sábado, 28 de março de 2020

Nós - Ievguêni Zamiátin


"Nós" foi escrito na década de 1920 apenas quatro anos após a Revolução Russa. Seu gênero literário é a distopia, onde a relação de poder é de cima para baixo. Onde há a manipulação, alienação e censura pelos órgãos do Estado. Qualquer discordância desse governo totalitário é destruída pela morte ou tortura. 

Nós é a crítica ao Estado Único (Benfeitor/Stalin) e a coletivização da sociedade (URSS). O protagonista, D-503, é um matemático que já havia absorvido as regras e vivia para servir e construir a Integral. Nessa sociedade, as pessoas são números e não há indivíduos, há apenas o NÓS:

"compreendiam isso e entendiam que a resignação é uma virtude, enquanto o orgulho é um vício, e que "Nós" provém de Deus, enquanto "Eu" provém do diabo". 

Há a padronização de horários (lazer, trabalho, dormir, comer e fazer sexo) e de uniformes. Tudo é mecanizado e lógico. Até que aparece I-330, personagem que burla as regras e faz D-503 ficar confuso em relação ao status-quo. Confesso que não esperava pelo final apresentado mediante tamanha batalha pessoal do personagem, mas fez todo sentido. Indico.