pousada. Foi lido por todos daquele lugar. Inclusive virou canção na voz de Marisol Mwaba e tive o prazer de assistir e ler. Ainda bem que ela não jogou fora. 


Tu inteira nunca é só
Fincar as raízes no peito, como fazem as árvores na terra. Saber-se tronco, sombra e balanço para as tuas faltas e sumo que cicatriza nas tuas dores. Reconhecer-se parte importante de tudo que existe e descansar na certeza de que tu inteira nunca é só.
Tu inteira nunca é só.
Ser do tamanho que se é sempre, mesmo que o olho nu não a alcance. Ser nu nos amores, nas certezas e nas defesas. Ser enorme em tudo que te habita e viver todas as coisas com a urgência de uma vida que é uma e é só.
Tu inteira nunca é só.
Ser terra, plantio e colheita da tua própria primavera. Ser grande. Ser imensa. Ser tudo que pode e a todo tempo ser descanso e balanço para tua criança e ser amiga dela.
Ser você e com você, ser tudo.
Ser mulher.
Tu inteira, lembre bem: nunca é só!