Remexendo nos meus escritos achei por acaso um esboço de um livro que estava sendo escrito por mim, de várias crônicas sobre o fim de uma paixão. Achei interessante meu ponto de vista na época. O título seria "Memórias Póstumas de uma Paixão". Então, segue o texto I, levando em conta minha péssima coesão textual.
Texto
I – O luto da paixão
A paixão parece ser uma
trajetória bem linear, com começo, meio e fim, pelo simples e único fato de ser
uma paixão. Não que ela seja ruim, mas não é sua característica a permanência.
Mesmo não tendo regras de quando, como e quem, vários motivos rompem a
transição, a metamorfose, a saída do casulo para o vôo de se transformar em
amor.
Os motivos desse
rompimento podem ser vários: insegurança, trauma, falta de reciprocidade,
traição, ilusão, medo ou falta de interesse e honestidade de uma das partes. Só
se percebe a existência desses motivos depois de várias pérolas produzidas pela
dor. Por incrível que pareça, essa dor não impede a repetição desse processo
linear do luto da paixão, e acabam sendo contínuos e permanentes. Um vício
subconsciente.
Alguns buscam ajuda
profissional, uns não conseguem perceber e vão vivendo até que bem, esse processo
linear sem maiores problemas. Já outros desistem de tentar e preferem a solidão
ou apenas culpam os outros e vai saber. Cada caso é um caso. Mas, é inevitável
que aconteça, ela morre ...
Seja como for, no velório
dessa paixão, alguém chora o luto sozinho. Alguém se torna o responsável pelo
homicídio involuntário de um sentimento que ainda está bem vivo e latente
dentro de si. Alguém tem que reagir. Alguém tem que perdoar. Alguém tem que
odiar. Ah... Esse alguém...
E nesse processo,
registramos as memórias póstumas do que restou e vai saber o que fazemos com
elas. Não sabemos o que vem depois do luto ... Mas para alguns, a paixão chega
e o enlutado, com um panteão de pérolas, com o troféu da sobrevivência vai ou
não se entregar. Resta saber se dessas memórias póstumas agora anestesiadas e
esquecidas, esse ser, vai fazer ou não desse luto um manual de instrução.
Sally Barroso
Início: 14/01/2011 Brasília/DF