terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Biografia de Charles Bukowski - Howard Sounes


O autor (Howard Sounes) teve como base para elaboração da biografia do poeta Charles Bukowski, entrevistas de amigos próximos, amantes, parceiros de copo, colegas de trabalho, escritores, editores e membros da família. Também contou com cartas do poeta, ainda inéditas, e entrevistas filmadas e impressas. Óbvio, seus mais de quarenta e cinco livros de poesias e prosas, sem mencionar as centenas de revistas onde seu trabalho apareceu. Eis a biografia do escritor profano, vadio e bêbado. Quando sóbrio, calmo, educado e respeitoso. Porém, quando bêbado, transformava-se em "Bukowski, o Maldito": malicioso, polêmico e até mesmo violento. Tímido, afirmava que a bebida não era uma muleta, e sim uma necessidade.
O livro relata nas primeiras páginas eventos importantes na vida do poeta, como por exemplo: o casamento dos pais na Alemanha; a ida para América em 1923 pelo colapso da economia alemã; as várias surras que levou do pai, também por causa da dislexia  (odiou seu pai sempre); as piadas por causa da sua aparência dos amigos da escola  (teve tanta acne, que chegou a ficar um semestre sem aula para tratar). Ao ser expulso de casa, fez várias viagens e teve moradas em locais inóspitos (casos que ele escreveu em seus poemas). 
Dissecando um pouco do poeta e da biografia:
Charles  fez a escolha pela poesia, pois para ele "é a maneira mais curta, bonita e explosiva" de dizer o que queria. O relacionamento (primeiro) com Jane Cooney Baker (personagens: Betty, Laura e Wanda no filme Barfly). Esse relacionamento desastroso e movido a muito álcool levou Charles a hostilizar suas amantes várias vezes (fora a noção de feiura que perseguia desde a infância). Jane que apresentou o outro vício que ele levaria por toda a vida, corrida de cavalos.
Casamento com Barbara Frye (a personagem Joyce, de Cartas na Rua), que o persuadiu a se matricular em um curso de Artes. Ele não ficou. Ela não conseguia entender como um homem que havia sido publicado em uma revista com Jean-Paul Sartre podia vadiar pela casa bebendo cerveja e lendo folhetos de corridas. Ele voltou a trabalhar no correio como trainee de encarregado de distribuição. Após o aborto, sua esposa arrumou um amante e deu entrada no divórcio, acusando de crueldade mental. A morte da mãe de câncer e anos depois do pai, de ataque cardíaco. Primeiro livro publicado em 1960.
FrancyEye engravida de Bukowski e ela nega o pedido inesperado de casamento da parte dele. Moraram juntos, mas incompatíveis desde o início. Nascimento de Marina e logo a separação. Bukowski sempre ajudaria sua ex e única filha. Publicação do segundo livro.  Ironia (umas das...) da carreira de Bukowski é que seu sucesso final deveu-se, em grande parte, ao trabalho árduo de um cientista cristão que não bebia nada além de chá gelado (seu empresário). Bukowski começar a alcançar o estilo perseguido desdes os vinte anos, inspirado pelo estilo de prosa direta de John Fante e pela poesia de Pablo Neruda. Com o nascimento da coluna semanal no jornal O Open City de John Bryan nascia também o personagem "O velho safado".
Havia uma diferença entre o Bukowski das cartas e o de carne e osso. Blazek afirmava que, nas cartas, Bukowski se permitia ficar vulnerável porque estava distante e seguro. Seu antagonismo e agressividade afloravam quando ficava frente a frente com as pessoas. Os pequenos livros de Black Sparrow Press e a coluna no Open City o transforam em uma celebridade local, e algumas pessoas no correio ressentiram-se disso. A administração chegou a mandar investigar sua vida, até que chegaram a conclusão que ele não era um comunista. Bukowski arrisca-se ao sair do emprego para se lançar à literatura.
Depois de Jane Baker, o grande amor da vida do poeta foi a escultora Linda King, que ele conheceu em 1970. Era morena e tinha 30 anos e logo após o seu casamento teve um sério colapso mental. O romance dela com Bukowski se deu por causa da escultura da cabeça dele, pois ela não tinha interesse nele, a princípio. Fez com que ele parasse de beber, mando-o parar de tomar Valium e o fez entrar em uma dieta e praticar exercícios. Ela ficou desconcertada com a intensidade dos sentimentos dele... e ciúmes. De tal maneira que chegou a golpeá-la, a ponto de quebrar o seu nariz. O relacionamento acabou em 1972, depois de idas e vindas.
Bukowski ficando famoso: seus livros vendiam bem, sua personalidade chamava a atenção e sua obra também. Vale ressaltar que Bukowski usava uma linguagem baixa para se referir a mulheres e relação sexual. Já no seu romance Factotum, não há 'putas'. São todas mulheres com quem ele tenta se relacionar. Ele as admira de longe e acha que não está à altura delas. Em suas obras, o poeta descrevia os seus passos, amores e desamores. A biografia relata seu sucesso na Europa, as filmagens sobre sua vida (em vida deu vários palpites). Finaliza, obviamente, com sua luta contra um câncer e várias fotos. Para os apaixonados, muito indicado.